domingo, 14 de dezembro de 2008

Delações Dilatadas

DELAÇÕES DILATADAS

O preço de uma lágrima é uma dor, o apreço por um amigo não tem preço, o apresto é apenas o começo, o avesso é o mais próximo do lado certo, o avisso é o mais distante do deserto, perto e longe tem a mesma distância, curto e longo têm o mesmo tamanho, surto e sereno têm o mesmo impacto, fato e fatal as mesmas consequências, anuência e recusa o mesmo sentido, o lido e o sabido o mesmo teor, a teoria e a prática e mesma consistência, a autoria e o plágio o mesmo tom, o som e o eco a mesma origem, o bom e o treco o mesmo calor, o suor e o pranto o mesmo tanto, o santo e o pecador o mesmo ventre, o canto e o cantador a mesma toada, a atoada e a verdade o mesmo fito, atordoada e normal a mesma foto, imoto e agitado o mesmo feto, reto e encurvado o mesmo destino, destinado e a esmo o mesmo endereço, adereçado ou simples o mesmo valor, valorizado e depreciável o mesmo juro, jurado ou réu o mesmo papel, papelão e postura a mesma altura, fissura e fricção a mesma aflição, pressão e prisão as mesmas paredes, pareio e adiante a mesma parada, pirada ou normal a mesma cabeça, cabeçada ou sucesso o mesmo processo, processado ou natural a mesma natureza, naturalizado ou nativo a mesma terra, enterrado e exumado o mesmo corpo, corporal ou incorpóreo as mesmas dores, as flores e o espinho a mesma planta, plantando e colhendo a mesma safra, safrão e leme o mesmo remo, rima ou o inverso tudo é verso, versátil ou mono dão o mesmo sono. W. Bush, quem diria, poderá assumir o governo provisório do Iraque.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Correntes Recorrentes

O homem preso está livre das penas, pequenas doses grandes porres, morre um nascem dois ou três, o mês pelo menos uma vez tem vinte e nove dias, a fatia reduz o tamanho do bolo, consolo de tolo conversa fiada, tirada engraçada nem sempre dá riso, piso encerado quase sempre desliza, camisa suada missão cumprida, comprida a estrada triunfo na chegada, queixada no mato milho na ceva, selva de pedra palha de aço, traço torto linha reta, meta frustrada vida salva, malva macerada dor curada, virada de mesa vigor comprovado, parado no tempo rumo ao passado, passado o perigo alívio vigiado, vingado na primavera maduro no outono, sono pesado pesadelo à vista, vista grossa fina inveja, reserva exaurida vidas em jogo, fogo apagado brasa acesa, mesa em falta cartas na mesa, presa afiada prosa afinada, pancada acertada caça abatida, ferida aberta infecção certa, acerta a conta tira a prova, inova o discurso aumenta o recurso, percurso longo passadas curtas, encurta o caminho quem pega o atalho, baralho viciado jogo da sorte, consorte infeliz parceria desfeita, estreita visão mundo pequeno, veneno letal dose única, a tônica da oração faz a compreensão, compressão não reduz o tamanho, amanho não desperta a paixão, compaixão não apaga o remorso, esforço disperso resultado reverso, reverso desativado tragédia anunciada, cansada de guerra escudeira da paz, satanás acampou no coração do incréu, o créu virou dança de salão, o pão que o diabo amassou não é manso. Tão útil quanto uma palestra do W. Bush.

sábado, 29 de novembro de 2008

Concorrentes sem correntes

O homem livre está preso às convenções, convencem as conversações menos convertíveis, a convexidade não convém ao côncavo, a concatenação não contêm a contento, a contestação contem o contexto, o contérmino contamina o contendor, o conterrâneo compartilha a companhia, o compassivo compatibiliza a compaixão, o compadrio compagina a cumplicidade, a complexidade complica o complô, o comportável conforta a composição, o composto comporta o comparativo, o comprativo comparte o compêndio, a compenetração compreende o consciente, o conscrito circunscreve a circunferência, o circunspecto circunflui o circunlóquio, a circunfusa difunde o bioma, o biométrico bina o biótipo, o biodegradável sequestra o carbono, o carboidrato requesta o colesterol, o colete defenestra o projétil, o projeto não prevê o improvável, impróvido não provê o impávido, o impassivo não passa despercebido, o desperdício desperta o passivo, o passional é passível de passe, o passante é visível, o passado é possível, o pesado é temível, o pisado é sofrível, o posado é risível, o pausado é inteligível, o prosaico é cabível, a cabine é cabal, o canal é comprido, o cumprido é legal, o comprado tem preço, o compadre tem apreço, sem padre tem terço, com tercios não há disputa, com terçol não há visão, o terciário é o primeiro, o terção dá melhor muda, a moda imanta o modo, a mídia mitifica o medo, o mudo mitiga a dor, o miúdo cresce no andor, o andador pisa no passo, peço pra me retirar. Vou assistir a posse do kinta kintê no reino da casa branca.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Dilatações deletadas

A sobra dos olhos são as lágrimas e a remela, da gamela a gulodice e o desperdício, do bulício a bala perdida e o corpo no chão, da canção os acordes inúteis e o desafinado, do pecado o remorso e a clemência, da prudência o cuidado e a rotina, da colina a sombra e a paisagem, da pesagem o excedente e a tara, da cara o sorriso e o rubor, do fervor e paixão e o sentido, do ferido a dor e o gemido, do remido o passado e o futuro, do auguro o perdão e a tranquilidade, da ambiguidade o errado e o certo, do deserto o oásis e o camelo, do novelo o carretel e o nó, do forrobodó a confusão e a poeira, da feira o pregão e o preço, do apreço o abraço e o sorriso, do juizo a sensatez e a reflexão, do coração o exagero e o amor, da flor o cheiro e o espinho, do caminho a curva e o atalho, do pálio o luxo e o requinte, do acinte o revide e o efeito, do feito a verdade e a bravata, da cascata a pedra e o fosso, do pescoço o gogó e o gogo, do fogo o calor e a fumaça, da desgraça a lição e o exemplo, do templo o pastor e o sino, do genuíno a pureza e o inédito, do crédito o spc e o serasa, da casa o alpendre e o dono, do sono o sonho e o pesadelo, do selo o envelope e o carimbo, do nimbo a chuva e o raio, do ensaio a repetição e o erro, do desterro a saudade e o retorno, do contorno a distância e a pressa, da promessa a expectativa e o malogro, do logro a decepção e o ódio, do pódio o champanhe e o prêmio, do grêmio o síndico e a taxa, da faixa o escrito e o pau, do mal o bem que pode fazer. Cuidado, George Y. Bush vem aí.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Princípios precípuos

A alma dos mortos habita outros planetas, plana a pedra atirada no espaço, espaçonaves ruidosas aterram na terra, terrenos baldios encerram viroses, virolas metálicas enfeitam o cadáver, cadavas fumegantes indicam ruína, ruindade recente semente do mal, malfeito bem feito agente do diabo, diábolo brinquedo diabólico, diabolepsia assola os solertes, solércia dá nos gramados, gramática pragmática na linguagem coloquial, colóquios audazes na alcova, alcoviteirices nas manhãs de domingo, domingas floridas nas noites de setembro, setêmplice afiada na jugular do fiador, fiado enfiado em ritmo de fado, fardo pesado praga de sogra, soga estirada dreno de lágrimas, lacre inviolável segredo em risco, arrisca quem não segue a risca, arisca não pega a isca, faisca não esquenta água, mágoa doi mais que dor de dente, dentre avós a voz da razão, racionar o pão de cada dia, racionalizar os atos do dia-a-dia, arraçar os animais, arrazar os desafetos, desafetar a área, desinfetar o pedaço, desinflar os excessos, desinsetar o recinto, recintar a vestimenta, revestir as paredes, investir na bolsa, embolsar as sobras de campanha, embalsamar as almas penadas, penalizar as transgressões passadas, passar a mão na cabeça, cabecear e balançar a rede, redar na maré mansa, mansidão na turbulência, turbidez na claridade, clareza na providência, próvido nas decisões, provido nas emergências, provindo da dissidência, provisório na pendência, pendido na previdência. Se preferir, Jesus Cristo pode voltar filho de banqueiro.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Precipícios precipitados

A lua é dos namorados, a rua é dos deserdados, a grua é dos mais pesados, a falcatrua é dos acordados, nua e crua é a verdade, vaidade desprezível, validade aprazada, volatilidade contida, virilidade virtual, verissimilitude contestada, vulcanicidade desativada, desatinada decisão, dissídio coletivo, decíduo lúcido, dissertação inútil, dissecação infrutífera, direção perigosa, dileção duvidosa, delação premiada, dilapidação permitida, delegação forçada, deleitação merecida, desleixação evitável, desligação discutível, deslindação improvável, deslize contornável, deslimite abominado, abonado limite, abanado calorão, abandado intrujão, abundado calipígio, abintestado detestável, abioceno habitável, abiogênese permitida, premissa falsa, preeminência provisória, preexistência imprecisa, permanência proibida, probidade contradita, probabilidade afastada, localidade infestada, moralidade infectada, facilidade ofertada, dignidade afetada, pluralidade adversa, diversidade perversa, diversão descontraída, diversas aplicações, deveras enganado, devastado devesal, devisado o quadro, desavisada a quadra, desavindo o quadrado, desavistado o quadrante, desarmado o beligerante, desalmado o crente, desanimada a pressa, desativada a prensa, censurada a imprensa, curada a doença, tirada a diferença, inteirado do fato, estirado na ladeira, estiolado da fadiga, estiomenado pela ferrugem, estipulado na contagem, estivado na pesagem, estorvado na viagem. Josef Goebels acaba de conseguir asilo na embaixada da Venezuela.

domingo, 2 de novembro de 2008

Independências

PRECEITOS PRECIFICADOS

Quanto terei que pagar pra nunca ter que chorar, resgatar velhas lembranças, regatear nova esperança, regalar o privilégio, resvalar ao paraíso, relevar o meu futuro, retaliar meu inimigo, retalhar o infortúnio, retesar minha libido, liberar o meu talento, tilintar o meu alarme, alarvejar o sentimento, sentenciar a culpa, desculpar o inocente, inocular o encanto, desencantar o sono, sonorizar o ambiente, ambicionar o melhor, melhorar a fachada, fachear a madeira, faxinar a soqueira, fascinar a parceira, fatiar a touceira, fatejar a coceira, festejar a fogueira, fatigar na carreira, carrear simpatias, acertar profecias, professar heresias, heredar proficiência, protestar obediência, procrastinar ingerências, ingerir experiência, inserir paciência, inferir da ciência, cientificar o inferior, quantificar a inferioridade, quantizar a velocidade, cotizar as veleidades, velejar vales ignotos, ignorar certas verdades, verdejar incertas cores, coroar o certo, certificar o justo, ajustar as contas, ajoujar as pontas, enjaular as feras, ferrar os bois, forrar o escravo, cravejar a ferradura, cravar a estaca, crivar de balas, cruzar a faixa, enfeixar a lenha, alinhavar o pensamento, enlear os inocentes, inovar frequentemente, frequentar a festa, festoar o pavão, festonar a gruta, fetichizar o grupo, feudalizar a terra, enterrar o ódio, exumar o ócio, examinar o fóssil, azedar o dócil, enganar o capadócio, esganar o rócio, rociar o rocio, roçar o mato, maturar o mote, motejar o mito, misturar as coisas, coisificar os casos, casar os interesses, interagir as vontades e votar contra. Última notícia: a Gestapo acaba de soltar o Bush.

sábado, 18 de outubro de 2008

Independências

DESFEITAS REFEITAS

As torres gêmeas ainda gemem, as cores tênues ainda tremem, tremulam as flâmulas flamejantes, flanam os sem destino, flanqueiam os sitiantes, flautam os afinados, reverenciam-se os finados, afinam-se os interesses, afiam-se as lâminas, enfiam-se os argumentos, fiam-se as aptidões, filiam-se os militantes, falem os inadimplentes, falham as tentativas, falece a eficiência, difere a falácia, defere o requerimento, confere o cálculo, calcula o prejuízo, inculca o juízo, ajuíza a ação, aciona o juiz, ajusta as contas, contamina o meio, casa em maio, imita o mio, imanta a ventura, intenta o projeto, inventa o recesso, comenta o processo, perverte a rotina, reverte a situação, situa-se no espaço, especifica o peso, estabelece o piso, monitora o pouso, ministra a pausa, causa o transtorno, acusa o retorno, usa o contorno, mora no entorno, entorna o caldo, retorna ao ponto de partida, parte do princípio, precipita a decisão, participa a condição, condimenta o alimento, biodegrada o elemento, elimina o sofrimento, purifica o ambiente, habita o âmbito, habilita o hálito, acolita o alcoólico, insulta o insólito, consulta o hipólogo, ausculta o ufólogo, assusta o filósofo, curta o bucólico, encurta o caminho, sozinho e sem rumo, ruminando o medo, medindo o medíocre, medicando o malévolo, amoldando o maleável, mal entendendo o explicável, explicações à parte, particularidades à vista, vistorias in loco, loquacidade vazia, vasilha repleta, receita aviada, ávida espera, esfera restrita, restrições restauradas. Bush está na área cantando ária e tocando lira.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Indecências

