domingo, 20 de dezembro de 2009

Mutilação do Parque dos Poderes

Quando André Puccinelli era prefeito de Campo Grande teve que interromper o Complexo Bandeira, uma de suas obras mais importantes, porque esbarrou na intransigência de Universidade Federal de Mato Grosso do Sul que, com o apoio da sociedade, não permitia invasão de sua área de preservação. E a dra. Célia Maria era uma das militantes mais ativas do movimento. Resultado: a obra seria retomada somente na administração do Nelsinho que teve que encarece-la, contornando o território da UFMS. Preservar é palavra de ordem na universidade federal, mas somente às suas reservas. Pelo menos é o que ficou bem claro na nítida intenção da ativista Célia Maria, atual reitora, que pretende conservar sua flora, detonando a mais importante reserva de preservação permanente da capital: o Parque dos Poderes. Ela está querendo 20.000 metros quadrados ao lado da Assembléia Legislativa para instalar uma entidade que nada tem a ver com a administração pública, objetivo do local: uma faculdade de Direito. E sabe a quem a reitora encaminhou o seu pedido? Ao governador André Puccinelli, exatamente a pessoa que teve o seu projeto predatório defenestrado pela universidade, quando este era prefeito. Não se sabe se para confirmar sua reputação de repulsa as sedições organizadas contra atos imediatistas ou se para dizer NÃO com formal delicadeza, o governador, ao apagar das luzes da sessão legislativa de 2009, encaminhou à Assembléia Legislativa projeto de lei de cessão da área solicitada pela magnífica reitora. A mensagem do governador, como era de se esperar, caiu como uma bomba no plenário. Indignação entre os líderes de oposição e situação e entre os parlamentares de todos os partidos, ainda não refeitos do trauma de dois projetos igualmente polêmicos: o do Zoneamento Econômico, que incorpora áreas da bacia do Paraguai ao plantio de cana de açucar e o da pesca predatória que autoriza o uso de anzol de galho, joão-bobo, redes e tarrafas nos rios do Mato Grosso do Sul. O projeto ficou para o ano que vem, juntamente com o da pesca profissional que não conseguiu escapar de uma manobra obstrucionista do deputado Paulo Duarte do PT. Não se sabe quais as verdadeiras intenções do governador quanto ao pleito da universidade, mas haverá tempo suficiente às organizações ambientais planejarem uma reação determinante, através de mobilização para respaldar a disposição atual dos deputados em não permitir a aprovação do projeto de mutilação do pulmão de Campo Grande. A UFMS que construa sua faculdade de Direito e outras a que tem direito, em seu próprio espaço territorial. E deixe o Parque dos Poderes em paz.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Manual de cultura inútil

MEUS NATAIS

Eu sempre quis escrever uma coisa no Natal que fosse original. Alguma alegoria que não fosse um jogo de palavras rebuscadas. Uma mensagem profunda, daquelas de sair à rua no dia seguinte e ser abordado por pessoas compenetradas para trocar impressões. A primeira tentativa foi um memorial de meus tempos de criança. A história comovente de um menino nordestino, pau de arara, que conheceu o Papai Noel aos dez anos de idade e assustou-se com aquele velho gordo de barbas desalinhadas e corpo suarento ao peso de um enorme saco de brinquedos baratos. Eu ganhei um pião. Joguei o pião. Mudei de idéia. A história era muito comum e não tinha nenhuma originalidade. Quem estaria interessado por um garoto pobre, quando as uneis estão cheias deles, cheios de ódio, de cores diversas, de dores constantes, de amores ausentes, descrentes de todos, de todo inclementes, de tudo ausentes, de frente pra morte, consortes do azar, asados para a fuga da maioridade. Melhor mesmo seria o lugar comum, com o jingle bell, noite silenciosa, muito espumante e um abraço comovente depois da missa do galo. Jesus fez tudo certo: nasceu na noite de Natal, na hora da missa do galo e teve uma infância bem diferente de seus contemporâneos dos morros de Jerusalém. Aprendeu carpintaria com seu pai e deixou tudo para ser pastor evangélico. Hoje, com certeza, seria twiteiro e já começaria com doze seguidores. Ainda não foi desta vez a vez da felicitação original de Natal. Vou parar que tá me dando fome.Vou comer meu panetone.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Bandidos travestidos de torcedores

Stuarth Barbosa

As torcidas organizadas que deveriam ser criadas para apoiarem seus times, infelizmente, nos últimos anos, estão se tornando verdadeiras facções criminosas.
Não são poucos os problemas que esses “sócios” estão causando nas ruas e nos estádios de futebol.
Os torcedores mais antigos devem sentir muita saudade dos tempos românticos do futebol em que as famílias e grupos de amigos podiam assistir as partidas com tranqüilidade.
Era comum os torcedores brincarem uns com os outros, cada um vestido com a camisa de seu clube do coração.
Porém, nos nossos dias, essa prática é impossível, devido a ação de alguns bandidos freqüentadores dos campos de futebol.
Eles insistem em bancar os machões, os poderosos, apenas quando estão em bandos !
São muitas as barbáries que praticam. Inclusive conseguiram manchar a final do campeonato brasileiro, como todo mundo viu, através das cenas levadas ao ar pelas redes de televisão.
Os bandidos que agrediram covardemente o jogador Vagner Love do Palmeiras, lamentavelmente já saíram da prisão.
Em Curitiba a polícia invadiu a sede da torcida organizada que causou estragos após o término do jogo Curitiba e Fluminense.
No local os policiais encontraram armas, drogas e alguns vândalos que inclusive foram reconhecidos no vídeo da invasão.
A polícia está trabalhando para encontrar outros delinqüentes que estão foragidos.
É preciso fazer algo para acabar com essa violência.
A Câmara dos Deputados já aprovou um Projeto de Lei com intuito de punir exemplarmente os bandidos que se travestem de torcedores.
Os Senadores do bem, que estão incomodados com a reputação daquela Casa, devem olhar com carinho para esse Projeto de Lei que está parado nas mãos do Senador Gim Argello (PTB – DF).
É hora de acabarmos com a violência. Esporte rima com alegria e não com agressão !!!
Troque sua ira pelo grito de amor ao seu time !

Stuarth Barbosa é estudante de jornalismo.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Manual de cultura inútil

O país dos desmerdados

O bloco do cuecão vai ser o grande campeão deste Carnaval. Pensando bem, guardar dinheiro na meia dá pé. Se a coisa ficar feia o sujeito dá no pé. Guardar dinheiro à meia pode ser em qualquer lugar, inclusive na cueca. Dançar a cueca de cuecas é imoral. Colocar dinheiro limpo na cueca é sujeira. O Arruda não sabia que estava sendo filmado. Se tivessem lhe avisado, ele usaria uma de suas perucas e não seria identificado. A diferença entre o mensalão do PT e o mensalão do DEMO foram 250 vídeos. Quando livrar-se da delação premiada o secretário delator poderá montar uma produtora. Espero que o presidente Lula não esqueça que eu também sou povo. Quero saber quais são os requisitos para entrar no seu programa Merda Zero. Aliás, o Merda Zero, poderá confluir num sub-programa, este inteiramente dedicado à classe média: o Tô na Merda. Este poderia ser a morte definitiva da oposição em seu principal reduto, com aumento ao limite do empréstimo consignado, financiamento e isenção do imposto para compra de ipod, celular com acesso à tv hdv, pistola automática e todo o kit de seu sonho de consumo. Em resumo, quando você cair na inadimplência irreversível ainda não estará abaixo da linha da miséria. Estará na pior das hipóteses na classe merda, o que será uma boa, pois é exatamente da merda que o presidente promete tirar o povo. Resta saber onde o presidente vai colocar tantos desmerdados. Se é pra internar pelo SUS, suspende a operação, busca outra solução e vai fundo, caso contrário não vai ter merda pra todo mundo.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Manual de cultura inútil

Aponte a sua arma

Armas nucleares é melhor não tê-las, e quem as tem não tem moral para cobrar desarmamento. O Lula descobriu a pólvora, mas não vai comover os Estados Unidos, a China ou a Rússia de destruir seus arsenais e muito menos convencê-los a aceitar que o Irã e a Coréia do Norte tenham suas bombinhas com fins pacíficos. Quem tiver dúvida consulte o Obama sobre onde vai enfiar o Prêmio Nobel da Paz, depois desta remessa de carne nova para o Bin Laden no Afeganistão. Há quem não duvide que o Bin Laden era o piloto de um dos jatos que acertou a torre. O Puccinelli pede para ser processado. A pesquisa do Zeca deu-lhe empate com o seu adversário. Já que era uma pesquisa interna mesmo, por que não melhoraram o percentual? Por que toda esta humildade numérica? Nisso o PMDB leva vantagem. Sua pesquisa além dos índices pouco generosos para o adversário, ouve mais gente em Mato Grosso do Sul que o Ibope no Brasil. A pesquisa é o retrato do momento, o fermento da campanha germinante, o memento das promessas contundentes, a conduta das figuras insuspeitas, a receita para ganhar a eleição, a ilação precipitada, o precipício iminente, a iminência parda, a demência tarda, a referência tardia, o tal dia da onça beber água, a mágoa de cada dia, a avaria na consciência dos canaviais, os carnavais e seus enredos virtuais, as virtudes e seus pudores frugais, a juventude e seus sonhos triviais, o trívio e seus destinos causais, o casual e o previsível. Eu continuo sendo o livro antigo que vez por outra mudo de lugar.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O mico político da semana

O empresário Francisco Maia presidente da poderosa Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul) protagonizou a trapalhada política da semana ao expor a alta cúpula regional do PT a um enorme fiasco. No domingo, acreditando nele, os dirigentes do partido criaram suspense, anunciando para os próximos dias, a adesão de um importante líder ruralista à pré-candidatura petista do ex-governador Zeca do PT. Seria a mais impactante notícia do ano, capaz de desestabilizar o PMDB e definir a eleição com antecipação de quase um ano. Na segunda, Zeca do PT, senador Delcidio Amaral,os deputados Dagoberto Nogueira, Vander Loubet e Paulo Duarte e o Chico Maia amanheceram na porta do escritório do ilustre personagem que mudaria a história de nossa política. Depois de duas horas de amenidades e uma foto para a posteridade, a visita chega ao fim com o resultado pífio. Formalmente convidado a ingressar no PT ou a indicar um pecuarista de peso para compor uma chapa do partido como vice do Zeca, o ex-senador Lúdio Coelho, surpreendido com o rumo da conversa, habilmente desconversou. Não só recusou a honra do convite, como deixou de indicar um nome para representá-lo. Tudo começou e cresceu nas suposições do empresário e ex-político Chico Maia, depois que chegou à presidência da Acrissul, guindado pelas mãos de um sobrinho do Lúdio, Laucídio Coelho Neto. Nas conversas informais com o ex-senador ouvia desse, elogios ao governo do Zeca e críticas veladas às relações do atual governador André com os produtores rurais. Apressadamente concluiu, que estas manifestações poderiam materializar-se e partiu para a aventura de uma aproximação política de Lúdio com o PT. Não foi desta vez e dificilmente será de uma próxima. A grande surpresa anunciada não passou de vexativo jaguané. O PSDB, partido do qual Lúdio Coelho é presidente de honra, festejou.

sábado, 21 de novembro de 2009

Manual de cultural inútil

E agora, quem vai buscar meu netinho na escola?


O Agnaldo fez besteira, deu uma rasteira na sorte, que azar que é a vida. O temor da solidão deixou-lhe só entre as grades e os grudes, as atitudes mal pensadas, altitudes alcançadas, virtudes degeneradas, dejetos esparramados na virgindade da lua. A rua é um campo de batalha, uma navalha na carne, uma mortalha na alma, uma noite ainda clara, uma noitada cara, uma vara de condão, um varal de roupa suja, uma eleição perdida, uma última pedida, uma ferida aberta, uma certa tirania, uma agonia lenta, pouco antes dos setenta. Agnaldo, que roubada, que estrada mais encurvada escolhida para atalho, que agasalho mais reverso para enfrentar o calor, que valor mais inconteste para trocar pela vida, vida ainda tão pouca pra encurtar na loucura de uma bala, embalada pelo ódio, embolada neste tédio de cidade tão adulta, tão adúltera, tão desculpa para morrer na esquina. Que sina que tanto ensina, que tão pouco se aprende, tampouco é justa, de tão elevado custo, de indiscutível mal gosto, de desgosto tão profundo, que mundo mais sem sentido, que medo mais justificado, que justiça mais sem dentes, que injustiça mais candente, que apagão incandescente, que história mais sangrenta, que dia mais indigente, que gente mais curiosa, que incúria mais cuidadosa, que rosa mais espinhenta, que hora pra jogar dados e fazer roleta russa. Que glória mais decantada para louvar o avesso, que começo mais sem fim para alcançar o meio, que meio mais corrompido para lavar a honra, que honra tão urgente que não podia esperar? E agora, meu caro, que alto preço, que tamanho desapreço, que endereço te encontrar? E seu neto, esperando na escola, quem é que vai buscar?

