domingo, 16 de setembro de 2007

Cactus

GERUNDIO

GERUNDIO

O espinho que fere a mão desavisada é o mesmo que avisa à planta da presença do predador. O odor da flor, a dor do espinho, o calor do carinho, sozinho ou seguido, ferido ou curado, parado ou seguindo, pedindo ou negando, chorando e sorrindo, cantando a canção dos mortos, respeitando a direção dos fortes, reportando a ambição dos fartos, reputando a transgressão dos furtos, refutando o reajuste do preço, a importância e o desapreço, o endereço e o incerto e não sabido. Quem não sabe, ignora, quem ignora sabe o que está perdendo, perde-se e ganha, se bate e se apanha, se divide ou se apinha, divida-se, endivide-se e na dúvida ultrapasse. Do lado de lá não é possível saber de que lado a gente está. Se no certo ou no errado, no erado ou no recente, no recinto ou no espaço, no espaçado e no espesso, no convexo e no côncavo, no aconchego e no sereno, serenado e no agito, ágil, frágil, durável e perecível. Parece mais ou menos, parece mas não é, pereceu mas não foi, apareceu, não foi notado, anotou e esqueceu, esfriou e aqueceu, aquiesceu e se deu mal, maldisse mas não pegou, pagou e recebeu, recobrou o sentido, sentou na jaca, acertou uma joça, aceitou o resultado da resolução recente e ressentido recolheu-se à sua insignificância, até entender que nunca passou do menor tempo do verbo.

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