DEFEITOS DESFEITOS

A praça é do povo, o mar é do polvo, o céu é do corvo, a curva é do rio, a carva é do caminho, a serva é do dono, a selva é da caça, é ceva é do caçador, a cevada é da cerveja, o cevalho é do trigo, o trago é da sorte, o sorteio é do azar, a sortilha é do dedo, o dado é do momento, o memento é da morte, o memorando é da ordem, o mêmore é da saudade, o memorial é da história, a estória é ficção, a fricção é o atrito, a fixação é doença, ficha suja é fixação, faixa preta não é suja, é bom o boom da soja, seja feita a sua vontade, siga em frente com a maldade, sugue a maternidade, segure o touro a unha, fure a fila, file a bóia, fale a fala, puxe o fole, folheie o folheto, floreie o florete, floresça o amanhã, amanhe a semente, apanhe o sofrente, sosseguem os sôfregos, sofreiem os sáfaros, abram o chafariz, suspendam o safári, safe-se do sátiro, satirize o céptico, assepsie o feto, auspicie o prazer, preze os prazos, solte os presos, corte os preços, apresse o passo, passe o poço, pregue uma peça, peça a palavra, possua o poder, pondere o pendão, penda para um lado, renda-se ao pecado, peque por excesso, excetue o insucesso, suceda o antecessor, antecipe o resultado, resuma o arrazoado, arrase o adversário, advirta o distraído, destrua o empecilho, impeça o impendente, independa de favores, favoreça o favorito, afivele o cinto, sinta o clamor dos aflitos, aflore a fauna, deplore a faina, fane o fanático, fanatize o incréu, incremente o amor livre da cama, livre-se das chamas. Nero acaba de atear fogo no Dow Jones.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Referências

FRASES SEM EFEITO

Lua cheia de saudade, grades que não te prendem a mim, fins que só têm começos, endereço não encontrado, passado não medido, perdido no mato sem cachorro, socorro estão matando o rio, mais frio que cheque de americano, mais insano que internauta, mais pauta que fato, gato por lebre, febre por corpo quente, gente por multidão, balão por bom negócio, ócio mal remunerado, soldado sem quartel, céu abandonado pelas estrelas, ovelhas sem pastor, dor de cotovelo, novelo de adversidades, diversidade sexual, normal anormalidade, verdades verdes, sede de vingança, lambança anunciada, patriotada cívica, típica hipocrisia, agonia lenta, gradual e segura, ditadura necessária, parias paritários, utilitários inúteis, fúteis importâncias, circunstâncias circunvaladas, porradas construtivas, gengivas sensíveis, visíveis cegueiras, caganeira controlada, pomada milagrosa, primorosa imperfeição, eleição sem fraude, frade sem coroa, garoa quente, gente honesta, festa inocente, parente distante, um instante maestro, perto dos olhos longe do coração, razão que a razão desconhece, messe imedível, sensível tijolada, escada sem degrau, mal comigo pior sem mim, o fim justifica os meios, o asseio limpa o feio, o receio atrai o perigo, o castigo vem a cavalo, o intervalo soma as partes, os apartes matam o discurso, o recurso descrê a instância, a ganância é o fim da inocência, a querência é o lar do andarilho, o filho pródigo retorna, a reforma vai ser votada, a estrada será interrompida. Deus manda avisar que não virá para o jantar.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Conferências

EVENTOS EVENTUAIS

Não há doença que a morte não cure, não há amor que a paixão não descure, não há fervor que o déspota não censure, não há valor que o juro não desfigure, não há rumor que o ouvido não apure, não há fragor que a indiferença não conjure, não há primor que a insensibilidade não rasure, não há vigor que a resistência não perfure, não há temor que o diálogo não abjure, não há penhor que eternamente perdure, não há terror que não torture, não há calor que não se ature, não há pior que não se depure, não há melhor que não se augure, não há tremor que não se segure, não há brancor que não se escure, não há pecador que não esconjure, não há escrunchador que não se capture, não há escrapeteador que não se segure, não há rigor contra o qual não se conjeture, não há pudor que um dia não se aventure, não há conciliador que não se amargure, mal vendedor que não fature, sabedor que não procure, torpor que não frature, traidor que não dedure, roedor que não triture, favor que não se mensure, dissabor que não se misture, fiador que não pendure, ardor que não fissure, cantador que não murmure, computador que não se configure, calor que não sature, prior que não se enclausure, confessor que não perjure, refletor que não fulgure, ator que não figure, autor que não prefigure, contador que não comensure, editor que não transfigure, construtor que não inaugure, moldador que não afigure, tumor que não supure, dor que não amargure, debatedor que não desfigure. E você, o que tem a ver com isso?

domingo, 21 de setembro de 2008

Valencias

FURTOS FORTUITOS

Anda em capa de letrado muito asno disfarçado, já diz o velho ditado, ditado pela sabedoria popular, deitado na tradição de ficar, deletado no upgrade, dotado de alma sã, santificado seja o vosso nome, nomeado seja seu parente, perante a justiça seja seu álibi, perarduo não seja o seu dia-a-dia, diáfano não seja o seu salário, salaz não seja sua ruína, ruim não fique pior, piorra não pare de rodar, rodado recicle, recidivo repare, repartido congregue, congruente desfaça, disfarçado desmascare, desmarcado renumere, remunere a mão-de-obra, sobra não deixe faltar, faltas desabone, bonança não deixe passar, passado deixa pra lá, deixa pegue no ar, queixa vale insistir, ínsito é melhor tirar, tirania está na moda, melancia está na mesa, a mesada está no bolso, dividendos estão na bolsa, salvados estão na balsa, o tempero está na salva, os sonhos estão na valsa, o remendo está na calça, o remédio está na farmácia, a massa está sem controle, a praça está sitiada, a graça perdeu o humor, o humo perdeu o sumo, o sumido apareceu, o ruído incomodou, o incomível apeteceu, o impossível não acontece, a messe não floresce, a prece obra milagre, só desce aquele que sobe, sabe o que aprendeu, rendeu o que foi poupado, cedeu o que foi tomado, perdeu o que foi jogado, prendeu o que foi julgado, jugulado silencia, bajulado se delicia, delícia se saboreia, seborréia contamina, platéia vaia e aplaude, colméia semeia o néctar, necrose presume a morte, osmose resume o soluto, o bruto se refina, a sina se cumpre, o sino dobra. Palavras sem nexo perdem-se no léxico.

PÉ QUENTE

O vereador Edil Albuquerque vive o seu grande momento político. Prestes a virar vice-prefeito, surpresa maior está reservada para 2010, quando poderá ganhar dois anos como titular na prefeitura. Esse sim tem estrela.

PÉ FRIO

Campo Grande não foi incluída pela direção nacional do PT entre as capitais preferenciais para investimento eleitoral em 2008. Teruel terá que se contentar com um pronunciamento gravado do Lula.

domingo, 14 de setembro de 2008

Pertenças

CONSORTES SEM SORTE

Mais vale um pássaro voando que dois no alçapão, mão amiga também estapeia, ceia requentada sacia o apetite, convite informal vale uma entrada, passadas miúdas também chegam lá, chorar não devolve o leite derramado, passado não tem futuro, sussurro é maior que discurso acendido, esquecido não há que não possa ser lembrado, combinado sempre sai mais caro, claro nem sempre é aquilo que se vê, vê melhor quem tapa o olho, piolho não dá em cabeça lavada, piada sem graça paga pra rir, fingir que não sabe é sabedoria, nostalgia reabre feridas, aferidas as medidas não ferem a lei, a grei obedece a voz de comando, somando os erros inda dá positivo, motivo não falta para justificar, paralisar se atacar a fadiga, barriga vazia cabeça cheia, peia não prende potranco arredio, pueril já comete o pecado mortal, imortal já conhece a vida depois da morte, forte cedeu ao fascínio do fraco, frasco pequeno pouco perfume, vagalume é quem alumia para trás, paz por pior é melhor que o conflito, frito ou assado o que importa é o tempero, esmero não muda o temperamento, talento se compra na farmácia de plantão, vilão e mocinho fazem a história, memória fraca fortalece a incerteza, certeza inabalável fortes indícios, precipício alcançável sedução incorrigível, o impossível invariavelmente acontece, perece até quem se renova, reprova até quem sabe tudo, tudo que é bom é finito, o infinito tem seu próprio fim, estopim apagado aciona o petardo, tardo e sempre que tardo falho. Nesta idade não há tempo para proverbialidades. Não é verdade?

PÉ QUENTE
O jornalista Wilson Morales é o homem forte da publicidade oficial do município. Nada entra ou sai na mídia sem a sua douta e bem disfarçada decisão. No seu caso, antiguidade é posto.

PÉ FRIO
Por conta de atender à legislação eleitoral o prefeito Nelsinho Trad tem discriminado setores da imprensa local. Estaria a TV Morena, por exemplo, acima dos rigores da lei? Não precisa responder.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Conveniências

PARÁFRASE PARA FRASES

A corda arrebenta sempre no lado mais fraco, saco vazio não pára de pé, a fé move montanha, aranha não cai na própria teia, ceia de pobre também alimenta, tormenta prenuncia bonança, a esperança é a última que morre, quem corre chega na frente, inocente não paga pena, trena não mede saudade, virilidade não fecunda o amor, o calor do afeto não derrete a paixão, a oração arrefece o clamor, a flor com espinho também aromatiza, a camisa rota também protege, exegese é o que melhor traduz, cruz cada um carrega a sua, luas cada uma com seu menestrel, papel cada personagem com o seu, perdeu porque faltou-lhe talento, o fermento intumesce a massa, a farsa também faz rir, competir é o que importa, porta aberta libera a entrada, cada macaco em seu galho, falho o ato é revogado, prorrogado não termina, predomina a força bruta, araruta tem seu dia de mingau, pau que nasce torto morre torto, torto endireita mancando, comando é de quem lidera, pondera quem tem juízo, conciso é fácil entender, conceber é luz divina, sina é identidade, validade tem seu prazo, ocaso é ressurreição, corrimão impede a queda, pedra e cal constroem o muro, seguro morreu de velho, espelho reflete a dor, a cor não muda a verdade, a necessidade faz a lei, só é rei quem tem coroa, povoa quem procria, alivia o analgético, o apologético paparica, purifica a talha, a palha pega fogo, no jogo se perde ou se ganha, apanha quem não ataca, a placa indica a saída, a ferida cicatriza, canoniza-se o beato, o barato sai caro, o anteparo cedeu e o fariseu voltou a ocupar o seu lugar de vilão do evangelho. Deu pra entender?

PÉ QUENTE

O governador André Puccinelli conseguiu controlar o serviço da dívida e trabalhar com superavit de 30 milhões por mês. O que parecia impossível, vai continuar permitindo a folha em dia, pagamento regular de fornecedores e ao luxo de investimentos com recursos próprios. Está valendo o arrocho dos dois primeiros anos.

PÉ FRIO

O ex-governador Zeca do PT deverá ser excluido do programa de tv do partido em Campo Grande. Dados da coordenação da campanha de Teruel indicam que suas aparições estão aumentando o índice de rejeição de sua candidatura. Quem te viu...

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Na frente

O deputado Paulo Duarte é o porta-bandeira do pequeno desfile da elite contrária à mudança de fuso horário em Mato Grosso do Sul. Politicamente, onde estava ele em 2000quando o seu governador Zeca do PT reivientou a idéia? Na prática, por acaso o deputado sabe que o Rio Grande do Sul está na mesma posição de MS (ver meridiano 55)? Pois é, em terras gauchas o sol se levanta e se põe exatamente na mesma hora de
Mato Grosso do Sul, mas o seu horário é o de Brasília, desde 1913. Será que os gaúchos gostariam de mudar de fuso horário?