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Manual de cultural inútil

RÓTULOS ROTOS

A embalagem já não retém o prazo de validade, os ratos retomam o ritual da roedura, os retos reclamam contra a corrupção, os ricos não arriscam nas aplicações, as explicações não convencem, as convenções não se cumprem, os comprimentos não correspondem, aos cumprimentos não respondem, os responsáveis não dão conta, as contas não batem, os abatimentos não satisfazem, as insatisfações se generalizam, os genéricos estão mais caros, os claros não esclarecem, o clero não controla, o cloro não purifica, os puros também pecam, o pouco também satisfaz, o louco também se compraz, o rouco também grita, a gritaria é geral, a pontaria é fatal, a putaria é normal, a alegoria é virtual, a virtude é natural, a natureza é mortal, a mortalha está na moda, o molde perdeu a forma, a forma perdeu o pé, o pealo perdeu o potro, o pote vazou a água, o aguaçal desabrigou, o manual desobrigou, desodorizou o creme, o crime prescreveu, a crise recrudesceu, a crase permaneceu, desvaneceu a virtude, ver tudo virou mania, tubo virou manilha, família já não é tudo, tudo ou nada quanto faz, faz-de-conta é pra valer, vale-tudo é relativo, o pecado é permissivo, o recado é taxativo, a taxação é proibitiva, o proibido é desafio, o ruído é desafino, o prurido é desabafo, o indivíduo é desabrido, o desabrigo é prisão, a pressão é regulada, a opressão é recomendada, a depressão é nivelada, a novela é real, a realidade é cruel, a crueldade é poder, pode menos pede mais, pés demais pra pouco chão, poucos são para a tarefa, nenhum são para cobaia, muitas mãos para pegar, muito fogo pra apagar, jogo para perder, jugo pra submeter, refugo para descartar, descarte pra reciclar, desastre para evitar. O sapato era grande e não coube no pé da Cinderela.

sábado, 14 de novembro de 2009

Manual de cultural inútil

O apagão e as calças na mão


O apagão desta vez me pegou desprevenido. Estava no banheiro matando palavras cruzadas e bem na hora que ia consultar o banco de palavras, pimba, catapimba! Uma hora depois a luz voltou. Somente nesta hora fiquei sabendo pela televisão que o país inteiro havia saído do ar. A parte boa do apagão é a discussão em torno. Os lulistas fazem a comparação e concluem que tudo não passou de um mini-incidente, segundo o reincidente Tarso Genro. Os tucanos não acreditam em acidente. Cada qual tem uma explicação para mostrar sua razão. Todos fazem pré-juízo mas ninguém fala em quem vai pagar o prejuizo. O apagão queimou meus neorôneos bons e acendeu meus neorôneos ruins. Fiquei uma hora no escuro, sem twittar, correndo risco de arrastão e até de ser riscado do mapa, arrastado pro mato, arrostado o perigo, enroscado num fio desencapado, atacado pelo pitbull do vizinho, sozinho para desvendar os mistérios da origem do custo, os critérios para evitar as vertigens no susto, o vetusto comentarista e seus astutos pontos de vista, contos de fada, fadados ao fedor, fedonhos em excesso, com acesso aos acessórios, acessíveis aos sensores, censurados para maiores, permitidos para a maioria, premeditados por um promotor, promovidos por um delator, deletados por um diletante, dilatados além dos limites, limitados pela necedade, necessários aos necessitados, nefastos aos sucedidos, suscetíveis ao sossegado, assustado com o bombardeio de notícias catastróficas, como se o Chaves houvesse iniciado sua guerra contra o Bush. O apagão acabou com todas minhas chances de vitória na eleição, mas o importante continua sendo competir.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Manual de cultura inútil

NINHARIAS NO NINHO

Luxúrias no lixo, ranhuras na lixa, faturas no caixa, farturas na caixa, fratura na cocha, frituras no cocho, maduras no cacho, altos e baixos, machos e fêmeas, gêmeas e geminadas, femininas e afeminadas, afinadas e findas, idas e vindas, tidas e dasa, doidas e doídas, subidas e súbitas, corruptas e corruptelas, bromélias e brumas, plumas e planas, plenas e plenárias, cenários e cenas, senas e quinas, esquinas e escadas, escamadas e lesas, liso e louco, lucro e lacre, leque e luva, uvas e ovas, ovações e evasões, evoluções e emoções, emulsões e emulações, mulas e bulas, bolas e bolachas, balas e belas, celas e solas, silos e solos, colo e colar, cola e colégio, colhendo e comendo, comando e comenda, contendas contidas, conteúdos contados, contatos contusos, contexto obtuso, obturações obstruídas, obscuridade observada, observação inoportuna, fortuna infortuna, infortúnios fortuitos, fortes indícios, inícios e fins, fincados e soltos, absortos e absurdos, surdos e cegos, cegonha e viagem, voragem e inapetência, clemência e clamor, calor e afeto, objeto inservível, ser vivo desmotivado, desmontado e revisto, previsto o acontecimento, acondicionamento frágil, ágio ajeitado, jeito de ser feliz, felicidade de portas fechadas, fachadas fixadas no tempo, tempo fechado há tempo, temperatura em elevação, eleição indireta, reta ou encurvada, encurtada ou comprida, comprimida ou cumprida, comprada e vendida, vencida ou avançada, avantajado ou tímido, temido e teimoso, temeroso e temperado, temporário ou vitalício, vitalidade vibrante, variante avariada, variedade constante, constatação variada, invariável inconstância, inconteste contestação, contexto desfavorável, favorável ou indeciso. Só não vale achar que é pouco.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Manual de cultural inútil

VERSÃO INVERSA

Vírus inoculado, inócua vaidade, mocidade desvairada, acirrada discussão, discurso sem nexo, complexo de Édipo, adiposa compleição, compaixão nula, mula-sem-cabeça, mola sem pressão, mala sem alça, salsa sem cheiro, dinheiro falso, calço inútil, fútil expressão, impressão digital, digitalização impressa, pressa apreciada, praça conturbada, preço aviltado, desapreço avultado, recomeço evitado, resultado nulo, pulo do gato, pólo do gelo, pelo-sinal, pala do guasca, pilha de nervos, pilha do rádio, pele enrugada, estrada reta, rito sumário, roto rotante, arroto arrogante, rosto colado, reto enrascado, estado de sitio, estrado da luta, estudo de caso, casa caindo, case vazio, coisa preta, caneta sem tinta, pinta braba, cabra da peste, agreste agredido, perdido na multidão, achado na contramão, achatado na remuneração, enxotado da nação, encaixotado na condução, condição pra ir e vir, comissão para pagar, condenação para cumprir, comprimento para medir, mediação para submeter, submissão para se ater, atenção para prestar, prestação para quitar, prostração para levantar, prostituição para praticar, profissão para aprender, prisão para escapar, casar para crescer, caçar para sobreviver, caçoar para esquecer, coçar pra começar, relaxar e gozar, glosar as contas, contrair a dengue, contrariar os contrários, contrapor os pontos, ponderar os erros, preponderar a força, dependurar na forca, enforcar a segunda, terceirizar o prejuízo, quadruplicar as chances, chancelar o anonimo, animar o sombrio, animalizar o covarde, aninhar o implume, impugnar o esperto, empunhar o pendão, empenhar a palavra, lavrar a terra, aterrar o abismo, abismar a platéia, abespinhar a alcatéia, acautelar o incauto, incapacitar o infausto e fartar o esfaimado. A verdade nada mais é que uma aversão.
P

sábado, 7 de novembro de 2009

Edital de Concurso

SAIU O EDITAL DE CONCURSO PARA HOMEM BOMBA

Nada como um dia atrás do outro, uma avó atrás do toco, um avaro atrás do troco, um dia sem sufoco, um soco sem revide, um cabide de emprego, uma tarde de sossego, um pelego pra pisar, um pesar para posar, um pouso pra descansar, uma viagem pra voltar, uma volta pelo mundo, um mundo para negar, uma negaça para aprender, uma prisão para escapar. Recebemos dez do Rio e mandamos onze para Catanduvas. Estamos com o saldo negativo de um facínora, o que é muito pouco para quem não tem nada a ver com a violência carioca, nem com a virulência do Caetano, as propensões do Ciro Gomes, as pretensões do Zelaya, as condecorações do Lula, as eleições do Afeganistão e a visita do tiraninho do Irã. Não tenho nada contra a visita do Mahmoud, mas, por via das dúvidas, não seria exagero revistá-lo no desembarque. Nunca se sabe o homem bomba que pode estar escondido atrás daquele sorrisinho cínico, que seria cômico se não fosse trágico. Seria mágico, não fosse fóssil, fácil não fosse fétido, cético não fosse por Maomé. Maomé não vai à montanha, Ahmadinejad vem ao Brasil. Agora só falta a gente receber o baixinho catastrófico da Coréia do Norte e seus artefatos inflamáveis. Não sei onde estava quando nasci neste planeta. Da próxima vez quero nascer em Garanhuns ou em Pindamonhangada, até mesmo em Piraputanga. Seria bom se a gente pudesse escolher o lugar para nascer, a rua onde mudar, a casa onde morar e a hora de morrer. Outras coisas seriam ruins, regulares, boas e ótimas independentes das pesquisas. Você já foi abordado por um pesquisador? Nem por isso a pesquisa deixa de acertar. Pode desistir. Nada é capaz de derrotar seu índice de rejeição.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

1553 – Cabeza de Vaca chega a porto dos Reis. O navegador espanhol Álvar Nuñes Cabeza de Vaca, em sua viagem de exploração ao Pantanal, chega ao Porto dos Reis, na laguna de Xaraés, “onde os nativos já estavam à espera, acompanhados de suas mulheres e filhos.”
“Ali, diante da boa vontade dos nativos, o adelantado fez toda uma pregação, pedindo-lhes que aceitassem a doutrina cristã, acreditassem em Deus, criador do céu e da terra, e que aceitassem ser vassalos de Sua Majestade, pois com isso seriam sempre defendidos e amparados pelos espanhóis. Além disso, sendo bons, receberiam sempre muitos presentes, como recebiam aqueles que eram fiéis seguidores de Sua Majestade. E logo mandou chamar os religiosos e clérigos de disse-lhes que queria que construíssem de imediato uma igreja para ali ser rezada missa e outros ofícios religiosos, para conforto dos cristãos e exemplo para os nativos. Mandou também fazer uma cruz de madeira muito grande, que mandou fincar junto à ribeira, debaixo de umas palmeiras muito altas, o que foi feito em presença dos oficiais de Sua Majestade e de outras pessoas. E perante o escrivão da província tomou posse da terra em nome de Sua Majestade, como sendo terra novamente descoberta.” *

* VIAJANTES DO PANTANAL, p 16

De meu livro DATAS E FATOS HISTÓRICOS, p

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Acenteceu a 28 de outubro

Um pouco da História do Estado do Pantanal

1943 – Criada a colônia de Dourados. Decreto do presidente Getúlio Vargas cria o Núcleo Colonial de Dourados, o maior projeto público de colonização do Centro-Oeste brasileiro:
Decreto no. 5941 – de 28 de setembro de 1943
Cria a Colônia Agrícola Nacional ‘Dourados’, no Território Federal de Ponta Porã e dá outras providências.
O Presidente da República, usando das atribuições que lhe confere o art. 180 da Constituição.
DECRETA:
Art. 1o. – Fica criada a Colônia Agrícola Nacional ‘Dourados’, no Território Federal de Ponta Porã (C.A.N.D.), na região de Dourados em terras a serem demarcadas pela divisão de terras e colonização do Departamento Nacional de Produção Vegetal do Ministério da Agricultura.
Parágrafo único – A área a ser demarcada não será inferior a 300.000 (trezentos mil) hectares.
Art. 2o – As despesas decorrentes das obras de fundação e instalação da Colônia, correrão por conta da dotação de Cr$ 2.000.000,00 (dois milhões de cruzeiros) atribuída à Colônia de Mato Grosso, compreendida na Verba 5 – Obras, desapropriação, etc. Consignação I – Obras – Subconsignação 02 – Prosseguimento e conclusão de obras, etc. 21) D.N.P.V. – 04) D.T.C. – a) Prosseguimento de obras das Colônias Agrícolas Nacionais – d) Mato Grosso, do orçamento geral da União para o corrente exercício e observadas as disposições do Decreto-lei no. 5.562, de 09-06-1943.
Rio de Janeiro, 28 de outubro de 1943, 122o da Independência e 55o da República.

