sábado, 29 de março de 2008

Incidências

A GÊNESE DA GENEROSIDADE

Saber esperar é a virtude de ver tudo divertido e diversificado, divergente e unificado, uniforme ou grotesco, grotão ou planície, planejado ou de improviso, impróvido e cauteloso, cauterizado e intumescido, intrometido ou circunspeto, circunscrito e ilimitado, limiforme ou delicado, deliciado ou insatisfeito, satírico e carrancudo, carrancismo e tolerância, toletada e cafuné, cafundó ou querência, carência ou abundância, abunhado ou ancião, ansioso e insensível, inservível ou utilizável, inutilizado e reciclável, recidivo ou reintegrado, íntegro e repartido, repatriado e banido, bandido ou mocinho, mocidade e adolescência, indolência ou sinergia, sinestros e destros, destroçados e reavidos, revividos e ignorados, ignocente ou empedernido, empecivo e liberado, libertino ou comedido, comedor e anoréxico, anorgânico ou matérico, meteórico e eterno, interno ou exterrenal, exterminável e inabalado, inábil e competente, competitivo ou malogrado, malgradado ou júbiloso, jubilado e cdf, efebia ou ancianato, ancilar e essencial, excêntrico e habitual, habitado ou deserto, decerto e impreciso, preciso e inexato, inexaurível e esgotável, esgorjado ou bem-vestido, revestido ou descoberto, descoimado e punido, puníceo ou acinzentado, acidentado e ileso, leso ou ajustado, ajustiçado ou inexplicável, inexperto e calejado, calejo e amadorismo, amadouro ou grosseirão, grosso modo ou detalhado, destelhado e protegido, proteínico ou amórfico, amorífico ou abjeto, objeto e intangível, intato e fraturado, faturado ou à vista, avistado e obscuro, escuro ou alumiado, laminado e inteiriço, inteirado ou ignoto, ignominioso e imaculado, maculê e rasqueado, rosqueado ou liso, lasso ou desperto, despersuadir ou convencer tudo pode vir a ser a mesma coisa. O segredo é saber esperar.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Enervâncias

GENERALIZANDO OS GÊNEROS

Silêncio é ouro, ouricuri floresce, florete fere, ferida dói, doença mata, mataca gruda, grude agrada, a grade bloqueia, o bloco passa, o passo hesita, o êxito habilita, o hábito cansa, a canção desencanta, desencarna a alma, a calma aborrece, o aborrascado escurece, o escurantismo cega, o seguidor obedece, o oberado paga, a paga compensa, a prensa comprime, o comprimido cura, o cura reza, a reza salva, o silvo alerta, as aletas respiram, a respiração ofega, o afago relaxa, o relise anuncia, o enunciado inicia, a inicial peticiona, o petiço salta, o assalto rende, a rendição humilha, a humina não degrada, o degradê varia, a vária informa, a forma ajusta, a justiça se faz, a fazenda veste, o vestígio esclarece, o esclarecido ilumina, o iluminista filosofa, a filosofia é vã, a van derrapou, o derreaço prostrou, a prótese quebrou, a quebradeira assolou, a sola pisou, o piso cedeu, cedo amanhece, a manha aborrece, a borrasca anuvia, o anu voa, a vocação personifica, o personal treina, a trena mede, a medalha consagra, a consaguinidade aproxima, o proxeneta caftiniza, a cafifa azara, a azáfama fatiga, o fático intriga, o intrínseco interage, a intenção é boa, o boato ressoa, ressona o sonarento, a sonata acalenta, o calendário enumera, os números falam, as falas futricam, o futre sonega, a soneca é saudável, a saudade é cruel, crucial é viver, a vivência ensina, de cima se vê, se vendo se crê, querendo se chega, o chegado consegue, concede quem pode, poda quem planta, planeja quem sabe, sobe o ousado, ousia quem tem, tematiza o versado, o versátil varia, o varedo apóia, o apógrafo copia, o copidesque corrige, o corrimão protege, o protéico alimenta, o elemento compõe, o comportamento condiz, o condensado resume, a resura incendeia, o incenso perfuma. Não tem erro.