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Saliências

GÊNIOS GEMINADOS

Tem dias que a gente não sabe por onde começar, terminar é um problema, esquemas não funcionam, fracionam os argumentos, seguimentos se atropelam, assovelam-se os temas, os fonemas desafinam, desanimam inspirações, aspirações debilitam-se, limita-se o improviso, o conciso não propaga, a saga não desenvolve, dissolve-se o pensamento, o advento não aparece, se esquece o decorado, depurado se mistura, a candura se astucia, as manias se repetem, os confetes não convencem, vence a apostasia, a portaria não regulamenta, o penta não chega a cinco, o afinco não persiste, o chiste não faz rir, o pedir sequer convence, os pertences não têm dono, o sono é só pesadelo, o selo não estampilha, a pilha descarregou, o calor não aqueceu, perdeu o porfiante, o confidente entregou, o pastor vendeu a ovelha, a orelha esquentou, marejou na despedida, a saída é só um beco, o seco esturricou, melou o melhor negócio, o ócio não remunerou, calou fundo o silêncio, o consenso retrogradou, se fechou mais uma porta, a torta não saciou a fome, o homem tem ficha suja, a lambuja não pintou, o cantador desafina, desatina o comedido, ofendido não perdoa, garoa não molha o solo, consolo não satisfaz, a paz não traz a trégua, a régua não faz o traço, o braço não sustenta o peso, o teso amolece, cresce o carrapicho, o bicho escapa, o mapa não indica, a dica era furada, a parada é federal, o mal não veio para o bem, ninguém quis testemunhar, compartilhar nem se fala, bala perdida acerta, aperta o nó na garganta, a santa não faz milagre, o bagre levou a isca, a bisca lesou o troucha, a trouxa se desfez, o freguês negou a conta, a ponta feriu o feto, o objeto voador foi identificado, o recado não foi entendido, o marido foi o último a saber e o poeta não pediu desculpa pela completa falta de rima.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Sorvências

GÊNEROS DEGENERADOS

O pai atirou a filha do quinto andar, o luar verteu línguas de fogo, o jogo terminou em tragédia, a comédia não teve a menor graça, a praça virou um campo de guerra, a terra estéril matou a semente, a serpente inoculou o veneno, o sereno ácido secou a roseira, a peneira não segurou o grão, o cão mordeu o dono, o sono tornou-se pesadelo, o camelo morreu de sede, a rede perdeu o peixe, o feixe ficou sem varas, os caras pintaram a cara, uma coivara incendiou a floresta, a festa acabou em sangue, o mangue drenado é hoje a cidade, a maldade prevaleceu, choveu gafanhoto na roça de trigo, o castigo veio a cavalo, de estalo o erro letal, no ancestral o péssimo exemplo, no templo o sacrilégio, no colégio nenhuma lição, na eleição o pior resultado, o deputado vendeu o voto, o devoto negou a promessa, a remessa chegou atrasada, a estrada perdeu-se no atalho, o espantalho perdeu a temeridade, a felicidade ficou sem dentes, o valente valeu-se do fraco, o saco vazio parou de pé, o café amargo esfriou a chaleira, a fieira não alcançou a espessura, a gordura afogou a vaidade, a beldade embranqueceu os cabelos, o novelo emaranhou a linha, a galinha cantou sem botar, o maná apodreceu, emudeceu a voz que não se calaria, a calmaria acordou o vulcão, o vagão descarrilou e arrancou o trilho, o brilho da lua testemunhou o delito, o mito banalizou o medo, o segredo se fez estribilho, o polvilho azedou a merenda, a oferenda era uma carta-bomba, a sombra era o vulto da morte, a sorte chorou a derrota, a rota saiu da rotina, a retina espanou a calota, a marmota perdeu-se no labirinto, o extinto esvaziou o extintor, o impressor danificou o clichê, o saci-pererê quebrou a perna e a baderna eletrônica entrou em curto.

sábado, 2 de agosto de 2008

Clemências

DIVIDENDOS DA DÁDIVA

Devo não nego, renego e aceito, aproveito e aprovisiono, ressono e renovo, reprovo e insisto, resisto e derroto, devoto e consigo, sigo e paro, encaro e passo, traço e apago, salgo e adoço, posso e não peço, avesso e ajeito, suspeito e investigo, desdigo e afirmo, confirmo e desminto, consinto e recuso, acuso e defendo, referendo e ignoro, choro e sorri, perdi e achei, mandei e obedeci, feri e curei, sarei e esbangi, corri e parei, cheguei e curti, comi e me fartei, flertei e fui esnobado, pirado extrapolei, aparei pra não cair, pedi e neguei, furei e fiz reparo, o caro deixei barato, ao fato o desmentido, ao ferido o remédio, ao tédio a determinação, ao coração o consolo, ao dolo o castigo, ao perigo o desvio, ao pavio a faísca, à isca o peixe, ao feixe o barbante, ao talante o prazer, ao poder o limite, ao convite o aceito, ao rejeito o isolamento, ao memento o adágio, ao presságio a tragédia, à comédia o sorriso, ao paraíso o prudente, ao crente a fé, ao pé o chinelo, ao prelo o escrito, ao distrito a querela, à panela o guisado, ao passado as lembranças, à lambança o conserto, ao concerto o aplauso, ao causo o mistério, ao sério o respeito, no peito a medalha, à cangalha o lombo, ao tombo a poeira, à quimera a poesia, à porfia o mediador, ao fervor a água fria, à agonia uma vela acesa, à tristeza uma boa notícia, à malícia a objeção, à vocação o melhor desempenho, ao lenho a escultura, às escuras uma lamparina, na esquina o pecado, ao lado o suspeito, ao preito o reconhecimento, ao momento a resposta, à proposta o exame, ao enxame a colmeia, à platéia a sentença, à ofensa a desculpa, à culpa o perdão. E estamos quites.

domingo, 27 de julho de 2008

Merecenças

DÚVIDAS INDUBITÁVEIS

Quem nasceu primeiro o ovo ou a galinha, a farinha ou o angu, o anu ou o inseto, o projeto ou a projeção, o pendão ou a espiga, a fadiga ou o conforto, o absorto ou ou disperso, o controverso ou o nexo, o convexo ou o enfunado, o canelado ou o liso, o paraiso ou o purgatório, o suspensório ou as calças, a falsa ou a verdadeira, a fieira ou o anzol, o tarol ou as baquetas, a careta ou a face, o passe ou a mágica, a trágica ou a cômica, a mímica ou a fala, a pala ou o anel, o mel ou a abelha, a ovelha ou a lã, a vã ou a ocupada, a chegada ou a partida, a sabida ou a demente, a semente ou a planta, a santa ou a capela, a sovela ou sapateiro, o terreiro ou o pai-de-santo, o encanto ou o desalento, o talento ou a incompetência, a experiência ou a estultícia, a malícia ou a candura, a fartura ou a escassez, a solidez ou a fragilidade, a vaidade ou a modéstia, a moléstia ou o remédio, o assédio ou assentimento, o sentimento ou a indiferença, a crença ou o ceticismo, o anacronismo ou o imediato, o boato ou a verdade, a acuidade ou o alheamento, o fomento ou a desistência, a indulgência ou o castigo, o perigo ou a segurança, a temperança ou o desperdício, o estrupício ou o normal, o sal ou o insosso, o colosso ou o comum, o zunzum ou a zoada, a cilada ou o desafeto, o dileto ou o rejeitoso, o ditoso ou o infeliz, a matriz ou a filial, o mural ou o recado, o riscado ou o transparente, o carente ou o provido, o marido ou a mulher, a colher ou o colher, o temer ou o arrojo, o nojo ou a paixão, a procissão ou o andor, a dor ou a adoração, a indecisão ou o sim, o fim ou o começo, o adereço ou o singelo, o martelo ou a bigorna, a morna ou a ardente, a prudente ou a ávida, a dádiva ou a dívida? Quem sabe?

PÉ QUENTE
O jornalista e publicitário Ulisses Cosenza, assessor de comunicação da FIEMS tem dado extraordinária visibilidade às ações da entidade, inclusive em nível nacional, com acesso a importantes órgãos da chamada grande imprensa. Referência especial ao tratamento dado aos veículos locais, com profissionalismo e sem nenhum preconceito, o que está fazendo enorme diferença no meio.

PÉ FRIO
Os auxiliares do ex-governador Zeca do PT têm-lhes sido dor de cabeça permamente. Das contas do Ronaldo, que não batem, às trapalhadas do Raufi Marques e seus metralhas, cada dia é uma nova bronca que ele tem que incluir no seu cotidiano monótono de político fora do poder. Paga o preço de confiar em pessoas despreparadas para o exercício da gestão pública. Não foi por falta de aviso.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Endoenças

PERMITINDO O PROIBIDO

Do universo um pedaço do céu, do mel a metade do favo, do cravo o perfume da flor, do fervor as graças da fé, no sopé o primeiro passo, no regaço um sono sereno, do sereno uma gota de orvalho, do pálio a melhor proteção, da canção o som mais profundo, do rotundo a esperança de um sim, do carmesim o tom preferido, do comprimido a certeza da cura, na procura o ato de achar, do patamar o topo da escada, da espada o golpe mortal, do total os mínimos detalhes, no entalhe as marcas do tempo, no exemplo o penhor do futuro, no escuro uma luz virtual, de sensual o jeito e o sorriso, no paraíso a última morada, na parada o porta-estandarte, do descarte o ás de ouro, do tesouro as moedas antigas, da fadiga os sonhos mais lindos, o infindo como meio de vida, a partida como ponto a chegar, o legar por objetivo, o conjuntivo a próxima etapa, na caçapa a bola da vez, ao freguês a satisfação, pirão o meu primeiro, ao travesseiro as confidências, clemência somente aos justos, custo ao valorizado, abrandado o sofrimento, condimento moderado, superado o impossível, do imprevisível a esperança, na confiança a certeza, na mesa o prato cheio, do seio o primeiro alimento, do vento a suavidade, da idade a experiência, da carência a adequação, na equação o resultado, do instado a solução, da votação os eleitos, do preito a gratidão, da insolação o calor, no tremor a solidez, do indez a ninhada, na enxurrada o peixe vivo, no crivo a seleção, da pretensão o pretexto, no contexto a razão, da ração o sustento, do movimento a alegria, da alergia a coceira, da touceira as raizes, dos infelizes o desdém, a ninguém o malquerer ou lamber as próprias feridas são pretensões preteridas.

PÉ QUENTE
Deputado Waldir Neves (PSDB) acaba de ganhar um lugar no paraíso. Vai ser nomeado pelo governador André Puccinelli para uma vaga no Tribunal de Contas. Para seu lugar sobe o suplente Marçal Filho (PMDB) que encerra seis anos de purgatório, desde que deixou a Câmara dos Deputados (em 2002) para ser o vice de Marisa Serrano, na reeleição do Zeca do PT. Sorte é pra quem tem padrinho.

PÉ FRIO
Mesmo reconhecendo a ilegalidade da prisão, o Tribunal de Justiça negou pedido de habeas corpus ao ancião Alvino Pedro (79 anos) que continua preso em Bataguassu, pelo crime de deixas suas vacas pastarem am área de preservação ambiental. Enquanto isso não chegaram a esquentar as celas o Daniel Dantas, Celso Pita e Naji Nahas. Está cada vez mais difícil acreditar que o crime não compensa.

domingo, 13 de julho de 2008

Protuberâncias

REFLEXÃO IRREFLETIDA

Pense o que penso, tenso ou relaxado, relevado ou imperdoável, ponderável e imprevisível, visível e oculto, culto ou analfabeto, esbelto ou obeso, no peso ou na medida, desmedida ou prudente, por dentro e por fora, na flora ou na fauna, na sauna e no gelo, em pêlo ou revestido, remido e gravado, agravado ou superior, primor ou imprestável, amável ou grosseiro, faceiro e desengonçado, atilado ou indevido, pedido e negado, desamarrado e prendido, fundido ou retificado, inteirado e incompleto, predileto ou desprezível, previsível e aleatório, peremptório ou indulgente, insurgente e submisso, castiço ou maculado, recatado e dissoluto, absoluto ou restrito, contrito e ratificável, maleável e inflexível, indefectível ou falimentar, quebra-mar e espraiado, apegado ou desprendido, sabido e ignoto, escroto ou invulgar, do lugar e estrangeiro, sobranceiro ou humilhado, abrigado e no sereno, veneno ou antídoto, cíclico e instável, palatável ou repulsivo, cativo e liberto, esperto e mané, maré ou vazante, pulsante ou inativo, atrativo e tedioso, manhoso ou inocente, indigente e provido, desprovido e previdente, concernente ou nada a ver, merecer e depreciar, deprecar ou exigir, colidir e desviar, desvairar ou precaver, permanecer ou cair fora, agora ou depois, a dois e a mil, senil ou vivaz, capaz e inábil, sábio ou idiota, patriota e quinta-coluna, borduna ou metralhadora, duradoura e efêmera, inúmera ou reduzida, induzida e natural, parcial e inteiro, ligeiro e devagar, divagar ou absorto, torto e honesto, festo ou deprimido, comprimido e lasso, fracasso ou sucesso, perverso e generoso. A irreflexão não tem limite.

PÉ QUENTE

Vereador Celso Ianase não será candidato à reeleição. Deverá ocupar uma assessoria ligada à Saúde, a convite do governador André Puccinelli, que vai turbiná-lo para uma vaga na Assembléia Legislativa em 2.010. Ianase já tem sido visto com o governador em solenidades na capital e no interior. Tudo começou naquela viagem à Europa e ao Japão, quando os dois tiveram tempo de conversar bastante.

PÉ FRIO

Vereador Pastor Sérgio (PMDB) que depois de uma votação privilegiada pelos irmãos da Universal e um mandato discretissimo, do ponto de vista da atuação parlamentar, volta pra casa e para o púlpito melancolicamente. Cochilou e não mudou de partido em tempo hábil para concorrer como candidato preferencial da IURB, que tem a sua própria legenda, o PRB.

(Publicado na revista Boca do Povo desta semana

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Incomodado

O presidente da Assembléia Legislativa, Jerson Domingos, foi o único deputado a comparecer à solenidade de entrega das geladeiras do programa Eficiência Energética, iniciativa da Enersul. O ato foi ontem de manhã na governadoria e colocou frente a frente dois inconciliáveis interesses, o da Assembléia Legislativa e o da concessionária. O discurso do presidente disse muito pouco e foi mais curto que coice de porco.
Omissão e ReprimendaO governador André Puccinelli deu um puxão de orelha em sua bancada na Câmara dos Deputados que deixou chegar ao ponto que chegou a ação da CPI do Sistema Carcerário. Os parlamentares federais somente passaram a agir para impedir as repercussões do suspeitável parecer do relator depois que o assunto apareceu em toda a imprensa brasileira e alhures. O deputado Nelson Trad, membro da comissão, sequer esteve em Campo Grande acompanhando seus pares na visita feita à polêmica Colonia Agrícola Penal. Os demais, provavelmente, nem sabiam da existência da CPI. Afinal, são tantas...