Getúlio Vargas
Apolônio Sales.” *

* Lori Gressler e Lauro J. Swensson, ASPECTOS HISTÓRICOS DO POVAMENTO E DA COLONIZAÇÃOO DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL, p 89

De meu livro DATAS E FATOS HISTÓRICOS, p 391

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Aconteceu a 26 de outubro

Um pouco da História do Estado do Pantanal

1864 – Nasce em Nioaque, Jango Mascarenhas. Em dezembro de 1891 passa a integrar o conselho de administração da intendência de Nioaque, assumido a presidência do mesmo em 1892, quando reuniu e comandou as forças que, no sul do Estado combateram os rebeldes do coronel Barbosa, que haviam deposto o governador Manoel Murtinho.
Em 1894, Jango elege-se deputado estadual.
Em 1896 atacou e destruiu a fazenda Santa Rosa, de João Caetano Teixeira Muzzi, fundador do Partido Autonomista, que defendia a separação do Sul.
Em 1899 é eleito 2º vice-presidente do Estado, em chapa encabeçada pelo capitão Antonio Pedro Alves de Barros, com quem rompe em seguida, acompanhando seu líder, Generoso Ponce. Em 1901 refugia-se no Paraguai, de onde reuniu um grupo de mercenários e invadiu o Estado, sob a bandeira da divisão do Estado. Foi perseguido por forças legalistas, comandadas pelo coronel Jejé, de Aquidauana. Sua tropa foi destroçada e ele morto a 21 de outubro de 1901, às margens do Taquarussu. 1

1894 – Circula o jornal A Voz do Sul. Sai a edição no 1 do primeiro jornal de Nioaque. Foi seu redator João Cláudio Gomes da Silva, impresso em equipamento gráfico adquirido em Cuiabá, da antiga tipografia do jornal A Situação, pelo coronel Jango Mascarenhas. Sua linha editorial obedecia às seguintes diretrizes:

“Somos alheios a toda e qualquer seita religiosa, mas convencidos apesar da diversidade das partes doutrinárias de que todas as religiões partem do mesmo princípio que - é a moral voluntários, apresentamo-nos como sectários desses altos princípios sociais, sendo a nossa divisa do desinteresse: para a sociedade, pela sociedade.
Republicanos de princípios, para nós a República é a chave que coroa a abóboda desse grande edifício de conquistas político-sociais.
Que a Repúiblica é o único governo que pode fazer a felicidade do povo brasileiro: eis as nossas convicções.
Treabalhar pelo engrandecimento da pátria matogrossense em todo terreno; defender os interesses estaduais, nas questões de interesse geral e batermo-nos pelos interesses do sul em todas as questões em que for envolvido, eis o nosso programa.”
Em 1896 o jornal foi empastelado e o material gráfico todo atirado no rio Nioaque. O autor recebeu o cognome de Onça Preta. 2
1963 – Prefeitos e vereadores aprovam divisão. Renidos em Corumbá, no II Congresso da Associação Mato-grossense dos Municípios, foi discutida e votada moção aprovando a divisão do Estado:
“45 votos contra 11 e uma abstenção assinalaram a vitória da tese divisionista no 2o. Congresso da Associação Mato-Grossense do Municípios, reunido em outubro p.p. em Corumbá.
Maioria expressiva, que revela a compreensão do problema da descentralização administrativa no grande Estado do Oeste e as vantagens que dela decorrerão, imediatamente.
Norte e Sul desfrutarão benefícios da providência, quando se concretizar após o processo determinado pelas leis constitucionais que regem o Estado e a Nação.
Premissas de uma fase de notável desenvolvimento sócio-econômico naquele vasto território pátrio são perfeitamente justificadas, agora, como o eram em etapa mais prolongada, antes da decisão histórica do 2O Congresso da A.M.M.
Formadas as duas novas unidades federativas , a Pátria se engrandecerá mais depressa com o esforço disciplinado de mato-grossenses do norte e de mato-grossenses do sul, conjugado no ritmo comum do progresso da Federação.
Urge, portanto, que providências concretizadoras da formação dos dois novos estados de desenvolvam com brevidade, num ambiente de concórdia e de recíproca tolerância, que evidencie a perfeita integração das populações matogrossenses no primado da democracia em que vive e prospera a nação.
E que não se repitam os lamentáveis acontecimentos provocados por grupos de desordeiros, que intentaram tumultuar o 2O Congresso da A. M. M., comprometendo com a sua atitude insólita os foros de civilização que Corumbá conquistou, mercê das sua perfeita identidade com os postulados democráticos.” 3

Notas

1 Miguel A Palermo, NIOAQUE, 15
2 Rubens de Mendonça, HISTORIA DO JORNALISMO DE MATO GROSSO, 85
3 Revista BRASIL OESTE, Edição 87, p 45

De meu livro DATAS E FATOS HISTÓRICOS, 388

domingo, 25 de outubro de 2009

Aconteceu a 25 de outubro

Um pouco da História do Estado do Pantanal


1553 – Cabeza de Vaca chega ao rio Negro. Em sua viagem de exploração ao Pantanal, o navegador espanhol Alvar Nuñes Cabeza de Vaca alcança a foz do rio Negro:
“No dia 25 de outubro o adelantado chegou com seus bergantins a uma parte em que o rio se dividia em três braços. Um dos braços era uma grande lagoa, mas que os índios chamam de rio Negro. Este rio corre para o norte, terra adentro. Os outros braços são de boa cor e pouco mais abaixo vão se encontrar.
O adelantado mandou colocar muitos sinais na boca do rio, com árvores cortadas e mais três cruzes bem altas, para que servissem de indicação para os outros nativos que vinham atrás. Continuou navegando a remo durante três dias, ao cabo dos quais saiu daquele rio e foi por outros dois braços que saem da lagoa, tendo chegado à beira de umas serras muito altas e arredondadas como um sino, além de serem avermelhadas e completamente desprovidas de vegetação. Por estas condições, deferindo totalmente das outras serras destas paragens, que são montanhosas e cheias de árvores e vegetação, acredita-se que exista muito metal por ali. Os índios disseram que em outros tempos seus antepassados tiravam dali um metal branco, mas o adelantado não pode constatar a existência ou não do mineral por não levar ferramenta adequada e pela grande enfermidade que deu no pessoal por aquele período. Além disso, entendeu que poderia fazer esta investigação em outra ocasião, porque estas serras ficavam perto do porto dos Reis, vindo por terra.” 50

1907 – Murtinho alerta contra migração gaúcha. Um dos donos da Empresa Mate Larangeira, o ex-presidente Manoel Murtinho, escreve ao seu correligionário e atual governante estadual, Generoso Ponce preocupado com as grande levas de migrantes do Rio Grande do Sul que chegavam ao Sul de Mato Grosso:
“Acresce que a proposta submetida pela referida empresa à deliberação da Assembléia, além de consultar altos interesses do Estado, tanto no presente como no futuro, conforme se mostrou a meu ver cabalmente, na exposição de motivos, que acompanhou, ainda viria a facilitar a solução de um temeroso problema, que não pode deixar de preocupar a alta administração do Estado.
Aludo à emigração rio-grandense, que de dia a dia vai se avolumando e estendendo pelo sul do Estado, onde os adventícios tratam logo de ocupar terrenos devolutos pela facilidade que encontram e que faz parecer que dentro de mais alguns anos, essa colônia dominará pelo seu número e extensão, toda aquela região, constituindo por assim dizer Estado no Estado.” 51

Notas
1 Cabeza de Vaca, VIAJANTES DO PANTANAL, p 15
2 Pedro Valle, A DIVISÃO DE MATO GROSSO, p 23

De meu livro DATAS E FATOS HISTÓRICOS, p 387

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Aconteceu a 21 de outubro

Um pouco da história do Estado do Pantanal

1901 – Morre Jango Mascarenhas. Em combate contra as forças legalistas, comandadas pelo coronel Jejé e Bento Xavier, morre na fezenda Esperança, às margens do rio Taquarussu, no município de Nioaque, o maior líder político do sul de Mato Grosso no final do século XIX. Foi intendente geral de Nioaque, deputado estadual e vice-presidente do Estado. É considerado como um dos pioneiros do movimento divisionista, causa atribuída ao seu rompimento com os políticos de Cuiabá. Seu corpo está sepultado no cemitério de Aquidauana. Na lápide a seguinte inscrição:

“Passant ne pleure ma mort
Car je suis vif meme quand je suis mort

Aqui descansa o bravo Coronel
João Ferreira Mascarenhas
Nascido a 26 de outubro de 1864
E morto heroicamente a 21 do mesmo mês de 1901

No combate de Esperança pugnando
Pela rendempção de sua terra natal
Que a sua imperecível memória
Inspire os seus conterrâneos o santo amor da liberdade
Para o engrandecimento da Pátria

Pas a sua alma.” 1

1917 – Nasce em Ponta Porã, Rachid Saldanha Derzi. Médico, formado pela Faculdade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, iniciou a carreira política como prefeito de sua cidade natal, em 1942. De 1947 a 50 foi vereador e presidente da Câmara Municipal. Em 1950 volta à prefeitura de Ponta Porã para mais um mandato. Deputado federal por quatro legislaturas (de 1955 a 1971), elegeu-se senador para o primeiro mandato em 1970. Em 1978, reelege-se para o Senado por eleição indireta e em 1986 elege-se senador Constituinte, cargo onde viria a encerrar sua trajetória política em 1994. Foi o político do Sul de Mato Grosso com mais tempo de mandatos. Faleceu em 1999, em Campo Grande. 2

Notas:

1 Miguel Palermo, NIOAQUE, p 15
2 FORÇAS VIVAS DA NAÇÃO, p 33

De meu livro DATAS E FATOS HISTÓRICOS, Edipa, 2001, p 384

sábado, 17 de outubro de 2009

Aconteceu a 17 de outubro

Um pouco da História do Estado do Pantanal

1866 – Taunay volta a dar notícias de Miranda. Em carta a uma irmã no Rio, o tenente Taunay volta a lamentar a situação calamitosa das tropas brasileiras, antes de partir para o ataque aos inimigos na fronteira norte da República paraguaia:
“Há um mês chegamos a este montão de ruínas, que entretanto não deram ainda bom abrigo contra os furiosos furacões que temos tido.
Entretanto o nosso estado sanitário geral não é satisfatório para não dizer tristíssimo. Este mês até o dia presente já vi falecer três dos nossos companheiros e retirarem-se mais de vinte vítimas da maldita peste das pernas que dizima nossas fileiras. Era só o que nos faltava. Depois de tantos sofrimentos necessário se tornava esse complemento diabólico! Enfim Deus se compadecerá, afinal, de nós.
Tenho gozado excelente saúde, apesar de todos os achaques morais, conseqüência de minha prolongada estada nos Morros como já te tenho por várias vezes feito sentir.
Quem te leva esta é um dos pobres atacados de tal peste, o cap. Teodoro de Melo que não quis continuar no mal estado em que se achava e tratou logo de por-se a panos. Necessitamos quanto antes de uma medida enérgica, mudarmos incontinenti de local, procurando climas mais favoráveis como sejam Nioac e outros lugares numa zona apenas de 20 a 30 léguas. Mas um emperramento incompreensível domina o nosso comandante das forças, Carvalho, que persevera em ficar assistindo ao triste espetáculo desta pobre desorganização.
As febres intermitentes começam a fazer a sua entrada em cena, agravando os males presentes. Em Nioac o clima, a posição sobre o chapadão de uma grande serra, a água excelente quando aqui bebemos agora salobra, modificariam este estado lamentável de coisas. Daqui a 24 léguas talvez se achasse lenitivo aos nossos sofrimentos e o que se faz aqui?” 1

1892 – Revogada as denominações de Nioaque e Coxim. O presidente Manoel Murtinho veta decreto da Assembléia Legislativa, alterando os os nomes da vila de Levergeria e da freguesia de São José de Herculânia, que pretendiam adotar os nome que têm hoje, Nioaque e Coxim, respectivamente:
“Nego sanção à presente resolução por me parecer que nenhuma razão de utilidade pública a sufraga. O nome de Levergeria, dado à antiga povoação de Nioaque, foi uma homenagem prestada ao finado barão de Melgaço (Augusto Leverger), a quem Mato Grosso deve inolvidáveis serviços, sobressaindo entre eles importantes estudos sobre a geografia e história da extinta província; bem como a denominação de Herculânea, que tomou a povoação do Coxim, é um ato comemorativo da administração do ex-presidente Herculano Ferreira Penna. Não são, pois, arbitrárias tais denominações, mas antes se estribam em motivos mui plausíveis e uma vez que eles persistem, torna-se injustificável a alteração decretada, tanto mais quando a substituição do primeiro dos indicados nomes pode ser tida em conta de desconhecimento de méritos e serviços do barão de Melgaço, o que indubitavelmente não esteve na mente da ilustre Assembléia Legislativa. Acresce laborar em equívoco a resolução, quando afirma que as localidades de que se trata tiveram as denominações originárias de - ‘vila de Nioaque e freguesia de Coxim’ – visto como os nomes de Nioaque e Coxim, provenientes dos rios que banham aqueles lugares, perderam-nos as duas povoações ao tempo em que foram elevadas à categoria de freguesia, tomando desde então as denominações modernas, como se pode verificar compulsando as coleções de leis da extinta província. Pelo exposto, negando sanção ao projeto, seja ele devolvido à Assembléia Legislativa, em conformidade com o art. 14 da Constituição política do Estado.” 2

1991 – Papa celebra missa campal em Campo Grande. João Paulo II no dia seguinte à sua chegada à capital do Estado, cumpre a parte mais importante de sua agenda: missa campal para milhares de fiéis, em área e altar preparados especialmente para o ato, nas proximidades do cemitério Santo Amaro. A base de sua homilia foi a fidelidade conjugal, tema adequado a Campo Grande, à época, considerada a capital com maior número de divórcios no Brasil:
“Não vos deixeis abalar pelo temor de que a fidelidade a esses princípios éticos vos coloquem em situação de desvantagem, num ambiente em que, não raro, a lei moral é desprezada e grassa a corrupção.” 3
Em sua intensa programação, o Papa esteve, antes da missa campal, visitando o sanatório São Julião e à tarde abençoou a catedral de Santo Antônio, permanecendo no local cerca de uma hora, reunido com 450 leigos de todo o Brasil.

