DE AMOR E DE ÓDIO
Do que amo o que mais quero, do que quero o que mais sei, do que sei o que mais desconheço, do que desconheço o que menos mereço, do que mereço o que não agradeço, do que agrado somente o começo. Começo sempre no meio, como primeiro o recheio, somo só o lucro, tomo somente o suco, saco o lance, engulo seco, encho o saco, mexo os pauzinhos, pauso o play, conto o causo, caso os detalhes, acuso o acaso, escuso o descaso, caso e descaso, calço e descalço, descasco o abacaxi, abaixo aqui e ali, aquilato o saldo, saúdo o rival, rivalizo o igual, igualo o diferente, defiro o impróprio, me aproprio do alheio, me alheio dos fatos, amealho antipatias, ameaço romper, rompo a ameaça, misturo a raça, afugento a caça, caço chifre em cabeça de cavalo, a pé ou a cavalo, cavalheiro vou tocando meu berrante, soltando meus berros, trançando os bilros, amansando os burros, amassando o barro, acelerando o carro, carreando prejuízo, perdendo o juízo, ajuizando a ação, acionando o síndico, ovacionando o cínico, ovalando o cilindro, revelando o segredo, decretando o degredo, aceitando o agrado, atraindo o malgrado, traindo o amigo, causando desgosto. Assim é a vida, sem tirar nem por, chorar e sentir dor, carregar o andor, descarregar o peso, libertar o preso, apressar o passo, passar despercebido, passar a bola, depreciar o belo, desviar a bala, rasgar a bula, resgatar o ritual, aceitar o trivial, açoitar o diverso, acoitar o adverso, alcovitar as amizades, subornar o justo, justificar a culpa, inculpar os retos, desculpar os ímpios, parear os ímpares e empatar a partida. Do que odeio nem cabe aqui.
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
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