Observâncias

INDO E CONVINDO

Não tenha tanta pressa pra chegar, o lugar não é o que se espera, a fera perdeu as garras, as amarras desataram, esgotaram o melhor veio, anseios desvaneceram, perderam o fio da meada, a malhada está vazia, a maria-vai-com-as-outras, as ostras não emperolam, amolam o cantar dos passarinhos, sozinho ou mal acompanhado, calado ou cálido, pálido e afogueado, afogado no chororô, senhor da própria razão, padrão de qualidade, validade extemporânea, conterrânea de desterro, cerro sem atalaia, navalha cega ou amolada, parada obrigatória, ilusória compaixão, compleição ameaçada, escada sem degraus, caos sem profundidade, idade fora da faixa, caixa grande e vazia, tardia tarde de espera, mera coincidência, consciência abastardada, tabuada mal conferida, ferida incicatrizável, instável temperatura, amargura insuportável, potável porém em falta, malta porém ordeira, romeira de pouca fé, maré de muito azar, assar em fogo brando, reclamando por direitos, conceitos mal formulados, baldados todos esforços, reforços ineficazes, vorazes apetites, palpites inúteis, fúteis fatalidades, verdade discutível, incrível facilidade, falsidade permitida, discutida teoria, vilania apreciada, precisada tirania, fidalguia rejeitada, aclamada mediocridade, mobilidade entravada, encravada ferradura, fechadura emperrada, esperada luz do amanhecer, mercê que não cai do céu, créu que também é dança, fiança sem garantia, valia onerada, malfadada companhia, mania de grandeza, certeza de perder, poder sem provisão, previsão de mal estar, parar para refletir e deduzir porque nada dá certo.
Candidato secreto

As rigorosas regras de comportamento impostas por alguns juizes eleitorais pode criar a figura do candidato secreto, aquele que fica proibido de mostrar o rosto durante a camapanha. Em Três Lagoas a prefeita Simone Tebet está proibida de conceder entrevista à imprensa e na eleição passada o então governador Zeca do PT foi ameaçado de prisão por participar de uma carreata. Candidato que for visto na rua em atitude suspeita (pedir voto, por exemplo) por ser enquadrado e ter seu registro cancelado. Democracia é isso?
Vaselina e muçum ensaboado

André Puccinelli passou a chamar o prefeito Nelsinho Trad de muçum ensaboado, depois das articulações para a sucessão municipal em Campo Grande. É que o governador, tido como muito esperto no jogo político, não conseguiu ganhar uma do jovem burgo-mestre. Tentou empurrar o Dagoberto na vice e deu no que deu. Insistiu em burilar as chapas proporcionais e foi discretamente desautorizado. Trad fez tudo a seu jeito, sem nenhum tipo de imposição e muito menos qualquer manifestação de agressividade e violência para ganhar no grito. Os adversários cordiais preferem outro apelido ao prefeito: vaselina.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Artuzatentado

A perícia da policia civil de Dourados espera ter esclarecido o suposto atentado sofrido pelo deputado Ari Artuzi. Os tiros que atingiram o carro do deputado teriam sido disparados contra o veículo parado. A perícia trabalha com a hípótese de alguém ter tido êxito numa operação para danificar o carro do parlamentar pedetista, por razões aparentemente inexplicáveis. Os adversários de Artuzi vão trabalhar com a probabilidade de atentado forjado.
Paternalismo quente

Depois de meter em fria milhares de consumidores baixa renda com tarifas que provocaram verdadeiros curto-circuitos no orçamento dos excluidos, a Enersul decidiu praticar generosidade em reparação ao castigo imposto por tantos anos à população e está premiando cerca de 1.500 famílias com novas instalações e um refrigerador inteiramente gratuitos. O milagre aconteceu na manhã de hoje na governadoria e valeu até discursos do governador André Puccinelli e do deputado Jerson Domingos, presidente da Assembléia Legislativa. Tudo em nome da solidariedade e da economia de energia elétrica.
Economista ou jornalista?

Do deputado Paulo Duarte, um dos mais operantes na atual legislatura, estou recebendo o seguinte:

"Sérgio Cruz, o bom jornalista?

Caro Sérgio Cruz, eu afirmo e reafirmo como cidadão que é formado em Economia, que a mudança do fuso horário não traz melhorias para a economia de Mato Grosso do Sul, com aspectos positivos para a maioria dos trabalhadores. E sim, segundo a classe médica, traz prejuízos à saúde da população.
Sérgio, sou contra a mudança de horário do nosso Estado, principalmente através de um projeto que tramita em regime de urgência. Qual a necessidade dessa urgência toda? Respeito quem pensa diferente e até pela importância do tema, defendo que antes de se votar um projeto dessa magnitude, a população seja ouvida e principalmente esclarecida sobre os aspectos positivos e negativos dessa mudança, e soberanamente, decida sobre o assunto. Ah! ia me esquecendo ... deixa quieto meu diploma, não espana ele não!!!"

terça-feira, 8 de julho de 2008

Só eles?

A justiça federal mandou a PF trancafiar o ex-prefeito de S.Paulo Celso Pita, o banqueiro Nelson Dantas, o empresário Naji Nahas e outros menos ilustres por envolvimento no mensalão que quase complicou o primeiro governo Lula. Tudo bem. E os outros?
Premiando os piores

Tanto a lei Hobbin Hood, projeto do deputado Junior Mochi, como a emenda à LDO que favorece municípios com menor IDHM (Indice de Desenvolvimento Humano Municipal) visam premiar a incompetência de prefeitos que não conseguiram tirar seus municípios da desigualdade financeira. Não existe município pobre, o que há é prefeito ruim. A intenção dos deputados pode ser a melhor possível, mas não deixa de estimular a permanência de políticos medíocres frente às administrações municipais.

Omissãओ total

A omissão da bancada de Mato Grosso do Sul na Câmara dos Deputados, quando se trata de defender interesses e o nome do Estado tem sido lastimável. A sua ausência por pouco não leva ao indiciamento do secretário de Segurança pela CPI do Sistema Carcerário e, não fosse o socorro urgente da Assembléia Legislativa, Goiás teria nos tomado 16 mil hectares de terras férteis na divisa seca de Chapadão do Sul e Costa Rica. O que gostam mesmo é aparecer como papagaios de pirata do governador André Puccinelli. Inclusive os da oposição.

sábado, 5 de julho de 2008

Justiça na Universidade

A decisão da justiça federal em suspender o processo eleitoral da UFMS vai resultar na mudança da data da eleição para reitor inicialmente marcada para 4 de agosto. As principais reclamações da oposição eram a data muito próxima ao final das férias e a exclusão do Conselho Eleitoral do processo. É a primeira derrota do reitor Manoel Catarino Peró. A outra poderá ser a derrota da candidata situacionista. Aliás, esta eleição é o me-engana-que-eu-gosto de uma fraude chamada autonomia universitária, cometida pela ditadura militar.

Desavenças

INDO E CONVINDO

Não tenha tanta pressa pra chegar, o lugar não é o que se espera, a fera perdeu as garras, as amarras desataram, esgotaram o melhor veio, anseios desvaneceram, perderam o fio da meada, a malhada está vazia, a maria-vai-com-as-outras, as ostras não emperolam, amolam o cantar dos passarinhos, sozinho ou mal acompanhado, calado ou cálido, pálido e afogueado, afogado no chororô, senhor da própria razão, padrão de qualidade, validade extemporânea, conterrânea de desterro, cerro sem atalaia, navalha cega ou amolada, parada obrigatória, ilusória compaixão, compleição ameaçada, escada sem degraus, caos sem profundidade, idade fora da faixa, caixa grande e vazia, tardia tarde de espera, mera coincidência, consciência abastardada, tabuada mal conferida, ferida incicatrizável, instável temperatura, amargura insuportável, potável porém em falta, malta porém ordeira, romeira de pouca fé, maré de muito azar, assar em fogo brando, reclamando por direitos, conceitos mal formulados, baldados todos esforços, reforços ineficazes, vorazes apetites, palpites inúteis, fúteis fatalidades, verdade discutível, incrível facilidade, falsidade permitida, discutida teoria, vilania apreciada, precisada tirania, fidalguia rejeitada, aclamada mediocridade, mobilidade entravada, encravada ferradura, fechadura emperrada, esperada luz do amanhecer, mercê que não cai do céu, créu que também é dança, fiança sem garantia, valia onerada, malfadada companhia, mania de grandeza, certeza de perder, poder sem provisão, previsão de mal estar, parar para refletir e deduzir porque nada dá certo.
Nelsinho o vice do André

Por trás da indicação do vereador Edil Albuquerque para vice de Nelsinho Trad pode estar um projeto bem maior que prestigiar a Câmara Municipal. Sendo o Edil da extrema confiança do Nelsinho e do André não se descarta a hipótese deste ser peça de um interessante jogo político, cujo desfecho está previsto para 2010, quando Nelsinho renunciaria a prefeitura (caso consiga se reeleger) para desincompatibilizar-se e ser o vice do atual governador em sua candidatura à reeleição. Edil assumiria a prefeitura para os dois últimos anos do mandato. Um ano antes de seu segundo mandato o governador André Puccinelli deixaria o governo para candidatar-se ao Senado e o Nelsinho subiria à titularidade, com direito à reeleição. Se a conta conferir poderia resultar ainda na probalidade do Edil chegar à prefeitura pelo voto direto em em 2112. Como política e matetmática nem sempre combinam estas possibilidades não deixam de ser um exercício de preparação para o poder.
Paulo Duarte, o mau aluno

Em recente discurso na OAB, contrário à mudança do fuso horário, o deputado Paulo Duarte (PT) disse que é economista e que durante o curso não aprendeu nada sobre a influência benéfica do horário nas atividades macro e micro-econômicas. Eu também estudei economia e aprendi antes do curso que a convenção de Greenwick deu-se muito mais por razões econômicas que propriamente por conveniências técnica e científica. A própria lei que em 1913 oficializou a adesão do Brasil ao sistema internacional, considera fundamental a adoção do meridiano de Greenwich "para as relações contractuaes internacionaes e commerciais." Antes cada cidade tinha o seu próprio horário diluido nas grandes distâncias e na extrema dificuldade de locomoção. A estrada de ferro encurtou os pontos e provocou a padronização do horário. A estrada de ferro, o telégrafo, o relógio, o fax, o e-mail são importantes fatores econômicos que não podem ser ignorados, sobretudo por aqueles que se especializaram na matéria. Significa que o diploma de economista do deputado Paulo Duarte está precisando de uma espanada urgente.

domingo, 22 de junho de 2008

Inclemência

TÃO POUCO TAMPOUCO

O tamanho impressiona, a impresciência castiga, a castiça casa virgem, virga verga mas não quebra, quebreira dá nos mais fortes, forçoso é reconhecer, recolher o esparramado, esparrar a videira, vidairar sobre os fatos, fatejar todos os barcos, abarcar o mundo inteiro, inteirar os orifícios, originar todos os males, malabarizar o perigo, periclitar o seguro, seguro na travessia, travesso no caminho, caminhando sem ter pressa, pressagiando a bonança, bonificando a ousadia, ousando a contestação, contíguo à verdade nua, nuances de suspeição, suspenso de atuar, atual e modernizante, moderado e extravagante, extravasado e contido, contabescente e obeso, obedecente ou rebelado, rebelicar no pecado, pechada na precisão, preciso na direção, direto na conversão, conversa pra boi dormir, dormitivos pra acordar, acordos pra não cumprir, comprido para encurtar, encucar para esquecer, aquecer ou esfriar, esfregar e afagar, afaimar e saciar, saci-pererê ou mula-sem-cabeça, cabeçalho e conteúdo, contido na contramão, contrário às convenções, convalidada a versão, versado em artimanha, artilheiro na reserva, reservável e dispensado, disparado ou lentamente, lenteado e sangrante, sangue-frio ou exaltação, exânime ou vendendo saúde, saudosista ou amnésico, amiude e rarefeito, rarefatível e abundante, abunhar ou esbanjar, esbanzalhar e recobrar, recobrir ou remover, remugir ou se calar, calabouço e liberdade, liberatório ou alienante, alienígena e aborígene, aborrascar ou aclarar. O muito com Deus é sobra.