Notas

1 Taunay, MENSÁRIO DO JORNAL DO COMERCIO, p 175
2 Rubens de Mendonça, HISTORIA DO PODER LEGISLATIVO DE MATO GROSSO, p 214
3 Jornal DIARIO DA SERRA, 18-10-1991

De meu livro DATAS E FATOS HISTÓRICOS do Sul de Mato Grosso ao Estado do Pantanal, Edipan, 2001 p 377

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Aconteceu a 16 de Outubro

Um pouco da História do Estado do Pantanal

1886 – Doadas terras para Santo Antônio. É lavrada em Nioaque escritura pública, onde Joaquim S. Ornelas e sua mulher Leopoldina Maria Inocente doam a Santo Antônio, meia légua de matas na fazenda denominada Lageado, para implantação do povoado de Campo Grande.
Lélia Rita de Figueiredo Ribeiro, a primeira a tratar deste assunto, explica:
“Em 1886, Joaquim Silvério Ornellas, natural de Miranda, filho de Manoel José Ornellas, português e da índia Kaduwéo Nalice, proprietário de vastas terras na região sul de Mato Grosso, com cerca de 1.000.000 de hectares, constituídos pelas fazendas São João do Varadouro e Lajeado, cujas áreas contíguas abrangiam desde o município de Miranda até atingir a região do Anhanduí, hoje Campo Grande, tendo reconhecido em José Antônio Pereira a legitimidade de sua ação povoadora, vem, num rasgo de generosidade e de grande visão de futuro, realizar a doação a Santo Antônio, de meia légua de matas na fazenda denominada Lajeado, neste município, conforme certidão de transcrição a pedido do bispo da Diocese de Campo Grande, em 6-10-1983.
É do teor desta certidão do Cartório do 1º Ofício de Campo Grande, por seu oficial de registro, Antonio Leite Serra, que o tramitente da escritura de doação foi o sr. Joaquim Silvério Ornellas e sua mulher Leopoldina Maria Inocente, sendo adquirente, Santo Antônio.
Esta doação de Joaquim S. Ornellas e Leopoldina Maria Inocente que era cuiabana de nascimento, foi feita através de escritura pública lavrada no cartório de Nioaque em 16 de outubro de 1886, conforme se infere da mesma certidão, a requerimento do bispo de Campo Grande, dom Antonio Barbosa Guimarães.” 1

1991 - Papa visita Campo Grande. Em sua terceira visita ao Brasil, João Paulo II inclui a capital de Mato Grosso do Sul em seu roteiro. O papa desembarcou as 19,28 na Base Aérea, seguindo de papamóvel até a missão salesiana. Mais de 100 pessoas aplaudiram o chefe da igreja católica em sua chegada. Foi recebido pelo governador Pedro Pedrosssian e pelo prefeito Lúdio Coelho. Permaneceu poucos minutos na pista do aeroporto, tempo suficiente para dar bênção à imagem de Nossa Senhora de Loreto, padroeira da aviação.
Sua passagem pelo centro da cidade é acompanhada, com detalhes, pela imprensa:
“A precária iluminação de avenida Afonso Pena, centro de Campo Grande, não impediu que milhares de pessoas saudassem a passagem do Papa João Paulo II a partir das 19h40 min de ontem. Famílias inteiras se colocaram ao longo da avenida com cadeiras, bancos, toalhas, lanches e sucos, algumas desde as 15h30min, transformando os canteiros em espaços de pique-nique. Apesar da grande emoção que tomou conta dos católicos mais fervorosos quando a comitiva papal foi avistada no asfalto, os momentos que antecederam a passagem foram marcados pelo pouco entusiasmo. A exceção foram grupos isolados, que tentaram ensaiar um ou outro canto de louvor, sempre com pequena resposta.
Ao longo da avenida, chamou a atenção a quase inexistência de grupos de romeiros vindos de outros estados; a platéia foi basicamente composta de pessoas que haviam há pouco encerrado o expediente de trabalho no centro da cidade, que resolveram retardar o retorno para casa ou de moradores de bairros mais próximos. Mas não faltaram católicos para exaltar a presença do Papa e demonstrar sua fé, como a dona-de-casa Porcina Califi, uma das moradoras do bairro Amambaí, que aos 81 anos queria realizar o sonho de ver o Santo Padre de perto.
Levando mais de 20 parentes e vizinhos a tiracolo, Porcina chegou na avenida Afonso Pena, perto da Bandeirantes, por volta das 17 horas, quase duas horas e meia antes do horário previsto para a passagem do papamóvel. Com a perna esquerda fraturada numa queda que sofreu recentemente, e movendo-se com dificuldades com ajuda de uma bengala, Porcina colocou sua cadeira a poucos metros da avenida, rezando a Deus, segundo ela, para que conseguisse ver o Papa. Por causa dos problemas de saúde e prevendo a multidão que tomará conta da área escolhida no bairro Santo Amaro, Porcina descartou a hipótese de poder assistir a missa campal hoje pela manhã. ‘Eu o vejo agora ou nunca’, definiu.
Quando o Papa passou, a uma velocidade estimada em 30 km por hora, vestido de branco, sorrindo e gesticulando para as pessoas na calçada, Porcina foi erguida da cadeira pelo seu filho mais velho, mas a aglomeração das pessoas prejudicou seu ponto de vista. ‘Não consegui vê-lo de frente; só de perfil. Mas foi suficiente’, disse ela momentos depois, ao mesmo tempo que fazia o sinal da cruz e um agradecimento interior: ‘É um dos dias mais felizes de minha vida’. Sua comadre, Dalila Bueno da Silva, não conseguiu esconder a emoção e chorou por alguns minutos. ‘É de alegria’, garantiu.” 2
O ponto alto da visita do Papa a Campo Grande, foi a missa campal celebrada no dia seguinte.

Notas

1 - Lélia Rita Figueiredo Ribeiro, CAMPO GRANDE, O HOMEM E A TERRA, p 246
2 - Correio do Estado, 17-10-1991

De meu livro DATAS E FATOS HISTÓRICOS do Sul de Mato Grosso ao Estado do Pantanal, Edipan, 2001 p 375

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Aconteceu a 14 de outubro

Um pouco da História do Estado do Pantanal

1877 – Inaugurada igreja de Corumbá. Construída em tempo recorde é entregue à população a igreja da Candelária, uma das mais antigas do Sul de Mato Grosso:

“Ata da inauguração da Igreja. Aos quatorze dias do mês de outubro de hum mil oitocentos e setenta e sete, qüinquagésimo sexto da Independência do Império nesta vila de Santa Cruz de Corumbá, província de Mato Grosso e Bispado de Cuiabá, em sede foi com a toda solenidade na forma do ritual romano, inaugurada a nova igreja paroquial da Candelária, sendo benta pelo pregador imperial e vigário frei Mariano de Bagnaia, canonicamente habilitado e dedicada a Deus e à Nossa Senhora da Candelária, que é o seu orago. Esta igreja foi construída com as doações do povo, sendo a obra dirigida por alguma comissão composta dos senhores reverendo pregador imperial frei Mariano de Bagnaia, protetor da devoção ou irmandade, engenheiro tenente-coronel dr. Joaquim da Gama Lobo D’eça, provedor da mesma e tesoureiro João Poupino Caldas, os quais conjuntamente com mesa administrativa devota e espontaneamente celebrar a idéia de construir a dita igreja agenciam com assiduidade os meios com que se levou a efeito tão importante edifício que com quanto mero esteja de todo construído, presta-se com toda comunidade e decência a celebrar-se os atos do culto divino, nas condições da ata de vinte e cinco de maio do ano próximo passado, quando se colocou a primeira pedra fundamental. E para constar a todo tempo se lavrou a presente ata que vai assinada pelos membros da comissão, pelos irmãos, oficiais e mesário e mais pessoas, digo autoridades livres e mais pessoas do lugar, sendo lida logo depois da missa cantada. O secretário da irmandade dessa fará três cópias para serem remetidas à Câmara Municipal desta vila, à Câmara Episcopal e à presidência da província.” 1

1914 – Inaugurada estrada de ferro em Campo Grande. Tida como uma das datas mais importantes da história de Mato Grosso, no que toca ao seu desenvolvimento econômico, sobretudo nesta região que em 1977 passaria a constituir o território de Mato Grosso do Sul, é, oficialmente entregue a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, cujos trilhos foram ligados a 31 de agosto, completando a obra, com o encontro das duas frentes de trabalho, de Itapura e Porto Esperança.
O trem inaugural chegou a Campo Grande por volta das 10 horas:
“A fim de recepcionar a comitiva oficial que procedia à solenidade inaugural, o intendente municipal, sr. José Santiago, foi a Rio Pardo, acompanhado dos srs. dr. Silva Coelho, juiz de direito, José Paes de Faria, Pedro Romualdo e Miguel Garcia. Aquela ilustre comitiva compunha-se do dr. Carlos Euler, representante do sr. ministro da Viação, coronel José Beviláqua, representando o ministro da Guerra, senador Antônio Azeredo, general Caetano Albuquerque, deputado A. de Mavignier, drs. Firmo Dutra, Emílio Amarante, Hilário Adrião e os jornalistas C.S. Rutlindg do Times, Dário de Mendonça do Jornal do Comércio, do Rio, Macedo Soares de O Imparcial e Sílvio Cardoso, de a Época, além de outras pessoas gradas e convidados.
A Câmara municipal, reunida em sessão solene, recepcionou os visitantes, sendo os representantes do governo saudados pelo juiz de direito dr. Manoel Pereira da Silva Coelho. O senador Antônio Azeredo agradeceu em nome do governo e dos visitantes.” 2

1923 – Nasce em Miranda, Antonio Mendes Canale. Filho de Humberto Canale e Ilva Mendes Canale, realizou seus primeiros estudos em sua cidade natal, concluindo o primário no Ginásio Estadual Dom Bosco, de Campo Grande. Em 1941 bacharelou-se em Ciências e Letras no Ginásio Dom Bosco. Em 1947 concluiu o curso de contador na Escola Técnica de Comércio Carlos de Carvalho. Bacharelou-se em Direito na primeira turma da Faculdade de Direito de Mato Grosso, em Cuiabá. Deputado estadual por duas legislaturas seguidas (1950/58); prefeito de Campo Grande em dois mandatos (1963/67 e 1970/73); e senador da República (1975/1983 e 1987-1991) chegou à 1a. secretaria do Senado. 3

Notas
1 Frei Alfredo Sganzerla, A HISTORIA DE FREI MARIANO DE BAGNAIA, p 455
2 J. Barbosa Rodrigues, HISTORIA DE CAMPO GRANDE, p 129
3 GUIA DE CAMPO GRANDE, p 15

De meu livro DATAS E FATOS HISTÓRICOS do Sul de Mato Grosso ao Estado do Pantanal, Edipan, 2001 p 372

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Aconteceu a 12 de outubro

1928 – Inaugurada ponte da Noroeste sobre o rio Paraná, “magnífica obra de arte com 1.024 metros de comprimento e que recebeu o nome de Francisco de Sá, em homenagem ao ministro da Viação na oportunidade. Tal melhoramento veio encurtar a duração das viagens, com a economia de tempo consumido na travessia do rio em ‘ferry boats’, até então em funcionamento.” (*)

(*) Lécio G. de Souza, HISTÓRIA DE CORUMBÁ, p 106

Do meu livro DATAS E FATOS HISTÓRICOS do Sul de Mato Grosso ao Estado do Pantanal, Edipan, 2001 p 370.

sábado, 10 de outubro de 2009

Cultura inútil (3)

O POETA MORRE PELA BOCA

O governador chorou duas vezes esta semana. Seus nervos de aço foram engraxados por lágrimas. Nada engraçado, tudo enganchado, alguns agachados, outros grudados, poucos guindados. Esta semana fui ao velório de um amigo e aproveitei para conferir as acomodações no Parque das Primaveras. Não tenho nenhuma pressa em mudar para esse condomínio, mas seguro morreu de velho. O dolar continua caindo, a bolsa subindo e meu bolso furado, ferrado nas contas, gravado nas custas, montado nas costas, encostado no barranco, torcendo pro Barrichello, secando o Michellete, abrigando o Zelaya, devastando os laranjais, contratando os laranjas, aparando as franjas, babando nas fronhas, afrontando ninguém, comprando provas do Enem e do concurso também, o recurso que não tem, o xerém que dá o caldo, a cauda que abana a mosca, a calda que adoça o bolo, a bola que embola, a bala que abala, a bula que abole, a boléia que cabe, o cobre que compra, o pobre que cumpre, o comprido que encolhe, o cumprido que escolhe, o descabido que tolhe, o tolo que atola, a tola que se apaixona, a bolha que fura, o homem-bomba que explode, o bode que cheira, a cera que se liquefaz, a paz que se desfaz, o satanaz aposentado, o Lázaro sepultado, o ícaro depenado, o ácaro cultivado. Você já foi à expô hoje? O Maia acaba de inventar a exposição agropecuária sem gado. Engodo? Engano? Esganado? Eu tenho tuitado adoidado, seguindo em 140 caracteres o melhor caráter e as características mais acentuadas, as estatísticas mais aproximadas, as aproximações mais distantes, o destaque necessário, a necessidade premente e o político que apenas promete.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Sem terra e sem juizo

Quem vai segurar o MST?

Minha simpatia pelo MST vem de sua fundação em meados da década de 80 do século passado. Minha atividade política tem estreita relação com o movimento, do qual me afastei quando este decidiu ampliar suas ações para além da luta pela reforma agrária. O MST se transformaria em partido político, abrigado no PT, assumindo o papel de vanguarda da revolução socialista brasileira à esquerda da tradicional esquerda brasileira, com vocação nitidamente marxista. Como democrata pluralista não o hostilizo, porque defendo o regime da tolerância ideológica, onde todos possam igualmente professar seus postulados. Algumas atitudes do MST são perfeitamente assimiladas pela democracia. Até a invasão de terras improdutivas, tida como um atentado ao direito de propriedade, é justificável em seus critérios de radicalidade. O que é condenável e desacredita-o é sua ação predatória contra o patrimônio público ou privado. O vandalismo contra um canteiro de mudas da Aracruz no Rio Grande do Sul e a recente devastação de um laranjal no interior de São Paulo, estão longe de um partido revolucionário e muito perto de uma organização com características anarquistas ou completamente acéfala. Estes atos de destruição gratuita subvertem a ordem e remetem-no ao obscurantismo social e à clandestinidade política. As reformas e as revoluções nascem dos sonhos e até da utopia, mas só se consolidam na prática de atos calculados e possíveis, tendo como objetivo comum o bem-estar das pessoas.Por isso não creio que esta explosão de ódio e improvisação do MST seja produto da cabeça de um Stedile ou Egídio Brunetto.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Aconteceu a 8 de outubro

Um pouco da História do Estado do Pantanal

1886 – Inaugurada estrada Campo Grande-Porto XV de Novembro.

Foi uma verdadeira odisséia a construção dessa estrada boiadeira. Seu incorporador foi Manoel da Costa Lima, que a abriu para tirar o Estado do isolamento e transportar o vapor Carmelita, lancha a motor, adquirida no Paraguai, com a qual iniciaria o serviço de travessia do rio Paraná. De Concepcion a Campo Grande, “navegara rio Paraguai acima, penetrando no rio Miranda e depois no rio Aquidauana, ancorando na fazenda Sto. Antonio na barra do Taquarussu. Com 200 bois de carro emprestados e 20 peões escolhidos a dedo, praticamente desmontaram a lancha e distribuídas suas partes nos referidos carros, encetaram grande epopéia de leva-la até às barrancas do rio Paraná, na divisa com São Paulo.
Sem dispor de qualquer das ferramentas e máquinas que hoje conhecemos, mas tão somente da força física de homens e animais, de coragem e vontade férrea, serra de Maracaju acima, serra abaixo, brejos e atoleiros, pedreiras e areal, travessias em fundos de vales, viagem lenta e morosa por mais de 60 dias até o arraial de Sto. Antonio de Campo Grande. A lancha fazia parte de seu sonho, a construção de uma estrada boiadeira; era sonho e determinação, teimosia e coragem deste homem, obstinado de realizar uma obra que foi fundamental para o futuro de Mato Grosso e do Brasil.”
A estrada era um sonho que Manoel da Costa Lima acalentava há vários anos, até conseguir autorização do governo estadual e ajuda de colegas fazendeiros. Em Campo Grande reuniu nova comitiva e partiu para a empreitada:
“A abertura foi feita com traçadores, machados, enxadas e facões, de 325 km de caminho bravo de Campo Grande às barrancas do grande rio Paraná. Pagou com sua própria fazenda Ponte Nova, na barra do Inhanduizinho, os serviços do agrimensor francês Emílio Ravasseau.
Manoel da Costa Lima fez novamente penosa viagem, partindo de Campo Grande, buscando a barra do ribeirão do Lontra com o Inhanduí, onde chegaram após 15 dias de trabalho duro e sofrido, transportando a lancha destinada a rebocar as balsas-currais que mandara construir para a travessia do rio Paraná. Nesse local providenciaram a instalação de uma oficina para a remontagem da lancha Carmelita para seu posterior prosseguimento por hidrovia.
Chegando com a abertura da estrada até às margens do grande rio, junto à barra do rio Pardo, ali organizou-se o acampamento com alguns ranchos: o local foi denominado Porto XV de Novembro.
No dia 8 de outubro de 1906, era inaugurada a ligação comercial Mato Grosso-São Paulo, uma estrada boiadeira desbravada entre 1900 e 1906. Depois de pronta, o governo do Estado resolveu oficializar a estrada a qual foi recebida pelo agrimensor José Paes de Faria.” *
A ligação entre Campo Grande e Porto XV, trechos das BRs-163 e 267, donomina-se Rodovia Manoel da Costa Lima, em homenagem ao pioneiro.

* Edgar Zardo, Do Prosa ao Segredo, p 35.

De meu livro DATAS E FATOS HISTÓRICOS do Sul de Mato Grosso ao Estado do Pantanal, Edipan, 2001.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Cultura Inútil (2)

NADAR NA DOR

Chorar de dó, dosar o perigo, dourar a pílula, adorar o labor, elaborar o programa, proclamar a república, republicar a errata, erradicar a gripe, engrupir o golpista, engruvinhar o liso, engravidar a árvore, alvorecer a primavera, arvorar-se de poder, apoderar-se da razão, podar na contramão, contrariar o coração, contrapor o argumento, argüir a testemunha, aguçar a tendência, pender ao vento, padecer no paraíso, paragrafar a prosa, parafrasear o verso, paradoxar o tema, tematizar a crise, crasear a frase, cruzar a linha, alinhavar a desculpa, esculpir a obra, esculcar o escudo, ocultar a verdade, verdejar o branco, verberar o eco, ver de perto o estrago, estranhar o amigo, extravasar o ódio, estrangular o tráfego, traficar a influência, estratificar os dados, transitar sem travas, atravessar sem curvas, trovar sem rimas, turvar a sorte, sortear as vestes, sortir os desejos, surtir os efeitos, efetuar o conserto, efetivar os conceitos, enfeitar os confeitos, conferir os números, confessar o crime, confundir os nomes, nominar os bois, abominar as dores, abonar as faltas, falsear os fatos, fastiar o apetite, fantasiar a vida, vitaminar o prato, visualisar o pranto, vistoriar a sombra, assombrar a casa, sobraçar a causa, soçobrar a soma, assomar a ladeira, assonar os rumores, rumar à esquerda, arrumar a mesa, arrimar o fraco, fracassar no trato, franquear o fraque, fraquejar na hora, orar por santidade, assenhorar-se da verba, chorar de mentira, mitigar a sede, mixar o ruído, mijar na parede, parecer favorável, espairecer recomendável, perecer inevitável, inviolável honradez, notável desfaçatez, reprovável atitude, plenitude ignorada, saúde comprometida, ataúde encomendado. A morte não dói.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Cultura inútil

GÊNIOS GEMINADOS

Tem dias que a gente não sabe por onde começar, terminar é um problema, esquemas não funcionam, fracionam os argumentos, seguimentos se atropelam, assovelam-se os temas, os fonemas desafinam, desanimam inspirações, aspirações debilitam-se, limita-se o improviso, o conciso não propaga, a saga não desenvolve, dissolve-se o pensamento, o advento não aparece, se esquece o decorado, depurado se mistura, a candura se astucia, as manias se repetem, os confetes não convencem, vence a apostasia, a portaria não regulamenta, o penta não chega a cinco, o afinco não persiste, o chiste não faz rir, o pedir sequer convence, os pertences não têm dono, o sono é só pesadelo, o selo não estampilha, a pilha descarregou, o calor não aqueceu, perdeu o porfiante, o confidente entregou, o pastor vendeu a ovelha, a orelha esquentou, marejou na despedida, a saída é só um beco, o seco esturricou, melou o melhor negócio, o ócio não remunerou, calou fundo o silêncio, o consenso retrogradou, se fechou mais uma porta, a torta não saciou a fome, o homem tem ficha suja, a lambuja não pintou, o cantador desafina, desatina o comedido, ofendido não perdoa, garoa não molha o solo, consolo não satisfaz, a paz não traz a trégua, a régua não faz o traço, o braço não sustenta o peso, o teso amolece, cresce o carrapicho, o bicho escapa, o mapa não indica, a dica era furada, a parada é federal, o mal não veio para o bem, ninguém quis testemunhar, compartilhar nem se fala, bala perdida acerta, aperta o nó na garganta, a santa não faz milagre, o bagre levou a isca, a bisca lesou o troucha, a trouxa se desfez, o freguês negou a conta, a ponta feriu o feto, o objeto voador foi identificado, o recado não foi entendido, o marido foi o último a saber e o poeta não pediu desculpa pela completa falta de rima.

sábado, 3 de outubro de 2009

A vingança do Moura Brasil

Por que a gente mata as pessoas que a gente gosta?

O dia em que eu matei o Moura Brasil caiu um dia depois da morte do Ramão Achucarro e um dia antes da morte, também natural, do Antonio Carlos Pastel. Antes eu havia matado o Papa João XXIII. Vítima de um atentado, a 13 de maio de 1981, ao soar o tiro fatal, não tive dúvida, subi à tribuna da Assembléia e compadecido arranquei-lhe o último suspiro. Depois deste incidente o santo padre viveria ainda, mais 24 anos. Alguém, por desinformação ou por maldade, me liga para convidar à missa de 7º dia do Moura Brasil. Eu, mais que depressa, como faria o próprio Moura, antes de aposentar-se, instiguei o instinto de foca, e preparei logo, mesmo tardiamente, um réquiem, abrindo um espaço nesta página para a última homenagem ao colega. O dia que eu matei o Moura Brasi foi o mais feliz de minha vida, ao ligar o rádio do carro e ouvir do próprio Moura Brasil a notícia de que, aos 72 anos, estava vivo e feliz. Fiquei aliviado por ter cometido a irresponsabilidade e segui minha volta para casa, até parar em frente ao cemitério Santo Amaro, atraído por uma pequena multidão que acompanhava um enterro. Era muita gente, só poderia ser de defunto graúdo. Estacionei o carro, desci e dei de cara com uma anciã, com cara de vivandeira. - Oi tia, a senhora sabe quem morreu? - Não tenho certeza, meu filho, mas me falaram que foi um tal de Pau na Mula. Falou isso e sem ligar uma coisa a outra, perguntou-me: Você não é o Sergio Cruz? O Papa e o Moura Brasil estavam vingados.

TWITTER

VIA MORENA.COM, a priimeira tv web de Mato Grosso do Sul deu passo decisivo a caminho da imagem em alta definição.Passou a operar com servidor dedicado. SITUAÇÃO DRAMÁTICA a do deputado Diogo Tita. Não quer deixar o PMDB, mas tem medo de ficar no partido e não conseguir votos para continuar deputado. SUPLENTES DE VEREADORES alvorotados com a PEC do vereadores estão atropelando os presidentes das câmaras que não têm a menor pressa de empossá-los. EDSON GIROTTO não atende jornalistas em seu gabinete. Esta é a reclamação de muitas coleguinhas. Se não atende hoje que é secretário, imagine se virar deputado. CARLOS MARUN, secretário de Habitação é outro que esnoba a imprensa. Sua assessoria marca e não dá retorno. Nada como estar antecipadamente reeleito. O EX-GOVERNADOR Zeca do PT pode prejudicar todas as empresas de comunicação caso consiga suspender na justiça a propaganda oficial. Quer fazer o mesmo que fez no governo dele. LAURO DE DAVI, presidente da Cassems, será candidato a deputado estadual pelo PSB. LUIS CARLOS BONELLI, ex-superintendente do INCRA, também sai para estadual. Os dois deixaram o PT.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Aconteceu a 01 de outubro

Um pouco de História do Estado do Pantanal

1777 – Assinado Tratado de Santo Ildefonso. A rainha de Portugal e o rei da Espanha, seu irmão Carlos III, firmam o Tratado de Santo Ildefonso, que a exemplo do Tratado de Madri de 1750, reconhecia os rios Paraguai e Guaporé como limites de suas possessões na América do Sul. “Portanto – informa Lécio G. de Souza – os territórios da margem direita do primeiro dos rios voltavam a ser espanhóis e, assim, tanto Coimbra com Albuquerque estavam fora dos domínios lusitanos.” O governador da província de Mato Grosso, Luis de Albuquerque e Cáceres, desrespeitou o tratado:
“Não era norma albuquerquiana retroceder e o seu arbítrio de se manter ao ocidente do grande rio, calcado em atos de posse anteriores, não iria sofrer qualquer recuo.” 1