Ocorrências

TÍPICA UTOPIA, LEDA LENDA

Estenda o tapete vermelho, vermelhe a cor da bandeira, bandeie para meu lado, ladeie as dificuldades, difira da irmandade, irmane no repasto, repasse a acrofobia, acromatize as visões, vise o que lhe convém, convença quem lhe contesta, contextue o arrazoado, arrase o mais fraco, fragilize o mais forte, fortifique as comedie o melodrama, melodiga o assédio, acesse o imprevisto, impregne o espaço, espace a impertinência, impetre o mandado, mande e não peça, peque e não se arrependa, arrebanhe e não se contenha, contemple os próprios defeitos, defenestre a compaixão, compagine as emoções, emoldure as honrarias, honorifique o merecível, meruje a semente plantada, plante uma idéia nova, nove a contribuição, contriba as extremidades, extravase a liberdade, libere a adrenalina, adregue de sobressalto, sobreabunde a esperança, espere a sua vez, veze-se à rotina, rotinize o extra, extrapole o astro, astralize o amanhã, amaine a fera, ferre o pertencente, pertente até conseguir, consagre a vitória, vitalize o projeto, projete a imagem, imagine o melhor, melhore a fachada, facheie a madeira, madefique o espesso, especifique a dose, docilize o rebelde, rebelique o ato, atualize a página, pagine o livro, livre-se dos tratados, trate de sobreviver, sobreviva ao impossível, impossibilite o medo, medeie a escaramuça, escarapele as feridas, fira de morte o passado e passe a viver de história. Antes de tudo é preciso entender.

domingo, 15 de junho de 2008

Impotências

DELEITES DELETADOS

Vale chorar pelo leite derramado, derramar uma lágrima ao mau defunto, defumar carne estragada, estrafegar as ambições, ambientar o estrangeiro, extrapolar as medidas, mediar as contendas, contemplar os derrotados, derrotar os imbatíveis, imbecilizar os sabidos, sabichar os envolvidos, envolver os inocentes, inocentar os culpados, cultivar a repulsa, repuxar o passado, passar a régua no futuro, futucar velhas feridas, fermentar novas encrencas, encrespar a cabeleira, cabalar todos os votos, votar em qualquer pleito, pleitear pelos devotos, devolver os desaforos, desafogar os rancores, rançar os sabores, sabotar o adversário, advertir os incautos, incapacitar o hábil, habilitar o leigo, legar o excluido, excluir os privilégios, privilegiar os fracos, fracassar nas tentativas, tentar mais uma vez, vezar-se ao inconveniente, incomodar o comedido, começar o interrompido, integralizar o capital, capitlizar a conta, contabilizar o cento, centralizar o núcleo, nuclear a expectativa, espetar a carne, carnar o casal, casar os interesses, intercalar a ficha, fichar o elemento, elencar o fato, fatorar o número, numerar a ordem, ordenhar o úbere, ubiquar a presença, presentear o inimigo, inimistar o vizinho, visar o cheque, checar o motor, motorizar as pernas, pernetear as penas, penalizar as panes, panegirizar a cena, cementar o ferro, ferrar o gado, gadanhar a presa, prezar o prazer, prazentar o infortunio, infortunar os azares, asar a imaginação, imagear a tumefação, tumefazer-se ao forte, fortalecer posições, posicionar-se contra, contabescer os contrários, contagiar a contagem, constatar a miragem, mirar o alvo, alvejar a roupa, roubar o sono, sonorizar o ambiente, ambicionar a fortuna, fortificar os nervos, nervosizar a nevrose, nevoaçar os deleites e deletar a morte.Nesta desordem.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Acontecencias

DESTROÇANDO DESTROÇOS

Tudo se transforma, a norma é alterada, a parada não se interrompe, o horizonte chega ao fim, o serafim não é anjo, o banjo não percute, o chute não acerta, a certa é a culpada, a escapada não retorna, a madorna não descansa, a trança se desfaz, o cais deixa o porto, o horto perde a cor, a flor murcha e cai, o pai deserda o filho, o atilho não amarra, na marra não se consegue, o que segue não alcança, a dança descompassa, o comparsa dedo-dura, a cura não sara a dor, o rumor não se reproduz, a luz está apagada, a caçada perdeu a presa, a mesa está sem pratos, os gatos não são pardos, o caldo não mata a fome, nome não paga conta, monta não é total, moral nem sempre é ético, profético não pressagia, carestia não inflaciona, lona descobre a carga, praga protege a roça, fossa é despoluente, poente se mudou pro leste, veste não faz status, retrato só retocado, passado não traz futuro, furo não é novidade, densidade não é funda, funda não atira, na tira se impõe respeito, conceito não quebra ponta, afronta não mete medo, degredo é excursão, caução não garante o crédito, mérito desmerece, padece quem menos sofre, cofre corrói fortuna, lacuna não esvazia, mania tira pedaço, fracasso é volta por cima, clima quente não derrete, frete barato também entrega, regra é pra não ser seguida, a ferida cicatriza, a ojeriza passa, a massa é manipulável, implacável é a Natureza, certeza só mesmo a morte, norte é só direção, pretensão não dá lucro, o chucro é sempre domável, o palatável não sacia, vigia dorme no ponto, ponto de bolha não ferve, serve de apoio a palavra, salva a alma quem reza, preza o corpo quem o protege, submerge quem não nada, nada é infalível, preferível a paz da pobreza salutar. Esquife não tem gavetas.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

FUSO HORÁRIO

PACTO COM O FUTURO

“A mudança de fuso horário tem importância do ponto de vista social. Sabemos que o comportamento humano está intimamente ligado ao fenômeno natural comandado pela luz do ciclo solar. Em geral, as atividades humanas são realizadas durante o dia. Então, temos de definir o que é dia. Entende-se como dia o período de tempo compreendido entre a presença da luz ao amanhecer, quando o Sol está a 6 graus abaixo da linha do horizonte, até o pôr-do-sol, quando novamente o Sol está a 6 graus abaixo da linha do horizonte. O projeto de lei prevê para o Estado do Acre e alguns municípios do Amazonas o mesmo que foi feito no Nordeste: um fuso prático. E, no caso do Pará, unificar todo o Estado no fuso de menos 3 horas. Tecnicamente, não vejo qualquer problema, a não ser do ponto de vista social, pois a situação tem de ser avaliada pelas pessoas que lá vivem, que lá praticam suas atividades.”

(Ricardo José de Carvalho, Chefe de Divisão do Serviço da Hora do Observatório Nacional, em depoimento à Comissão de Ciência, Tecnologia e Comunicação da Câmara dos Deputados, 09-02-2007)

O fuso horário foi adotado no Brasil em 1913. Até então cada localidade tinha o seu próprio horário, que era acertado pelo zênite, ou seja, os poucos que tinham relógio na época, punham-se de pé ao meio dia e esperavam o sol a pino. No momento em que a sombra desaparecesse totalmente era meio dia e aí os ponteiros de horas e minutos se juntavam. Era, sem dúvida, o método cientificamente mais correto e seguido sem nenhum transtorno. São Paulo tinha seu próprio horário, Campo Grande o seu e cada lugar com hora diferente, mas como as cidades ficavam muito longe uma das outras e o meio de transporte muito rudimentar, levando dias entre as localidades, as diferenças eram diluídas sem prejuízo.
A partir dessa década o Brasil ganharia velocidade em suas distâncias, com a implantação do telégrafo em todo o seu território nacional e a expansão das ferrovias, principalmente na faixa litorânea. Em 1914, por exemplo, a Noroeste do Brasil completava sua chegada ao Sul de Mato Grosso, ligando Corumbá no extremo Oeste do Estado à cidade de Bauru em São Paulo. Às longínquas e vagarosas viagens aquáticas, somavam-se as locomotivas que logo ocupariam a hegemonia nos meios de transporte. Aí já não havia como continuar cultivando a saudável hora local. Uma viagem entre Corumbá e São Paulo obrigava vários ajustes no relógio e o desconforto mais a confusão dos horários diversos terminariam babelizando as relações entre um lugar e outro.

SUPERANDO DISTÂNCIAS

Aliás, foi exatamente em função do transporte ferroviário à longa distância, nas estradas costa a costa nos Estados Unidos e Canadá, que surgiu a padronização do horário, através de fusos, em meados do século XIX. Significa que o horário está intimamente ligado à velocidade com que se superam as distâncias. Quanto maior a rapidez de se chegar a um determinado lugar, menor a necessidade de diferença de horários entre os lugares. Em agosto de 1914, quando se iniciaram as viagens de trem entre Corumbá e São Paulo, demorava-se mais de uma semana entre uma cidade e outra. Atualmente o trecho de 1100 quilômetros entre aquela capital e Campo Grande faz-se em pouco mais de 12 horas de ônibus e em uma hora de avião de carreira, o que, neste caso, com o fuso em vigor chega-se a São Paulo exatamente na mesma hora em que se saiu de Campo Grande e, na volta, “demora-se” duas horas para chegar a esta capital.
Como se vê, nestes 95 anos, muita coisa mudou em relação ao transporte. Saímos do carro de boi mineiro e das velhas e românticas chalanas para os modernos e velozes aviões a jato e do incipiente telégrafo à conexão pela Internet. O Estado de Mato Grosso foi dividido. O Mato Grosso do Sul despregou-se politicamente do Centro Oeste e passou a integrar à região Sul, como membro efetivo e titular do Codesul, atualmente presidido pelo governador André Puccinelli.

A QUEM INTERESSA

Em verdade, quando o Brasil aderiu à convenção de Greenwich, os fusos foram criados, obedecendo a interesses políticos e econômicos da época. O próprio decreto 2784, de 18 de junho de 1913, que os criou, considera fundamental a adoção do meridiano de Greenwich para as relações contractuaes internacionaes e commercias. Assim sendo, São Paulo que está oficialmente no mesmo fuso de Mato Grosso preferiu juntar-se aos demais estados do litoral, a maioria com uma hora de diferença. Por que¿ Para facilitar as suas transações comerciais com as unidades mais prósperas. Toda a região Sul também está incluída em GMT-4, mas ficou, pelas mesmas razões, com o horário de São Paulo e Nordeste. Não houve, pois, no estabelecimento do fuso horário brasileiro a adoção de um critério técnico ou científico. Prevaleceram os interesses políticos e econômicos dos Estados mais influentes da época. Procurou-se agir com um certo rigor apenas com as regiões isoladas e sem qualquer acesso às decisões mais importantes. O movimento atual é o amadurecimento da classe política e sua compatibilidade com os interesses empresarias do Estado.

SESSENTA ANOS DEPOIS

A primeira vez que se sugeriu alteração o fuso horário de Mato Grosso foi no início da década de 70, portanto, antes da divisão. Coube a um senador do Sul do Estado, Italívio Coelho (Arena) a iniciativa de um projeto de lei, incluindo o território mato-grossense no mesmo horário de Brasília. Á época, por ignorância dos opositores e inconsistência da justificativa para a mudança, a proposta chegou a ser folclorizada e seu autor ridicularizado como “senador do fuso horário.” Faltou aos críticos a mínima noção do que se tratava, cada qual em sua pose de técnico em latitude e longitude, e ao senador melhor embasamento formal, capaz de neutralizar a indiferença de seus pares e o desdém dos “cientistas.” Seus projetos, inclusive um último de 1977, que revisava radicalmente a lei de 1913, que aceitou a convenção de Greenwich, com o final de seu mandato foram todos arquivados. Em 1991, o senador de Mato Grosso, Júlio Campos volta a investir na idéia de unificação do fuso, através do projeto de lei no. 322, rejeitado pelo plenário em 1993.
O assunto permaneceria inativo até 2000, quando o então governador Zeca do PT, num de seus rompantes repentistas resolveu reavê-lo, numa proposta improvisada. A exemplo do Estado do Pantanal, o fuso sofreria bombardeio da oposição e, como não passasse de mais uma presepada do governador, a idéia voltaria ao arquivo, de onde sairia, com extraordinária intensidade política em 2006, pelo projeto de lei 305, do senador Tião Viana, excluindo o 4º fuso e agregando todo o território do Pará (até então dividido entre dois fusos), à hora oficial de Brasília. O relator do projeto na Comissão de Assuntos Econômicos foi o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), que deixou passar a oportunidade de incluir Mato Grosso e Mato Grosso do Sul no rol do Pará, já que estes estão na mesma posição geográfica daquele Estado. Alega o senador Amaral que deixou passar, a pedido do autor que pleiteava celeridade na tramitação do projeto, o que não tem nada a ver, por se tratar de substitutivo no âmbito da mesma casa legislativa.
A entrada em vigor da portaria do Ministério da Justiça, compatibilizando horário e faixa etária para os programas de televisão, acicatou o ânimo das redes, principalmente da Globo, que passaram a apoiar movimentos em favor da equiparação de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul à hora legal de Brasília.

UMA SEMENTE

Em Campo Grande é realizada no final de abril, por iniciativa do vereador Athayde Nery de Freitas (PPS) a primeira audiência pública para abordagem do tema. Nascia o movimento Mato Grosso do Sul na Hora Certa, sugerido pela Federação das Indústrias (FIEMS) e encampado pela Associação Comercial de Campo Grande, deputados, vereadores e empresários presentes, entre estes o senador Valter Pereira, que não chegou a assumir uma posição favorável à proposta, mas prometeu estudar sua viabilidade. No dia 6 de maio, o senador Delcídio do Amaral, o mesmo que cochilou no projeto Tião Viana, alia-se ao seu colega Jaime Campos, de Mato Grosso e apresentam o projeto de lei 177, institucionalizando o movimento ressurgido em Campo Grande. O senador Valter Pereira, não estava absolutamente convencido da idéia da mudança, mas mesmo assim, reagiu à iniciativa, acusando-a de plágio e tentando mina-la com a descabida e protelatória proposta de plebiscito.

A OPOSIÇÃO

Em 1913 quando se adotou o fuso horário não foi diferente de hoje. Houve também acirrada oposição dos cientistas. Os mais conservadores defendiam o método da hora local por ser o mais preciso. Outros admitiam as convenções de Greenwich desde que fossem obedecidos todos os seus parâmetros. Foram evocados, principalmente, problemas de saúde. Os debates no Congresso, entretanto, foram amenizados pela maioria governista e pelo consenso estabelecido entre os políticos todos agraciados com o que poderia ser considerada uma unificação da hora oficial, levando em conta que mais de 90% da população ficara com o mesmo horário, mesmo não estando necessariamente no mesmo fuso.
Hoje as restrições à mudança localiza-se em alguns setores da classe médica receosa de que a mudança possa afetar a saúde das pessoas e alguns geógrafos apegados a uma espécie de cientificismo, exatamente o que os introdutores de Greenwich tentaram evitar, flexibilizando a aplicação dos meridianos, de modo que cada país tivesse o seu próprio horário sem, obrigatoriamente, fatiar seu território. A China, por exemplo, apesar do quatro fusos adotou horário único para todo o país, a hora de Pequim. O Brasil, com três (um para as ilhas oceânicas e dois para o território) está perfeitamente enquadrado nos parâmetros de Greenwich.
A oposição tenta sensibilizar a classe trabalhadora com o argumento de que uma hora a menos vai obriga-la a iniciar suas atividades ainda na escuridão, o mesmo acontecendo com as crianças que estudam no período da manhã, forçadas a madrugar para chegar ao colégio as 8 horas, o que não deixa de ser um exagero, contando que a diferença entre a capital paulista e Campo Grande, por exemplo, não passa de 36 minutos.

QUEM QUER

Os defensores da mudança para Mato Grosso e Mato Grosso do Sul querem apenas a adaptação à realidade brasileira, atualizada com a recente lei que alterou a hora no Oeste do Pará, integrando-o à hora legal de Brasília. Estes estados quanto à longitude estão na mesma situação da região incorporada. Jacareacanga no Pará, Cáceres em Mato Grosso e Corumbá em Mato Grosso do Sul estão localizadas no meridiano 57º, logo, se faltava referência geográfica, a extinção do quarto horário revoga o ciclo de objeções técnicas e científicas.
Busca-se satisfazer interesses econômicos não apenas de banqueiros e redes de televisão, aparentemente, os mais prejudicados com a manutenção da hora atual. Fazemos parte de uma comunidade que deve agir em sintonia. Se em 1913 estávamos na periferia desta tribo, hoje estamos totalmente integrados ao Sul e ao Sudeste, onde compramos, vendemos e mantemos nossas relações mais freqüentes, explicando a adesão ao movimento, da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul e Associação Comercial de Campo Grande e das tvs Morena e Centro América, afiliadas da Globo em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso respectivamente. O custo desta hora de atraso é enorme. E não apenas o custo para a economia regional, que perde em competitividade, geração de mais empregos e na concorrência de mercado, mas também em informação e lazer, caso da mudança na programação das redes de televisão, prejuízo igualmente rateado entre os telespectadores.

Se a distância entre Mato Grosso do Sul e os principais centros civilizados do país foi ultrapassada pela velocidade do transporte e da informação. Se a diferença horária entre São Paulo e Corumbá não chega a uma hora. Se o Observatório Nacional não veta a proposta. Se a exemplo do que ocorre no Norte e Nordeste for suprimido o horário de verão para este Estado. Se a mudança vai integrar nosso Estado às regiões mais adiantadas do país e, considerando que o impacto para a saúde da população pode ocorrer apenas na fase de adaptação ao novo horário, realmente não há o que temer. O novo horário será um pacto de Mato Grosso do Sul com o seu futuro.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Enervâncias

VELHAS NOVIDADES

O sino da capela acorda a cidade grande, o pequeno detalhe faz a diferença, a semelhança é mera coincidência, a premeditação é agravante, a atenuante é a melhor defesa, ataque é destreza, inaptidão também é natural, artifício não dá certo, errar é desumano, humano raciocina por instinto, a razão desconhece o difícil, o fácil não fascina, indiferença não mata, vida mansa não cansa, repouso relaxa, tensão não dá lucro, prejuízo não tem consolo, desgosto estraga prazer, desagrado desanima, entusiasmo é vitória, derrota é passageira, permanente permanece, insubsistente não justifica, injustificável não explica, o insondável não se enxerga, a cegueira é escuridão, o clarão mostra o caminho, o descaminho leva à ruína, a fortuna é o futuro, o passado é pesadelo, o sonho alimenta a alma, o corpo é só matéria, o intangível também existe, inexiste o inatingível, o acessível é permitido, proibido pisar nas flores, espinhos não ferem ferro, brasa não queima n’água, terra fértil é fecundante, aridez faz o deserto, oásis o paraíso, inferno purga os pecados, virtudes premiam méritos, desmerecimento não compensa, descompensado não pensa, insensatez desmerece, valores diferenciam, análogos banalizam, o invulgar acontece, fracassa aquele que pára, anda e desanda a mentira, a verdade dói, cura o melhor remédio, o inevitável ocorre, desaparece o covarde, valente é o que não perde, vencer é desafio, conciliação é medo, coragem é força bruta, artimanha alavanca, debilidade desbanda, une o interesse comum, rareia a solidariedade, o individualismo avança, recua a civilidade, truculência prolifera, contrai-se a mão da justiça, iniqüidade se sanciona, veta-se o moralizante, a devassidão devasta, preserva-se a impudência, recata-se o bom exemplo. Nada muda impunemente.

domingo, 11 de maio de 2008

Observâncias

DEFEITOS DESFEITOS

Nem tudo é perfeito, o defeito é apenas um detalhe, o encalhe é sobra do que foi lido, a libido não e mais que um desejo, o ensejo nem sempre é a melhor oportunidade, a maldade é o momento, o cimento é pouco sem a pedra, a cerda não limpa sem a água, a mágoa é uma mera emoção, a razão desconhece as razões, as sezões são mal estar passageiro, o dinheiro vale quanto pesa, a presa escapa ao predador, o falador cala ante a verdade, a vaidade se esvai com as rugas, a fuga não alivia, a franquia não isenta, a tormenta é efêmera, a cegueira não dá só na vista, a pista pode ser falsa, a alça é fraca, a faca é cega, a regra tem exceção, a sessão está encerrada, a estrada interrompida, a ferida cicatrizada, a boiada no piquete, sem soquete não há luz, a cruz fecha os braços, o abraço não comprime, o stream desconecta, a infecta não contamina, a vitamina não sustenta, a ementa não minucia, agonia não é morte, o forte é vulnerável, o instável se recobra, desdobra-se o limitado, só o culpado tem perdão, aluvião não represa, surpresas são esperadas, porradas não convencem, vencem os que esperam, oneram os perdedores, flores que não frutificam, ficam pra trás os cansados, usado se descarta, falta se justifica, multiplica-se o juro, o puro é maculado, mascarado mostra a cara, vara não faz magia, o dia metade é noite, açoite não regenera, a peneira só separa, cara feia não assusta, justa causa não compensa, recompensa desagrada, tabuada não faz conta, ponta de areia é praia, a vaia não desabona, dipirona não desinflama, clama uma voz no deserto, mesmo perto inda é distante, tolerante não releva, as trevas têm claridade, saudade não mata gente, a enchente fertiliza, ojeriza não engorda, a horda é disciplinada, nada é imperfeito.

sábado, 3 de maio de 2008

Absorvências

ABSORVIDO ABSOLVIDO

Nada é descartável, o inflável é deprimido, o ruído é abafado, o calado é ouvido, o ouvido é mouco, o pouco é bastante, o instante é o momento, o tormento é tolerável, o instável é sólido, o bólido está imóvel, o móvel é inservível, o ser vivo é cataplético, o cético é crente, o demente está lúcido, o plácido se agita, regurgita o esfaimado, o domado não obedece, a prece não faz milagre, o bagre não ferroa, a garoa é quente, a frente é fria, a via é vã, a van voa, a loa elege, o bege brilha, a trilha atalha, a falha é perfeita, a receita é falha, a malha é quadrada, a fada é falsa, a calça é frouxa, a tocha apaga, a carga é leve, o breve dura, a cura mata, a mata assombra, a sombra aclara, a cara espanta, a santa peca, a meca dispersa, a conversa destoa, a broa alimenta, a menta não arde, o alarde não soa, ecoa a mudez, a nudez veste, a peste é benigna, maligna é a saúde, o ataúde é um berço, o terço é uma missa, a cortiça não veda, a queda não quebra, não medra o covarde, o tarde é cedo, o medo encoraja, a tarja não marca, a faca não corta, a porta não abre, o sabre não perfura, a candura não é pura, a doçura é adstringente, o inocente paga, a saga é cega, a regra não altera, a fera nem sempre ataca, a vaca não dá leite, o azeite não tempera, a tapera tem carpete, o topete às vezes baixa, a caixa está vazia, a mania não pega, o colega dedura, a estrutura cede, a sede sacia, a alegria entristece, a messe não abunda, a bunda não mais fascina, a sina não sinaliza, a camisa não veste, a peste não contamina, a propina é recusada, a acusada confessa, a peça não espana, a cana é azeda, a seda é abrasiva, a saliva não umedece, emudece a voz da razão, a canção não embala, a fala não convence, o nonsense não é grotesco, o pitoresco não se pinta, a tinta está deixando de escrever.

domingo, 20 de abril de 2008

Excelências

VIDA E REVIDE

Tudo é um constante desafio, o rio e a água do mar, parar e continuar andando, o mando e a obediência, a experiência e a imperícia, a polícia e o meliante, o guante e o estado de direito, o conceito e o disparate, o resgate e o refém, o xerém e o milho, o trilho e o trem, o cem e a porcentagem, a voragem e a expulsão, a compunção e o premeditado, o entediado e o afável, o inflável e o esvaziado, o avaliado e o incógnito, o insólito e o trivial, o serial e o separado, o superado e a atualidade, a validade e o vencido, o perdido e o achado, o machado e a lenha, a senha e o acesso, o sucesso e o malogro, o fogo e a palha, a navalha e a carne, o cerne e a casca, a lasca e o toco, o troco e a conta, a ponta e o fio, o estio e o inverno, o inferno e o paraíso, o juízo e a sentença, a presença e a distância, a infância e a velhice, a sandice e o pundonor, o fervor e o ceticismo, o cataclismo e a quietude, a virtude e a negligência, a inteligência e a asneira, a primeira e a seguinte, o pedinte e a esmola, a marola e o tsunami, o velame e a ostentação, a tentação e a resistência, a impertinência e o apropriado, o destinado e o remetente, o repelente e o pernilongo, o ditongo e a palavra, a larva e o inseto, o concreto e o obscuro, o esturro e o cozido, o cosido e o amarrado, o amargurado e a ditosa, a rosa e o espinho, o sozinho e o seguido, o servido e o carecente, a corrente e a catraca, a matraca e o silêncio, o juvêncio e o travo, o cravo e o casco, o fiasco e a solução, a seleção e o misto, o quisto e o líquido, o mítico e o real, o legal e o ilícito, o solícito e o indiferente, o indigente e o incluído, o perdido e o achado, o achatado e o roliço, o petiço e o puro-sangue, o mangue e o crustáceo, o fácil e o infausto, o claustro e o horizonte, a fonte e o feto, o afeto e o bestial, o mal e o bom. A vida é verde.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Malquerencias

VERSOS VERSUS VERSOS

A poesia está sangrando, singrando as águas mansas, mansarona e indelével, de leve e na lassidão, lastimeira e abrangente, abrandada e latejante, latente e ostensiva, estensível e represada, reprisada e inédita, indébita e merecida, merejada e sorridente, sorrateira e encarada, encaravada e solitária, solícita e leviana, lívida e vigorosa, vagarosa e apressada, apresada e disponível, disponente e encabulada, cabalada e consciente, consistente e debilitada, debicada e glutonia, glutinada e descolável, descolgável e pendurada, perdurada e efêmera, efeméride e trivial, tribal e globalizada, globular e quadrada, quadrão e soneto, sonata e ruído, roída e intacta, enfática e insegura, insigne e desprezível, desprevenida e cautelosa, caudalosa e estiada, estirada e ereta, reta e encurvada, encurtada e prolongada, prolatada e impedida, pedida e negada, negaceada e plausível, aplaudida e vaiada, vaidosa e despojada, desposada e solteira, solta ou presa, presa e predadora, pré-datada e ao portador, portada e treliça, trelelé e ensaio, asseio e sujeira, sujeitada e independente, defendente e acusante, escusável e imprescindível, imprescritível e descartável, descarregada e repleta, réplica e original, orientável e indômita, indolente e engajada, enganchada e desaurida, desautorizada e permitida, permutada e impermeável, imperscrutável e vulnerada, vulnerária e imprecisa, precípua e ordinária, ordinal e confusa, cafuza e mameluca, maluca e lúcida, lucífera e escurecível, esculpida e natural, naturada e maculosa, miraculosa e ineficaz, inegável e desmentível, desmedida e regulada, régula e regular, regulável e espanada, empanada e reluzente, relutante e decidida, decifrada e impenetrável, compenetrada e controversa, verso e reverso.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Coerências