1912 – Costa Marques em Aquidauana. A vila de Aquidauana, recém alcançada pelos trilhos da Noroeste, procedentes de Porto Esperança, recebe a primeira visita de um presidente de Estado. Trata-se de Joaquim Augusto da Costa Marques, que em sua mensagem à Assembléia inclui o seguinte depoimento sobre a povoação:
“No dia 1 de outubro partimos de Miranda e chegamos a Aquidauana. Esta vila, de recente fundação, é entretanto, atualmente, a maior e mais populosa do Sul do Estado. É dividida em duas partes pelo formoso rio Aquidauana e a comunicação entre uma e outra é feita por meio de uma pequena barca-pêndula. Reclamam os seus habitantes e a municipalidade a construção de uma ponte que realmente é muito necessária para facilitar essa comunicação entre o importante bairro da margem esquerda com a povoação da margem direita, e que muito desenvolverá também o seu comércio, feito por via terrestre e já bastante animado com os municípios de Nioaque, Campo Grande e Bela Vista. O 5º Regimento de Artilharia que ali tem sua sede, está aquartelado sobre a margem esquerda em uma casa velha de telha e outras de capim que despertam a idéia de um acampamento provisório, e que está em desarmonia com a beleza e propriedade do local. A vila está bem situada, o seu clima é bom e o seu futuro prometedor. Já se notam muitos prédios novos e muitos outros em construção, sendo bem delineadas e cuidadas as suas ruas e praças. A Estrada de Ferro Noroeste que ali tem uma estação, pretende estabelecer nessa vila as suas oficinas, tendo a edilidade lhe oferecido terreno apropriado para esse fim.
As escolas públicas dessa localidade, sendo uma de sexo feminino e outra de masculino, estão instaladas em casas particulares, alugadas. Por falta de uma casa, ainda não se pode instalar outra à margem esquerda do rio, cuja população escolar já comporta uma boa escola, e o Governo, de acordo com a municipalidade está tratando de adquirir uma casa nesse bairro para esse fim, pois atualmente as crianças são obrigadas a fazer, com risco e perigo, a passagem do rio para freqüentarem as escolas existentes na povoação da margem direita. É muito necessária a construção de um bom prédio destinado ao funcionamento das escolas reunidas, dado o aumento crescente da população dessa vila. A cadeia pública de Aquidauana, conquanto uma das melhores que encontrei no sul, não satisfaz e não tem compartimento para prisão de mulheres.
Mandei melhorá-la e construir ao lado cômodos para alojamento da força policial e murar o quintal. A municipalidade de Aquidauana ainda não tem casa própria. A estação telegráfica tem um aspecto agradável, porém é muito pequena em relação ao movimento do serviço. A vida é cara e o aluguel das casas bastante elevado, devido ao rápido aumento da população e morosidade das construções por falta de material e operários. Há várias casas de negócio regularmente sortidas, tanto na margem direita como na esquerda do rio. Visitei entre outros estabelecimentos particulares uma boa instalação a vapor para o fabrico do pão e da massa e torrefação de café. É a melhor que conheço no Estado e está na povoação na margem esquerda. A principal indústria deste município como de todos os outros do sul do Estado é a pecuária e a sua população bovina foi ultimamente calculada pelos principais criadores e pelo intendente em cerca de 126.000 cabeças; eqüinos 2.800; muares 450; caprinos 250; lanígeros 600; suínos 2.500.”
Na mensagem presidencial uma preocupação com o meio ambiente local:
“Notei e por toda parte reprovei, o mau costume que ali se tem, de se estabelecerem as habitações à montante das cabeceiras, prejudicando imensamente as vertentes, algumas das quais já estão quase extintas. É que essa gente confia demasiado naquela ubérrima e opulenta natureza, e por isso não pensa nem acredita que ela possa esgotar-se, nem sabe avaliar o mal futuro que a si próprio está fazendo.” 2

1 - Lécio G. de Souza, História de Corumbá, p 36.
2 - Album Gráfico de Mato Grosso, 395.

De meu livro DATAS E FATOS HISTÓRICOS do Sul de Mato Grosso ao Estado do Pantanal, Edipan, 2001. pp351, 352 e 353.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Honduras vencerá!

O twitter abre espaço para uma discussão esclarecedora sobre o golpe de Estado em Honduras. Aqui no Brasil o episódio foi, equivocadamente, reduzido ao lulismo e ao anti-lulismo. Estes chegam ao disparate de tentar justificar a aventura institucional. Alguns ousam a recorrer a própria Constituição hondurenha em sua arrevesada argumentação, como se uma Carta democrática pudesse autorizar investidas contra o Estado de Direito. Mas vamos aos fatos. O presidente Manoel Zelaya não propôs a reeleição. O que ele fez foi tentar incluir na eleição de novembro pedido de referendo sobre a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte. Por que A Constituição hondurenha é um documento de legitimidade questionada, por sua origem “autorizada” pelos americanos em 1982, em troca de base para os contra da Nicarágua. É possível mesmo que Zelaya tivesse planos de voltar ao poder, mas não à reeleição, até porque a Constituinte que ele propunha deveria ser convocada exatamente para depois de seu mandato. Usou-se a Constituição como pretexto para se rasgar a própria Constituição. Se houvesse qualquer legitimidade na deposição do presidente, com certeza, não teria tido o repúdio unânime da comunidade internacional. A posição do governo brasileiro é a prática da democracia em sua essência. Como líder continental, o país não poderia omitir-se e o faz autorizado pelo ideal de liberdade de seu povo e autorizado pela OEA, ONU e todas as nações livres do mundo. Graças a esta reação determinada, Honduras voltará à normalidade e a paz voltará a reinar no Continente.

Aconteceu a 29 de setembro

1932 – São Paulo capitula. Depois de agitada reunião da cúpula dirigente da revolução constitucionalista, a qual o general Bertoldo Klinger foi representado por Lísias Rodrigues, o comandante militar rebelde “transmitiu a Vargas o telegrama decisivo, omitindo a frase ‘de acordo com o governo paulista’ que o esboço original continha. ‘Com o fito de não causar à nação mais sacrifícios de vidas nem mais danos materiais,’ declarou, ‘o comando das Forças Constitucionalistas propõe imediata suspensão das hostilidades em todas as frentes, a fim de serem assentadas as medidas para a cessação da luta armada.’ Vargas, as 7.43 h, respondeu instruindo Klinger a enviar um emissário ao quartel-general de Góis Monteiro para tratar das providências necessárias para por fim à luta. Klinger então, por uma troca de telegramas, combinou com Góis Monteiro que o tenente-coronel Osvaldo Vila Bela, seu Chefe de Estado-Maior, partiria de automóvel naquela tarde para Lorena, onde seria recebido pelo recém-promovido general Daltro Filho e conduzido até Cruzeiro.” *

* Stanley Hilton, 1932 A GUERRA CIVIL BRASILEIRA, p 321

Do meu livro DATAS E FATOS HISTÓRICOS do Sul de Mato Grosso ao Estado do Pantanal, Edipan, 2001. p 346.

domingo, 27 de setembro de 2009

Solucionando os soluços

Soluções soluçadas

Deu a louca no twitter. Foi uma semana tão agitada com o indiciamento do primeiro Caim no microblog. Matou o Cid Moreira, mas poderia ter sido qualquer um de nós. É uma loucura sem eira nem beira. Todo mundo quer saber, todos entendem, se ignoram, se protegem, se bajulam neste maravilhoso ócio improdutivo. O Minc avisa pro Longen que não vai participar da maratona do dia da divisão. Chega de dividir. Ele agora, depois daquela, só quer saber de prevenir... o Pantanal. Se cana não vai ser moida no Pantanal, então pra que toda esta moagem? Os senadores desta ré-pública estão votando um projeto de lei permitindo a castração química de pedófilos e predadores. A justificação do senador Gerson Camata é a de que esta raça ruim não tem recuperação, o que explica, mas reduz muito a eficácia da medida, pois assim sendo teríamos que decepar as duas mãos do ladrão, que também é irrecuperável . A língua do fofoqueiro, esta seria excluída da punição radical para não haver problema de vagas nas escolas de libras. Quando terminar o seu mandato de presidente deposto das Honduras, o Zelaya pode mudar-se pro Amapá e se candidatar no lugar do Sarney. Ele tem bigode e veio de fora. Está habilitado. Ou vai pro México montar uma banda cucaracha ou fazer papel de Pancho Vila nos seriados antigos. Começou a agressão física aos índios acampados. Antigamente acampavam apenas os cara-pálidas do MST. Hoje o índio também acampa, até que a tampa desta panela de pressão exploda na cabeça daqueles que voluntariamente trocam solução por soluços. Deus me livre e guarde dos humores do guarda.

TWITTER

SCHIMIDT, novo dirigente do PDT em Mato Grosso do Sul concorda que se não fosse a intervenção no diretório regional, seu grupo seria esmagado pelos andresistas do partido. O GOVERNADOR André Puccinelli continua esquentando a cabeça com o ICMS do gá s boliviano. Ele está convencido que a Petrobrás anda sub-faturando o produto e prejudicando o Estado.HORIZONTES d’Versos é o título do novo livro do acadêmico Rubênio Marcelo, a ser lançado no próximo dia 6 de outubro,as 19.30h na OAB. SUCESSO mais da conta a feira de produtos ecologicamente corretos, promovida pela prefeitura de Campo Grande. Ponto para o secretário Edil Albuquerque, do Desenvolvimento e Turismo .BOSCO DE MEDEIROS, o alto astral, entrevistado esta semana pelo Josino Teodoro no Show da Melhor Idade da Via Morena. Para matar saudade e pensar no futuro. SCHIMIDT deixou claro que vai tratar a pão e água o grupo rival do PDT. Deputado que ficar no partido não vai ter preferência de reduto nem garantia de legenda. VÁRIOS EVENTOS marcaram a semana da árvore e a chegada da Primavera em Campo Grande. Plantio de árvores, campanhas educativas nas escolas e distribuição de mudas. Haja verde!

FRASE

A maior mentira do mundo: Quinta-feira, sem falta, o seu carro vai estar pronto.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Fernando Henrique em Tegucigalpa

Esta crise institucional de Honduras é uma lição de direito internacional a quem nunca se envolveu com as entranhadas curvas e atalhos da diplomacia. A concessão de refúgio, asilo ou que nome tenha, ao presidente Manuel Zelaya pelo governo brasileiro não tem nada de anormal. É próprio de país democrata proteger qualquer cidadão que se sentir ameaçado em seu país por questões políticas. O fato que aos olhos da burocracia acadêmica parece inusitado é o fato de Zelaya haver retornado ao seu país, com todo o risco da aventura, para abrigar-se na embaixada brasileira quando poderia exilar-se em qualquer Estado sem nenhum problema para ele, sua pátria e o país que lhe recebesse. O retorno faz parte de uma logística da comunidade democrática internacional, que não apóia o golpe e exige o retorno de Zelaya. Não convenceu o argumento do golpe no golpe, aventado pelos usurpadores do poder. O recurso da cláusula pétrea contra a reeleição é desculpa do lobo pra comer o carneiro. O que Zelaya propunha era uma Constituinte para modificar a carta magna e aí sim, indicar a reeleição. A democracia não é afeita a este tipo de casuísmo, mas o presidente Zelaya estava apenas seguindo uma tendência atual na América latina. Chaves está tentando na Venezuela, onde a oposição lhe derrotou num primeiro referendo, Evo Morales está forçando a barra na Bolívia, Rafael Correa conseguiu no Equador, através de uma Constituinte questionável, o Menen adotou na Argentina, com a revisão constitucional de 1994 e Fernando Henrique, sem disfarce de ordem jurídica, ignorando a opinião pública e valendo-se de um Congresso ilegítimo e agachado,impôs sua continuação no governo por mais quatro anos.