LACRE LACERADO

Se não é líquido não é lucro, se não tem lacre não é legítimo, se não é legível não é lógico, sem login não tem acesso, sem acessório não tem som, se não soma deprecia, se depreca não assaca, se ensaca não graneia, se granita não alisa, se elísio não há queixa, se há queixada esconda o milho, sem milhão não há tostão, se tostar não come cru, se cruzar não pega o mal, malsinado não se elege, elegíaco não sorri, sorrenado não acorda, acórdão não se discute, discurso não mata fome, sem fomento não há fermento, sem formato não há cara, sem cará não tem sopão, sem sopapo não há ordem, sem ordenado há desordem, desorbitado não gira, se é gira não tem juízo, sem juiz não há sentença, se tensa pode explodir, se expolir passa a dever, sem dever não há direito, se direto não tem curva, se curvar-se pede arrego, se regar dá bons frutos, sem frustrar não recomeça, recompensa não se pede, pé-de-cabra mata a cobra, sem cobrada não há pesca, sem pisca não tem sinal, sem sina não há fado, sem fardo não há peso, sem pesar não tem perdão, sem perda não tem balanço, sem balança não tem fiel, se é fel não se degusta, se desgosta vira as costas, se encosta não tem aprumo, sem prumo não tem medida, se meditar não se engana, sem esganar não sufoca, sem sufoco não se chega, sem achega não se totaliza, se total é decisivo, sem dissídio não há ajuste, sem ajutório não tem atalho, se atálea não é telha, só telado não segura, só secura não intimida, se intimista é inteligível, só integrado comunica, só comunista divide, na dúvida não ultrapasse, sem passe não tente entrar, entrado trate de andar, andado não volte atrás, atrasado aperte o passo, passado viva a saudade, saudável se precavenha, precário se abasteça, abatido reaja, reacertado não separe. Recomenda-se não esquecer de misturar tudo antes de usar.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Recompensas

VASCULHANDO O VÁCUO

O mundo está mesmo às avessas, a pressa é amiga da perfeição, a preterição indica preferência, a reverência é deboche, o fantoche manipula os fios, o frio aquece o cobertor, o protetor busca amparo, o caro é o grande barato, o prato vazio alimenta, a pimenta não arde, a tarde não cai, o pai obedece ao filho, o trilho corre sobre o vagão, o pão não mata a fome, o nome impõe respeito, o preito é de ingratidão, a canção fala de amor, a flor está desabrochando, o mando é da maioria, a alegria é de funeral, o carnaval é sem serpentina, a margarina é animal, o vegetal é carne e osso, o poço está seco, o beco tem saídas, as idas são sem volta, as portas estão fechadas, as fachadas são sombrias, as folias são sem reis, três mais três são sete, valete é maior que ás, capataz virou patrão, poltrão ficou valente, volante desgovernado, modelado grotesco, picaresco dedicado, delicado embruteceu, ateu acreditou, creditou o agiota, idiota ficou rico, maçarico perde a chama, lama limpa, grimpa abaixa, graxa não lubrifica, frutifica a adversidade, a diversidade é semelhante, a semente é estéril, o stereo é monofônico, o harmônico desafina, o sovina abriu a mão, o ladrão mudou de vida, a ferida não cicatriza, a camisa já não sua, a lua não inspira, a ira não enfurece, enrijece o maleável, ponderável não reflete, marinete não circula, a firula é convincente, o convergente discorda, a corda não enforca, a orca não preda, a pedra amoleceu, cedeu o rigor da lei, o rei reviu a coroa, a canoa desvirou, desvairou o moderado, o planejado não deu certo, o deserto submergiu, sucumbiu a ciência, a anuência desvaleu, faleceu o imortal, o jornal desmentiu, retorquiu o omisso, o compromisso falhou, falou o mudo, tudo é nada, fada é bruxa. Pensando bem, está bem melhor assim de cabeça pra baixo.

sábado, 29 de março de 2008

Incidências

A GÊNESE DA GENEROSIDADE

Saber esperar é a virtude de ver tudo divertido e diversificado, divergente e unificado, uniforme ou grotesco, grotão ou planície, planejado ou de improviso, impróvido e cauteloso, cauterizado e intumescido, intrometido ou circunspeto, circunscrito e ilimitado, limiforme ou delicado, deliciado ou insatisfeito, satírico e carrancudo, carrancismo e tolerância, toletada e cafuné, cafundó ou querência, carência ou abundância, abunhado ou ancião, ansioso e insensível, inservível ou utilizável, inutilizado e reciclável, recidivo ou reintegrado, íntegro e repartido, repatriado e banido, bandido ou mocinho, mocidade e adolescência, indolência ou sinergia, sinestros e destros, destroçados e reavidos, revividos e ignorados, ignocente ou empedernido, empecivo e liberado, libertino ou comedido, comedor e anoréxico, anorgânico ou matérico, meteórico e eterno, interno ou exterrenal, exterminável e inabalado, inábil e competente, competitivo ou malogrado, malgradado ou júbiloso, jubilado e cdf, efebia ou ancianato, ancilar e essencial, excêntrico e habitual, habitado ou deserto, decerto e impreciso, preciso e inexato, inexaurível e esgotável, esgorjado ou bem-vestido, revestido ou descoberto, descoimado e punido, puníceo ou acinzentado, acidentado e ileso, leso ou ajustado, ajustiçado ou inexplicável, inexperto e calejado, calejo e amadorismo, amadouro ou grosseirão, grosso modo ou detalhado, destelhado e protegido, proteínico ou amórfico, amorífico ou abjeto, objeto e intangível, intato e fraturado, faturado ou à vista, avistado e obscuro, escuro ou alumiado, laminado e inteiriço, inteirado ou ignoto, ignominioso e imaculado, maculê e rasqueado, rosqueado ou liso, lasso ou desperto, despersuadir ou convencer tudo pode vir a ser a mesma coisa. O segredo é saber esperar.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Enervâncias

GENERALIZANDO OS GÊNEROS

Silêncio é ouro, ouricuri floresce, florete fere, ferida dói, doença mata, mataca gruda, grude agrada, a grade bloqueia, o bloco passa, o passo hesita, o êxito habilita, o hábito cansa, a canção desencanta, desencarna a alma, a calma aborrece, o aborrascado escurece, o escurantismo cega, o seguidor obedece, o oberado paga, a paga compensa, a prensa comprime, o comprimido cura, o cura reza, a reza salva, o silvo alerta, as aletas respiram, a respiração ofega, o afago relaxa, o relise anuncia, o enunciado inicia, a inicial peticiona, o petiço salta, o assalto rende, a rendição humilha, a humina não degrada, o degradê varia, a vária informa, a forma ajusta, a justiça se faz, a fazenda veste, o vestígio esclarece, o esclarecido ilumina, o iluminista filosofa, a filosofia é vã, a van derrapou, o derreaço prostrou, a prótese quebrou, a quebradeira assolou, a sola pisou, o piso cedeu, cedo amanhece, a manha aborrece, a borrasca anuvia, o anu voa, a vocação personifica, o personal treina, a trena mede, a medalha consagra, a consaguinidade aproxima, o proxeneta caftiniza, a cafifa azara, a azáfama fatiga, o fático intriga, o intrínseco interage, a intenção é boa, o boato ressoa, ressona o sonarento, a sonata acalenta, o calendário enumera, os números falam, as falas futricam, o futre sonega, a soneca é saudável, a saudade é cruel, crucial é viver, a vivência ensina, de cima se vê, se vendo se crê, querendo se chega, o chegado consegue, concede quem pode, poda quem planta, planeja quem sabe, sobe o ousado, ousia quem tem, tematiza o versado, o versátil varia, o varedo apóia, o apógrafo copia, o copidesque corrige, o corrimão protege, o protéico alimenta, o elemento compõe, o comportamento condiz, o condensado resume, a resura incendeia, o incenso perfuma. Não tem erro.

terça-feira, 18 de março de 2008

Benevolências

DIVAGANDO DEVAGAR

Está estabelecido o cáos, a cal não caia, a calha falha, a folha seca, a seca molha, o molho azeda, a queda levanta, o levante malogra, o malogro reverte, o reverso concilia, o concilio impassibiliza, o empate é vitória, a vinória caiu, a caiota amargou, o amargume adoçou, o adoecido piorou, o pior não passou, o passado voltou, a volta por baixo, o baixo calou, a escalada parou, a parada seguiu, o seguidor divergiu, a diversão sombreou, o sombroso sorriu, a sorrelfa cedeu, o sedentário saiu, a saideira bisou, o bizu não correu, o correlato é diferente, o diferimento é negado, a negaça é exposta, a exportação caiu, Caim salvou Abel, a abelha salgou o mel, o melajeiro foi enganado, o enganido animou, o animal pensou, a pensão extinguiu-se, o estigma limpou, o límpido turvou, o torvelinho acalmou, o calmante agitou, o agito melou, o melaço derramou, a derrama satisfez, o sátiro chorou, o cheiro fede, o fado não cumpre, o comprimento encolhe, o encolerizado acalmou, a calmaria ventou, a venta entupiu, o entulho reciclou, o recidivo regenerou, o regime ruiu, o ruido abafou, o abagaçado afinou, o afinco esfriou, o frisante alisou, o alísio gelou, a gelatina empedrou, a pedra furou, o furor abrandou, a banda virou, o vírus expirou, a inspiração feneceu, a fene aguou, o guarda dormiu, a dormência sarou, a seara erodiu, o erótico brochou, o broche se abriu, abril invernou, a invernada murchou, o muco esvaiu, o esvanecente retornou, o tornado adernou, a aderência descolou, o colado moveu-se, o móvel partiu-se, o parto complicou, o complô se rendeu, o rentável depreciou, a deprecação anulou-se, anelaram-se os rivais, rivalizaram-se os iguais, o igualitário é subalterno, a subida desce, a decência desmoraliza, o desmoronamento conserta, o concerto desafina e o desafeto afinou. Afinal, não sei lhe dizer onde tudo começou.

domingo, 9 de março de 2008

Imprudências

DESMORRENDO

O homem feliz usava camisa de linho branco, no banco sentava na cadeira do gerente, à frente do seu tempo decretava horário de verão, varão varou noites fecundando, fecundo acumulou valores inestimáveis, estimável galgou todos os degraus da fama, famigerado pagou o preço, apressado chegou primeiro e bebeu água limpa, límpido brilhou onde pisou, pisado pesou sob o pé que o apertara, apartado voltara ao meio em meio tempo, temporão apressou o passo e amanheceu com o sol, solitário ganhou o tempo refletindo, refletido sorriu para parecer feliz, felicitado fingiu não merecer, merecedor não abriu mão, de mão-cheia não se satisfez, satisfeito não se desfez da sobra, sóbrio soçobrou nas sombras, sombrio acendeu uma vela, velado viu bem melhor as coisas, coeso não perdeu o individualismo, endividado não perdeu a pose, possuído conteve seus instintos, instituído recusou o mérito, maroto não perdeu-se nos melindres, melindrado negociou o perdão, perdido conheceu melhor o labirinto, laborioso poupou para a velhice, velho não poupou experiência, expectador vaiou e aplaudiu, aplastado deu a volta por cima, acima pisou para não cair, caindo recorreu à mão amiga, amigo mandou dizer que não estava, estarrado faltou-lhe o remédio, remediado achou que era muito pouco, apoucando não perdeu os detalhes, detalhando ocultou o pulo-do-gato, gatafunhando escreveu um livro, livre preferiu não voar, voante eternizou-se. O túmulo do homem feliz continua vazio.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Aplicáveis

MANDANDO E CADUCANDO
As nuvens dançam no céu, ora gente ora animal, ora animadas ora sombrias, ora sombras ora escombros, escambras e estáveis, estazadas ou agitadas, ajeitadas ou malvestidas, malquistas e aclamadas, acamadas e ilesas, ilegíveis e decifráveis, nem infláveis nem vazáveis, vazias e replenas, replicadas e incontestes, incontáveis e limitadas, limítrofes ou imensuráveis, imemoriais e relembráveis, relentadas ou enxutas, enxurdadas e asseadas, assecladas ou aquosas, aquisitivas e indisponíveis, nem indispostas nem arrojadas, nem ajoujadas nem desobedientes, ora desobrigadas ora submissas, subnutridas ou saciadas, antes sacíferas depois femínias, fementidas e inocentes, inóquas ou implacáveis, ora implantadas ora extraídas, hoje estrábicas amanhã visionárias, antes vislumbráveis depois deslumbradas, deslustradas e instruídas, destruídas ou reavidas, ora redimidas ora apenadas, agora depenadas outrora reparadas, antes repartidas depois adicionadas, aditivadas ou comuns, comungadas e anatematizadas, ora analfabetas ora eruditas, eruptivas e desativadas, desatinadas ou lúcidas, ludibriáveis e despertas, despicadas hoje amanhã reatadas, reativadas e inativas, inaudíveis ou retumbantes, retrusas agora outrora na berlinda, berloques às vezes outras nudezas, miudezas e por atacado, atacoadas ou perfeitas, ora perfiladas ora dispersas, hoje depressa amanhã devagar, divagantes ou pragmáticas, praguejadas e benditas, bendizentes antes depois malditosas, maldotadas de dia à noite formosas, famosas ou fechadas, fichadas e anônimas, anonadadas ou reedificadas, recontadas às vezes sempre totais, totalitárias e democráticas, démodés e atuais. Meu Deus, elas tomaram conta do mundo.

sábado, 1 de março de 2008

Dormência

TUMBA RETUMBANTE

Os mortos vivem, os vivos morrem, os ativos não correm, os nativos concorrem, os concorrentes perdem, os perdedores perdoam, os perdoados reincidem, os reincidentes resistem, a resistência se rende, a redenção não salva, o salvador não tem pressa, apressado come cru, a crueldade é inevitável, a saudade é salutar, a saúde é dispensável, a despensa está vazia, o vasilhame está repleto, o replay é mais completo, o complemento é importuno, o infortúnio é inerente, o inerme é defensável, o defensivo é inofensivo, o ofensivo é perdoável, o perdurável é prematuro, o pragmático é visionário, a visionice é existente, a existência é aterna, a eternidade é finita, o infinito é retraído, o retrato é retocado, o retoque não esconde, o escondido é descoberto, a descoberta é um plágio, o acobertado está exposto, a exposição dissimula, a súmula não assimila, a assimetria assemelha, as semelhanças não são mera coincidência, a coindicação é simples ingerência, a ingestão é pura gulodice, as guloseimas não engordam, o engodo não belisca, o obelisco não simboliza, a simbiose não procria, a procastinação não atrasa, o atraso é atração, a traição é natural, a natureza é cinza, o cinzel não esculpe, a culpa não penaliza, as penas sequer abanam, o abono mal gratifica, a gratidão é fictícia, o ficto é probatório, a probidade é lenda, a lêndea é inaderente, o inadequável incorpora, o incorpóreo é palpável, o palpitante é insípido, o insipiente é um sábio, o sabe-tudo ignora, a ignomínia não ofende, à oferenda suspeite, o suspense não agita, a agitação não conflita, a confluência não converge, a conversão não salva, a salva não engorda, o engonço enguiça, o esguicho não tem liquido e a liquidação está liquidada.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Impedância

REDONDO REDUNDANTE
Roí o rato, encurvei a reta, reavi o rito, revivi a rota, rotulei o ramo, nadei no raso, faltei à reza, caí no riso, pisei na rosa, rosetei a mula, abri a mala, soltei a mola, amolei a faca, enganei o foca, foquei o fato, apurei o olfato, ofusquei o brilho, incitei o imbróglio, desamarrei o embrulho, embaralhei o barulho, barateei o custo, degenerei o casto, derramei o cesto, interrompi a sesta, inflamei o cisto, sistematizei o cáos, caustiguei o calo, passei a cola, colori o quadro, calculei o quadrado, aproveitei a quadra, quadrupliquei a conta, preenchi a cota, conclui a cata, catapultei o azar, asei o voo, ocupei o vão, culpei o vil, vilipendiei o vago, vaguei o cargo, tarei a carga, atravessei o corgo, acocei a corja, meti os cornos, assei a carne, esbarrei no cerne, acertei o corner, corneei o cara, passei a cera, integrei o coro, estraguei o carro, escalei o cerro, serrei o tronco, peguei no tranco, fechei o trinco, soltei o traque, errei o troco, blefei no truco, ganhei do turco, perdi o torque, torci o tornozelo, embaracei o novelo, revi a novela, acendi a vela, amolei a navalha, tropecei na vala, mudei de vila, matei a vilã, cultivei a avelã, avelhentei o vinho, vinculei o voto, devotei a prece, desisti da pressa, libertei a presa, gastei a prosa, proferi a prosápia, enfeitei o presépio, preferi a presepada, preservei a traça, ironizei a troça, destrocei o troço, afinei o traço, tracionei o peso, pesei as palavras, matei o tempo, posei pra foto, ordenei os fatores, ordenhei a vaca, ocupei a vacância, escapei à matança, desisti da militância, enchi a pança, pressionei a pinça, passei o pincel, usei o pincenê, pichei o muro, subi o morro, levei um murro, paguei a mora, plantei amora, morri na praia. Que seriam dos sinônimos não fossem os antônimos?

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Sonolência

LIQUIDAÇÃO DE LÍQUIDOS

Estou em meu estado sólido, solidário com minha própria dor, dolorido por meus prazeres impróprios, apropriando-me de dizeres proibidos, expropriando víveres consumíveis, consumindo valores substanciais, substituindo vetores sem sentido, sentindo na pele, pelejando a pole, polindo o pelo, vestindo o pala, atingindo os pólos, ensaiando os pulos, pulando respostas até repastar-me na gula, afogar-me no gole, golear na bola, bolar uma grande saída, sair da maior enrascada, enroscar na hora da partida, participar a falha cometida, acometer o equívoco evitável, envidar o esforço dispensável, despencar da altura inalcançável, alcançar o objetivo firmado, formar o adjetivo adequado, filmar o objeto voador não identificado, identificar o inimigo oculto, prevenir o amigo incauto, descartar o incerto e não sabido, resgatar os sucumbidos, sacudir desiludidos, secundar os titulares, exumar os fenecidos, fornecer pista segura, assegurar-me do incerto, acertar o descompasso, compensar o prejuízo, ajuizar os fatores, faturar os resultados, resumir o arrazoado, arrasar o oponente, opinar no contencioso, controverter o argumento, argüir a defensiva, desfazer-se dos excessos, refazer velhos acessos, desfazer os insucessos, suscitar hesitações, excitar novas paixões, evitar complicações, completar superações, suportar as aflições, infligir os limites, infringir limitações, influir as decisões, fluir abundantemente, florir as cores mais quentes, aquentar em banho-maria, aquietar frivolidades, fervilhar em qualidade, qualificar sem critério, quantificar sem medir, remediar se preciso, arremedar se possível, mediar sem ser chamado, chamuscar ou botar fogo, fogueira acesa ou brasa branda, banda podre ou licitude, atitude enérgica e ambigüidade. Nada cabe até que tudo se acabe.

domingo, 13 de janeiro de 2008

Inocências

RASTOS RASTREADOS

O homem está sempre à procura de si mesmo. Vagueia a esmo, esmorece quando poderia reagir, reage na hora de parar, para frente e para trás, quanto mais menos se satisfaz, façanhas lhe atrai, patranhas lhe compraz, no mais corre atrás à frente se lhe compete, competitivo se lhe apraz, restritivo se for o caso, ocasional se lhe permite, passional se lhe provocam, racional na desvantagem, legal na contestação, conteste na acareação, mestre na derivação, derivado do suposto, supostamente invulgar, deliberadamente devagar, vagamente intuitivo, cegamente obsessivo, de repente solitário, raramente solidário, solícito se não solicitado, pouquíssimo se lhe é pedido, perdido na direção, achado na contramão, contrafeito na expressão, expressivo relato, relativo parecer, perecer inevitável, olvidável traição, penetrável traumatismo, cromatismo sombrio, pacifismo armado, desalmada armação, arrumação calamitosa, rigorosa habilidade, sensibilidade à flor da pele, peregrino pertinaz, perspicácia fugaz, fuga imaginária, imagem arruinada, ruínas destruídas, raciocínio distraído, tirocínio extraviado, patrocínio cancelado, cancelas fechadas, paredes pichadas, tapetes puxados, topetes baixados, frutos bichados, bichos caçados, mandatos cassados, mandado expedido, petardo explodido, explosão de alegria, alergia ao calor, calorias controladas, cantorias cantaroladas, euforia extravasada, cartas extraviadas, línguas destravadas, travas sem segurança, trevas iluminadas, trovas mal rimadas, destino ignorado, ignoto cidadão, ignorante citação, ignominiosa condição, condução superlotada, comoção descontrolada, controle remoto, descontrole remontado, remonta rejeitada, remédio receitado, receita de sucesso, sucessão efetivada e mesmo assim o homem não se encontra.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Endoenças

RESTOS RESTAURADOS

O muito sem Deus é nada, fada sem varinha falha, a calha rompida vasa, a casa sem coluna cai, vai o primeiro vem o segundo e o mundo não pára de rodar e transladar o seu sistema, tema de teses exóticas, módica experiência, consciência numerada, aclamada confusão, conflagração ética, cética concepção, configuração incorreta, indiscreta discrepância, infância derrogada, prorrogada a auditoria, autoria esclarecida, ferida exposta, resposta convincente, contente resultado, afastado o perigo, castigo reprogramado, proclamados os eleitos, defeitos corrigidos, cometidos os deslizes, felizes no cumprimento, comprimento desmedido, pedido de casamento, acostamento obstruído, perdido na multidão, mão aberta para o irmão, canção nova no cd, ceder o anel para não perder os dedos, cedo para esquecer, remeter para o futuro, escuro apagado, apegado às tradições, traduções lineares, luminares respeitados, confessado o engano, insano no hospício, no comício as promessas, remessas agrupadas, camadas dispostas, portas abertas, incertas inferências, ingerências condenadas, nada que não possa, roça sem praga, carga sem peso, vezo regenerado, passado de glória, história bem contada, pitadas de humor, clamor por justiça, polícia na rua, à lua a seresta, na festa o abraço, no passo a chegada, na parada o preito, no peito o orgulho, no mergulho o passado, recado entendido, atendido o chamamento, momento de refletir, inflectir o verdadeiro, roteiro determinado, atenuado o quebra-molas, cola na rachadura, dentadura implantada, derrubada a ditadura, cura garantida, ferida cicatrizada, escada a quem sobe e desce, prece ao que partiu. O diabo não é tão feio como se pinta.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Doenças

VENERÁVEL INVULNERABILIDADE

Somos mera coincidência, discrepantes individualidades, coletivas personalidades, incapacidade confirmada, negada pretensão, modéstia à parte, completa ignorância, sabedoria equivocada, evidente presunção, simplicidade estúpida, sensível velhacaria, honradez questionada, comprovada indolência, atividade suspeita, justa causa, infundada decisão, hesitação prenunciada, eventualidade funesta, fortuna duvidosa, inequívoca impudência, pudonor preterido, imprescindível voluptuosidade, insatisfação incontida, sofreada maldição, encômio interesseiro, abnegação tardia, prematura covardia, coragem relativa, infinda infidelidade, lealdade condicionada, absoluto desrespeito, submissão constrangida, espontânea aversão, simpatia pérfida, sincero cinismo, prudência egoísta, reciprocidade de obrigações, liberações provisórias, ultrapassadas decisões, hesitações prolongadas, concisa concessão, descrédito ilimitado, limites ultrapassados, limitado compromisso, rompimento unilateral, pluralidade contestada, confirma a rejeição, aceita a ponderação, precipita a conclusão, começa do lado errado, acerta o que não devia, paga no crediário, à vista não se comporta, desobedece o acordado, diverge no debate, concorda na trapaça, probidade é pesadelo, sonho é tributado, isenções proibidas, permissões indulgentes, intolerância descabida, competência invalidada, legítima desfaçatez, vergonha de ser honesto, devassidão como praxe, anormal urbanidade, truculência trivial, invulgar incompetência, aptidão para o mau, bom senso insubsistente, permanente indiferença, sensibilidade informe, formato estranho, notório perjuro, autêntico usurário, esbanjador de bazófia, sensatez desmascarada, disfarçado para o crime. O espelho ainda é o nosso melhor analista.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Aderências

LIMO NO LIMBO

A cada mal o seu próprio dia, cada lúcido com sua mania, cada mania suas excentricidades, cada cidade suas esquinas, cada esquina seu bar, cada lar um conflito, cada recontro o congraçamento, harmonia e discórdia, malquerença e tranqüilidade, quietação ou sobressalto, excitação e impotência, abatimento e robustez, resistência ou prostração, languidez e crueldade, selvageria ou urbanidade, cortesia e repulsa, recusa e deferência, aplauso e apupo, assuada e indiferença, apatia e consciência, retidão ou vida torta, agravo e desafronta, desagravo e prejuízo, perdas e lucros, vantagem ou transtorno, contratempo e ensejo, conveniência e indiscrição, grosseria e sutileza, perspicácia ou tolice, estupidez e inteligência, talento e talante, desejo e fastio, tédio ou domínio, poder e impossibilidade, inexeqüível e praticável, explorável ou intáctil, intangível ou evidente, manifesto e circunspecto, descontínuo e incessante, assíduo e dasatento, descuidado e previdente, acautelado ou negligente, frouxo e arrojado, audacioso e retraído, reservado ou disponível, livre ou recluso, interno ou exposto, arriscado ou seguro, garantido ou contingente, precário ou suficiente, numeroso e escasso, sovina e mão-aberta, perdulário e poupador, sóbrio ou opulento, esplendoroso e medíocre, ordinário e extravagante, memorável ou anônimo, ignoto ou distinto, ilustre e desconhecido, ignorado ou sugerido, recordado e preterido, olvidado e advertido, avisado ou leviano, imprudente ou recatado, pudico e lascivo, libidinoso e abrandando, atenuado ou acendido, acalorado ou tépido, insípido e aprazível, afável e atroz, inexorável ou equânime, neutro ou sectário, religioso e ímpio, incredulidade e fanatismo, obsessão e pertinência. Nem tudo é relativo.