Acenteceu a 24 de setembro

Um pouco de História do Estado do Pantanal

1801 – Suspenso ataque a Coimbra. Tentando tomar a fortificação portuguesa em constantes ataques desde o dia 16 de setembro, o governador espanhol do Paraguai, d. Lázaro de Ribera, ante a brava resistência de Ricardo Franco, apesar da superioridade numérica de suas forças, desisite de sua missão:
“No dia 24, às 3 horas da tarde recomeçou o inimigo o bombardeio com a artilharia das três sumacas e manteve o fogo até às ave-marias. Como se colocaram longe do alcance dos canhões brasileiros, o forte não respondeu ao fogo.
Pelas nove horas da noite, informa Ricardo Franco, o inimigo ‘tocou a retreta, com a sua música de oboé e zabumba’, e do forte responderam os defensores com ‘dois tambores, rebeca e flauta.’
A seguir as embarcações espanholas começaram a descer o rio, ante o olhar atônito da guarnição, que mal podia acreditar no que via: a poderosa frota, com força suficiente para esmagar a diminuta resistência, batia em retirada.
Fato notável foi que em todo o tempo que durou o assédio, durante o qual houve sete dias de intenso bombardeio e três recontros, não sofreu a guarnição nenhuma baixa. Apenas um defensor foi ferido levemente na cabeça por um estilhaço de pedra.
Os espanhóis, em contrapartida, tiveram vinte perdas entre mortos e feridos.
A vitória dos defensores de Coimbra causou o maior entusiasmo em toda capitania, no resto do Brasil e em Portugal.
O governador Caetano Pinto premiou com promoções e oitavas de ouro os soldados que mais se distinguiram.
A Coroa promoveu Ricardo Franco a coronel e concedeu-lhe o hábito de S. Bento de Avis ‘com 300$000 rs de Tença nas comendas vagas.’ (1)

1896 – Ponce em Nioaque. Senador e deputado estadual, Generoso Ponce é o líder inconteste de Mato Grosso nestes primeiros anos da República. Sua presença é sempre marcada por uma missão política importante:
“A atividade de Ponce é incessante. Chega a Cuiabá em fins de julho e já nos primeiros dias de agosto segue para Nioac. Na longínqua localidade do sul, duas parcialidades em desarmonia estão a pique de conflagrar a região, tão remota na época, por falta de transporte. Antônio Fernandes Trigo de Loureiro, há pouco nomeado chefe de polícia, segue com ele. Todos pensam que só a alta autoridade do chefe supremo do partido e sua habilidade, conseguiriam pacificação.
Consagra o ‘Republicano’ de 24 de setembro de 96, o êxito da missão que durara mês e meio:
‘De volta da vila de Nioac, para onde partiram a 12 do mês pp. com o fim de com seu incontestável prestígio pacificar aquela remota região de nosso Estado, profundamente convulsionada por um movimento sedicioso, acha-se o eminente chefe político Generoso Ponce, que mais uma vez patenteou de maneira eloqüente e expressiva o acrisolado amor que consagra à sua terra natal, prestando-lhe na emergência atual e com sacrifício até de sua própria saúde, um relevantissimo serviço, cuja memória permanecerá imperecível na gratidão de seus coestaduanos’.” (2)
O grande aliado de Generoso Ponce em Nioaque e no Sul do Estado era o coronel Jango Mascarenhas.

1915 – Lei garante monopólio da Mate Larangeira. Através da resolução 725, sancionada pelo presidente Caetano Albuquerque, a Empresa Laranjeira, Mendes & Cia, garante a renovação de seu contrato de arrendamento dos ervais do sul de Mato Grosso, até 1926. O contrato seria assinado a 19 de maio de 1916. (3)

Notas:
(1) Carlos Francisco de Moura, O forte de Coimbra, p 51
(2) Generoso Ponce Filho, Generoso Ponce um chefe, p 139
(3) Gilmar Arruda, Círculo da Erva-Mate em Mato Grosso do Sul, p 287

De meu livro DATAS E FATOS HISTÓRICOS do Sul de Mato Grosso ao Estado do Pantanal,Edipan, 2001 pp340, 341 e 342.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Aconteceu a 21 de setembro

Um pouco da História do Estado do Pantanal

1778 – Fundação de Corumbá. Por ordem do governador da capitania de Mato Grosso, com capital em Vila Bela da Santíssima Trindade, e fundada Albuquerque (hoje Corumbá) , à margem direita do rio Paraguai:
“Ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil setecentos e setenta e oito aos vinte e um dias do mês de setembro do dito ano nesta povoação de Albuquerque situada na margem ocidental do rio Paraguai em um assento de terra que decorre para o rio abaixo, e dista a mesma formalidade uma légua pouco mais ou menos aonde o sargento Mor comandante Marcelino Roiz Camponez em observância das ordens do Ilmo. e Exmo. Sr. Luiz de Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres, governador e capitão mór das capitanias de Mato Grosso e Cuiabá, tendo consigo o capitão mór das Conquistas João Leme do Prado e as pessoas abaixo nomeadas e assinadas e o dito sargento mór comandante tomou posse para a Coroa de Portugal mandando levantar uma cruz de pau de lei, limpar terreiro, fazer quartel e acender fogo, caçar nos matos vizinhos, pescar no rio e passear de uma e outra parte do dito terreno dizendo em vozes altas, primeira, segunda e terceira vez: ‘viva el Rei de Portugal’; cujas palavras em igual voz todos os circunstantes repetimos outras tantas vezes. E para de tudo constar aos vindouros mandou ele dito sargento mór comandante fazer este auto que assinou adjunto o capitão mór das Conquistas com os assistentes o alferes dos granadeiros Salvador Roiz de Siqueira, o sarg. da ordenança Manoel Pereira da Silva e os soldados dragões Manoel Jose Correa, Joseph Joaquim de Almeida, Manoel Barbosa e o sargento da Companhia de Pedestres Alexandre Ferreira Neto: Jose Fontoura de Oliveira, que o escrevi e assinei nesta povoação de Albuquerque aos vinte e um dias do mês de setembro de 1778.” (1)

1929 – Circula o primeiro diário de Campo Grande. Tendo como diretor o advogado Eduardo Olímpio Machado, circula a primeira edição de O Diário do Sul, de propriedade da Empresa Jornalística Diário do Sul Ltda. O jornal dedicava-se à propaganda do Centro Cívico Campo-Grandense. (2)

Notas:
(1) Lécio G. de Souza, História de Corumbá, p 120
(2) Rubens de Mendonça, História do Jornalismo em Mato Grosso, p 72

De mwu livro DATAS E FATOS HISTÓRICOS do Sul de Mato Grosso ao Estado do Pantanal, Edipan, 2001 pp 337 e 338.

domingo, 20 de setembro de 2009

Quem planta cana, colhe tempestade

O perigo não é plantar cana do Pantanal. O perigo é moer cana no Pantanal. O que precisa acabar mesmo é com esta moagem de plantar cana do Pantanal. O Pantanal é intocável. Só o Almir Sater pode tocar o Pantanal. Só a pata do boi pode tocar o Pantanal. Só o jaburu pode cagar no Pantanal. Desenvolvimento sustentado é desculpa para transformar o serrado em carvão Pelo sim pelo não, vamos dizer não. Não ao horário eleitoral gratuito, não às proibições em geral e ao senador cara-de-pau que queria a identificação dos doadores de grana para a campanha eleitoral. Melhor seria a liberdade total da campanha eleitoral, com a volta dos bonés e camisetas, dos comícios animados e dos papéis pregados no poste. A campanha é a festa da democracia. No Brasil as campanhas mais parecem um velório, com vivandeira e tudo. O deputado deu-se ao luxo de atirar a cartilha no lixo. É que segundo ele, a cartilha desaprende. Eu desaprendi lendo jornal, ouvindo rádio e discurso de deputado. Não sou o Armandinho mas dou minhas tuitadas. Não sou o Antonio João mas tenho cá os meus canteiros. Na próxima quero voltar pau de arara pra ver se viro presidente. Quero voltar chuva grossa para me tornar enchente. Ninguém aí vai fazer campanha para os refugiados de Santa Catarina? O Sarney não renunciou, não foi cassado e o caso Sarney parece coisa do passado. Você é contra a nomeação de parente? E se fosse o seu parente? Não ponha sua mão no fogo, nem atire a última pedra, nunca diga sim, nunca diga não, talvez você precise dos dois. Deixe sempre pra depois. Se não fosse pra esperar não haveria fila. A fulana anda fula com esta minha fala fina.

Odilon,um político independente

Por curiosidade o seu nome foi parar na última pesquisa do Ibrape. Alguém o indicou ao Paulo Catanante, diretor do instituto de pesquisa e este inseriu-se como candidato ao governo do Estado e ao Senado. Na primeira surpreendeu com razoáveis 5%, o que não deixa de ser considerável para quem nunca havia sugerido a possibilidade de pleitear um cargo eletivo. Para o Senado, foi simplesmente revelador, nunca inferiores a 14% em quaisquer cenários, deixando para trás políticos calejados como o deputado Valdemir Moka, o senador Valter Pereira e até o pré-candidato da oposição Dagoberto Nogueira, que perde para ele na região da grande Dourados . Tido como paladino da justiça, pelo destemor com que enfrentou o crime organizado, o contrabando e o tráfico de drogas, Odilon de Oliveira ganhou notoriedade nacional, quando a grande imprensa mostrou o esquema de segurança que garante sua vida, ameaçada pelas organizações criminosas que ele, corajosamente, combate.Nordestino de Exu, no Pernambuco, fez o curso de Direito na antiga FUCMAT, atual UCDB. Ele que quando chegou a Mato Grosso na década de 60, ainda adolescente para trabalhar na roça em Jaciara, não sonhava ser juiz e nem mesmo tinha a menor noção do que seria a magistratura, viria a se transformar num dos mais conceituados juizes federais do Brasil, poderá, caso aceite esta reviravolta em sua trajetória, tornar-se a novidade nas próximas eleições, como candidato a senador ou mesmo a governador do Estado. As pesquisas mostram isso e criam uma alternativa para o eleitor, que preferir um político independente para votar em 2010.

De Salomão a Poncio Pilatos

O governador André Pucinelli, depois de quase um ano esquentando a cabeça com o problema do candidato ao Senado do PMDB, esta semana, conseguiu colocar o ovo em pé. Com uma decisão salomônica, lavou as mãos, transferindo a decisão entre o senador Valter Pereira, que pretende a reeleição e o deputado Waldemir Moka, preterido há três eleições, para uma prévia entre os filiados do partido em todo o Estado. O vencedor da eleição será o candidato do PMDB, que tem direito a duas vagas, mas pretende ceder uma delas para um dos partidos ou ao PT, caso numa remota decisão de Brasília, haja uma chapa de conciliação regional. A última prévia que o PMDB realizou em Mato Grosso do Sul foi para a eleição de governador em 1994, quando Wilson Martins foi o candidato vitorioso nas prévias e na eleição contra o então senador Levy Dias. A idéia da prévia naquela ocasião foi então ex-deputado Valter Pereira, que aceitou, sem resistência, a proposta do governador André Pucinelli. A eleição interna deverá ocorrer no primeiro semestre de 2010. Quem perder terá o apoio do outro para deputado federal.

TWITTER

O SECRETÁRIO de Saude do Município de CG, Henrique Mandetta tem uma versão para a H1N1: gripe sarney. Pega toda a família e é dura de sair. A COPAGAZ e outras grandes empresas de Mato Grosso do Sul não patrocinam o futebol profissional do Estado porque não confiam em seus dirigentes. O GOVERNADOR André Puccinelli relutou mas terminou sendo convencido a aderir ao twitter. No começo será atualizado por sua sub-secretaria de comunicação. OS SUPLENTES de vereadores, que reivindicam vagas para assumir, poderão ver seu sonho desmoronar na justiça. É o que sinalizam os presidentes do TSE e STF. VEM AÍ A GRANDE polêmica de instalação de usinas de álcool na bacia do Alto Paraguai, eufemismo para invadir o Pantanal com plantações de cana. FREI GREGÓRIO de Protásio Alves, falecido recentemente, virou nome da rua onde ele construiu na década de 60, a igreja de Fátima, no jardim Monte Líbano. CAMPO GRANDE poderá ter um hospital exclusivo para crianças. A idéia é do vereador e médico Paulo Siufi, cuja iniciativa tem o apoio unânime dos demais vereadores. O PV defende a candidatura própria para governador de MS, mas poderá apoiar candidato de outro partido. A conjuntura dirá.

A maior mentira do mundo: Sua entrevista foi muito boa, logo entraremos em contato.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Aconteceu a 18 de Setembro

Um pouco da História do Estado do Pantanal

1801 – Recrudesce ataque ao forte de Coimbra.
Iniciado no dia anterior pelas tropas espanholas, comandadas por dom Lázaro de Ribera os combates para tomada da fortificação portuguesa tornam-se mais vigorosos:
“...pelas oito horas da manhã, d. Lázaro de Ribera enviou um emissário com a seguinte intimação:
‘Ayer a la tarde, tube el honor de contestar el fuego que V. S. me hizo; y habiendo reconocido que la fuerzas conque voy inmediatamente atacar ese fuerte son muy superiores a las de V. S. no puedo menos de vaticinarle el ultimo infortunio; pero, como los vassalos de S. M. Católica saven respetar lãs leys de la humanidad, aun em medio de lãs misma guerra, requiero, portanto, a V.S. se rinda a las armas de Rey mi Amo, pués de lo contrario, el canõn y la espada decidirán de la suerte de Coimbra, sufriendo su desgraciada guarnicion todas las extremidades de la guerra, de cuyos estragos e verá libre si V. S. conviene com mi propuesta, contestandome categoricamente esta em el termino de una hora.
A bordo de la Sumaca Nuestra Señora del Carmen, 17 de setembro de 1801.
Ricardo Franco, o comandante do forte responde ao governador espanhol:
“Tenho a honra de responder categoricamente a V. Exa. que a desigualdade de forças foi sempre um estímulo que muito animou os portugueses, por isso mesmo a não desampararem seus postos e defendê-los até as duas extremidades ou de repelir o inimigo ou de sepultar-se debaixo das ruínas dos fortes que lhes confiaram; nesta resolução estão todos os defensores deste presídio, que tem a distinta honra de ver em frente a excelsa pessoa de V. Exa.
Coimbra, 17 de setembro de 1801.
Ilmo. e Exmo. Sr. D. Lázaro de Ribeira.”
Esta resposta respeitosamente corajosa “atiçou a ira do comandante espanhol que ordenou mais violento bombardeio que no dia anterior.
Nos quatro dias seguintes continuou a bater o forte de dia e de noite.
Como a nossa artilharia não alcançava as sumacas, os espanhóis as manobravam rio acima e rio abaixo, provocando e vaiando os defensores do forte.
Tão esmagadora era a superioridade do inimigo que houve espíritos timoratos que chegaram a descrer da vitória. O patriotismo e o valor militar de Ricardo Franco, entretanto, sobrepuseram-se a essas fraquezas humanas.
No dia 18, enquanto as sumacas faziam violento fogo contra as muralhas, os espanhóis tentaram um desembarque em canos ligeiras mas foram repelidos com 7 perdas.”
Os ataques sem nenhuma trégua duraram até o dia 24 à noite. (1)

1916 – Gomes vence combate de Água Amarela. O major Gomes, comandando uma força rebelde contra o governo do general Caetano de Albuquerque vence a primeira batalha com o chefe legalista do Sul, coronel Joselito, genro de Pedro Celestino, o principal aliado político do governo:

“O comandante do Regimento Misto, Antonio Gomes, mandou uma patrulha avançada, sob as ordens do tenente Rodrigo Peixoto, que tinha como auxiliar o famoso sargento João Coco, sondar o inimigo. Por sua vez, Zelito fez a mesma coisa, em sentido contrário. O encontro ocorreu no Barro Preto.
Gomes, avisado, manobra rapidamente seus homens, instalando-se junto ao córrego Água Amarela, em local extremamente propício na escarpa dos morros, de tal sorte que a entrada do acampamento era exclusivamente pela Ponte Hu (Ponte Preta). Aí permaneceu em silêncio.
Os legalistas, como disse contavam com uma força heterogênea e armas improvisadas, até facas amarradas em varas compridas, à guiza de lanças. Ostentavam, todavia, indiscutível superioridade numérica, cerca de mil homens contra quatrocentos e não setecentos, como Gomes blazonava. (...)
Ao ultrapassar a Ponte Hu, prosseguiu, vale adentro, sem pressentir que o declive dos morros estava apinhado de soldados inimigos. Na medida em que avançava pela angastura, os rebeldes recuavam pelos flancos, facilitando a penetração. Uma autêntica ratoeira.
Dois pelotões de Gomes contornaram os morros para bloquear a única saída. Quando veio o fogo cerrado, houve inúmeras baixas no regimento invasor. Os homens procuravam em pânico, o caminho de volta pelo desfiladeiro. Seriam todos destruídos não fora a ação de Vicente Jacques, homem bravo, destemido, que resistiu tenazmente ao arremesso inimigo, cobrindo estrategicamente a retirada das tropas governistas. Estas acabaram duramente batidas pelos experimentados guerreiros do major Gomes que, entretanto, registrou algumas baixas, sendo ferido o coronel Ladislau Lima e morrendo, entre outros o destemeroso corneteiro do regimento, abatido no instante em que, numa proeminência do terreno, expondo-se ao perigo, tocava AVANÇAR. No local uma cruz assinala sua bravura, bem junto a uma vetusta bocaiuveira, nascida logo depois, como marco inconteste de homenagem da natureza ao homem valente.
A batalha que começara as oito horas da manhã do dia 18 de setembro de 1916 terminou por volta das treze horas. Como saldo negativo da operação é de assinalar-se a morte do capitão Pantaleão de Brum, irmão de Sérgio, e de um sem número de soldados, além de uma legião de feridos, entre eles o tenente Jacques da Luz, sendo que alguns, com muita dificuldade, conseguiram sair do local. Outros ficaram prisioneiros.”
Os rebeldes seriam batidos no dia 4 de fevereiro de 1917 no combate de Barro Preto, nas proximidades de Miranda. (2)

(1) Carlos Francisco Moura, O forte Coimbra, p 47
(2) Paulo Coelho Machado, A Rua Barão, p 60

Do meu livro DATAS E FATOS HISTÓRICOS do Sul de Mato Grosso ao Estado do Pantanal, Edipan, 2001, pp 333,334,335 e 336.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Aconteceu a 17 de setembro

Alguns fatos da História do Estado do Pantanal

1801 – Paraguai ataca Forte de Coimbra. Sob o comando de D. Lázaro de Ribera, tropas navais paraguaias tentam tomar a fortificação brasileira, então sob o comando de Ricardo Franco:
“Neste último dia pela manhã, observadores postados no pico da Patrulha avistaram a frota espanhola que avançava a todo pano. Eram três sumacas ou goletas grandes e uma menor, armando as maiores três mastros e a menor dois.
Cada uma artilhada com duas peças por banda, de grosso e médio calibre nas maiores e de pequeno calibre na menor. Ao todo 16 peças.
Mais de 20 a 30 canoas paiaguás engrossavam a frota espanhola.
A tropa de desembarque era de 600 homens e uns 100 formavam a tripulação. Contavam ainda com cerca de 200 índios das canoas e mais uma tropa de reforço de 200 homens que seguiu por terra margeando o Paraguai, mas não conseguiu chegar até o teatro das operações em virtude de os campos estarem alagados.
De que forças dispunha Coimbra para repelir os invasores? Apenas 49 praças e 60 paisanos, muitos deles sem condições de luta. A artilharia era pouca e de pequeno calibre: 3 canhõezinhos de 1 libra e 2 roqueiras de ½ libra. As munições e víveres eram escassos e não havia possibilidade de receber reforços e suprimentos em tempo hábil se o cerco se prolongasse. Só havia no forte duas ou três pequenas canoas.
Não resta dúvida de que, computadas as forças em confronto, não havia a mínima possibilidade de Coimbra resistir com êxito.
Quando, pelas 16 horas, as sumacas, ultrapassando o canal de Além da Ilha, iam navegando em direção ao forte, Ricardo Franco mandou hastear a bandeira e disparar um tiro de aviso com o canhão de maior calibre. Prosseguindo, o inimigo, foi disparado o segundo tiro. D. Lázaro fez içar então a bandeira e ordenou o bombardeio do forte, mantendo violento fogo até às ave-marias.
Vendo que a nossa artilharia não os alcançava, fundearam os espanhóis as sumacas na margem oposta ao forte.” (1)

1866 – Força brasileira chega a Miranda. Após vários meses no trajeto entre São Paulo e Coxim e daí para o sul da província, chega finalmente a Miranda a força expedicionária que deveria viver a dramática retirada da Laguna, da qual fazia parte do tenente Taunay, autor do seguinte relato:
“Com uma légua de marcha encontrou-se uma capelinha coberta de telha, que fora respeitada pelos paraguaios e outrora servia de núcleo para a aldeia Grande, ocupada pelos terenas, comandados pelo capitão Pedro da Silva Tavares. Mais adiante achavam-se os vestígios de pequenos aldeamentos, que todos concorriam para o abastecimento da vila de Miranda.
A este ponto chegou-se a uma hora da tarde, acampando-se na praça principal depois de ocupadas pelas repartições anexas as ruínas das casas ainda de pé. A marcha foi de 3 ½ léguas.
A vila apresentava-nos o mais assinalado padrão de ocupação paraguaia. O bonito quartel em parte destruído, a matriz desrespeitada com as paredes derrubadas, as casas quase todas aniquiladas pelo incêndio que por muitos dias lavrou no povoado, contristavam as vistas e davam patente mostra da brutalidade dos nossos inimigos.
A posição de Miranda não tem significação alguma sob o ponto de vista militar: nenhuma condição preenche para que mereça a qualificação preconizada por vários, de chave do Baixo-Paraguai. Considerado quanto à razão sanitária, o local é o pior possível, por isso que é foco de febres intermitentes perigosas. Debaixo pois da influência climatérica a que tem sido sujeita a expedição desde o rio Negro, a epidemia ali adquirida e que já tantas vítimas tem feito na fileira dos oficiais, recrudesce presentemente com grande intensidade, falecendo dela no primeiro mês de estada quatro oficiais e começando a atacar com violência a soldadesca que se conservara até o presente mais ou menos preservada.” (2)

1933 – Anuladas as eleições de 1º de maio pelo Superior Tribunal de Justiça Eleitoral, realizam-se outras para a escolha dos representante de Mato Grosso na Assembléia Nacional Constituinte. São eleitos em primeiro turno: Generoso Ponce Filho, João Vilasboas, Alfredo Correa Pacheco. Em 2º turno: Francisco Vilanova; suplentes do Partido Liberal Mato-grossense: - José dos Passos Rangel Torres, Partido Constitucionalista: - dr. Gastão de Oliveira e o capitão Antonio Leôncio Pereira Ferraz. (3)

Notas:
(1) Carlos Francisco Moura, O forte de Coimbra, p 46
(2) Taunay, Em Mato Grosso invadido, p 84
(3) Rubens de Mendonça, História do Poder Legislativo, 171

Do meu livro DATAS E FATOS HISTÓRICOS do Sul de Mato Grosso ao Estado de Pantanal, Edipan, 2001 pp 331, 332, 333 e 334.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Aconteceu a 16 de setembro

Um pouco da História do Estado do Pantanal

1866 – Tropas brasileiras chegam ao Agachi. A caminho de Miranda, de onde partiria para a fronteira a fim de combater o inimigo em seu território, a força expedicionária acampa às margens do pequeno córrego:
“Às 7 ½ da manhã decampou-se, caminhando 2 ½ léguas em terrenos planos às vezes em outras onduladas até o pouso do Uagaxi, onde se chegou às 11 horas da manhã, formando-se o acampamento da margem esquerda do córrego do mesmo nome, que neste tempo mal deu água para a força. Vai este engrossando por pequenos contingentes, passar no caminho entre Lauiâd e Esponadigo e banhar a pequena aldeia de Quiniquinaos em Uagaxi, a qual fora destruída pelos paraguaios, indo os índios refugiar-se nas brenhas da serra de Maracaju. O rumo médio seguido foi ao O.: o trilho, que ora se alarga nos campos, ora estreita-se, é de base argilo-silicosa, firme pela elevação dos terrenos sobre que é lançado.” (1)

1930 – Inaugurada linha aérea em Mato Grosso. São iniciadas viagens regulares uma vez por semana entre Cuiabá e Corumbá, pela empresa Condor, que utiliza hidro-aviões. (2)

Notas:

(1) Taunay, Em Mato Grosso Invadido, p 83
(2) Rubens de Mendonça, História do Poder Legislativo de Mato Grosso, p 15

De meu livro DATAS E FATOS HISTÓRICOS do Sul de Mato Grosso ao Estado do Pantanal, Edipan, 2001, p 331.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Acenteceu a 15 de Setembro

Um pouco da História do Estado do Pantanal

1866 – Bispo D. Luis chega à fazenda Santa Rosa, do capitão João Caetano Teixeira Muzzi:

“Exa. Rvma. foi recebido e hospedado com um cavalheirismo exemplar e o mesmo sucedeu ao pessoal de sua comitiva. O sr. Muzi com sua muito ilustre consorte a exa. sra. D. Filomena Chaves Muzi cuidaram logo de pedir e obtiveram de S. Exa. a demora de alguns dias na fazenda. Foi uma solução que muito aplaudimos. As forças estavam esgotadas, era necessário afrouxar o arco e o lugar era próprio para isso.
A fazenda denominada Porto de Santa Rosa foi fundada antes de 1850. Fica à margem direita do Brilhante, 12 léguas abaixo de sua vertente. Seus terrenos são acidentados, fertilíssimos, e tem abundância de águas altas, arroios correntosos, proporcionados para fornecerem regos d’água que poderão tocar grandes máquinas; oferece golpes de vista magníficos, pois dos pontos mais elevados se avistam superfícies de vinte ou mais léguas. O caminho mais frequentado é o que vem de Santa Anna do Paranaíba a este ponto e daqui à República do Paraguai. O Brilhante dista 8 léguas do rio Vacaria com o qual vai se juntar mais abaixo e formar o Ivinhema, tributário do Paraná. Seu curso é de 42 léguas mais ou menos e suas margens assim como a de outros rios são habitadas pelos selvagens das tribos coroados, canjuaz, guarani e canguaz.
A casa de vivenda é ótima: bem construída, espaçosa e ornada de elegantes móveis. Os cômodos são excelentes e tão convenientemente divididos, que sendo ocupados por hóspedes, ficam estes inteiramente independentes da família. Há outras casas próprias para mantimentos; um engenho de cana, olaria, tenda de ferreiro e estava em começo uma casa de serraria bem montada. A fazenda aformoseada por árvores frondosas e circundada de muitas fruteiras, notando-se muito gosto nas partes componentes dessa bela morada, devido ao natural, ativo e industrioso de seu proprietário que entende de tudo um pouco e exerce um pouco de todas as profissões.
Exa. Rvma. celebrou e pregou uma vez e deu o crisma a 60 pessoas, 32 do sexo masculino e 28 de feminino. Eu também celebrei uma vez e fiz além disso 4 batizados e dois casamentos.”
No dia 20 a comitiva deixou a fazenda Santa Rosa rumo a Vacaria e Campo Grande, termo de sua primeira viagem ao Sul do Estado. *

* Luis Philippe Pereira Leite, Bispo do Império, p 172

Do meu livro DATAS E FATOS HISTÓRICOS do Sul de Mato Grosso ao Estado do Pantanal, Edipan, pp 329 e 330.