terça-feira, 18 de março de 2008

Benevolências

DIVAGANDO DEVAGAR

Está estabelecido o cáos, a cal não caia, a calha falha, a folha seca, a seca molha, o molho azeda, a queda levanta, o levante malogra, o malogro reverte, o reverso concilia, o concilio impassibiliza, o empate é vitória, a vinória caiu, a caiota amargou, o amargume adoçou, o adoecido piorou, o pior não passou, o passado voltou, a volta por baixo, o baixo calou, a escalada parou, a parada seguiu, o seguidor divergiu, a diversão sombreou, o sombroso sorriu, a sorrelfa cedeu, o sedentário saiu, a saideira bisou, o bizu não correu, o correlato é diferente, o diferimento é negado, a negaça é exposta, a exportação caiu, Caim salvou Abel, a abelha salgou o mel, o melajeiro foi enganado, o enganido animou, o animal pensou, a pensão extinguiu-se, o estigma limpou, o límpido turvou, o torvelinho acalmou, o calmante agitou, o agito melou, o melaço derramou, a derrama satisfez, o sátiro chorou, o cheiro fede, o fado não cumpre, o comprimento encolhe, o encolerizado acalmou, a calmaria ventou, a venta entupiu, o entulho reciclou, o recidivo regenerou, o regime ruiu, o ruido abafou, o abagaçado afinou, o afinco esfriou, o frisante alisou, o alísio gelou, a gelatina empedrou, a pedra furou, o furor abrandou, a banda virou, o vírus expirou, a inspiração feneceu, a fene aguou, o guarda dormiu, a dormência sarou, a seara erodiu, o erótico brochou, o broche se abriu, abril invernou, a invernada murchou, o muco esvaiu, o esvanecente retornou, o tornado adernou, a aderência descolou, o colado moveu-se, o móvel partiu-se, o parto complicou, o complô se rendeu, o rentável depreciou, a deprecação anulou-se, anelaram-se os rivais, rivalizaram-se os iguais, o igualitário é subalterno, a subida desce, a decência desmoraliza, o desmoronamento conserta, o concerto desafina e o desafeto afinou. Afinal, não sei lhe dizer onde tudo começou.

domingo, 9 de março de 2008

Imprudências

DESMORRENDO

O homem feliz usava camisa de linho branco, no banco sentava na cadeira do gerente, à frente do seu tempo decretava horário de verão, varão varou noites fecundando, fecundo acumulou valores inestimáveis, estimável galgou todos os degraus da fama, famigerado pagou o preço, apressado chegou primeiro e bebeu água limpa, límpido brilhou onde pisou, pisado pesou sob o pé que o apertara, apartado voltara ao meio em meio tempo, temporão apressou o passo e amanheceu com o sol, solitário ganhou o tempo refletindo, refletido sorriu para parecer feliz, felicitado fingiu não merecer, merecedor não abriu mão, de mão-cheia não se satisfez, satisfeito não se desfez da sobra, sóbrio soçobrou nas sombras, sombrio acendeu uma vela, velado viu bem melhor as coisas, coeso não perdeu o individualismo, endividado não perdeu a pose, possuído conteve seus instintos, instituído recusou o mérito, maroto não perdeu-se nos melindres, melindrado negociou o perdão, perdido conheceu melhor o labirinto, laborioso poupou para a velhice, velho não poupou experiência, expectador vaiou e aplaudiu, aplastado deu a volta por cima, acima pisou para não cair, caindo recorreu à mão amiga, amigo mandou dizer que não estava, estarrado faltou-lhe o remédio, remediado achou que era muito pouco, apoucando não perdeu os detalhes, detalhando ocultou o pulo-do-gato, gatafunhando escreveu um livro, livre preferiu não voar, voante eternizou-se. O túmulo do homem feliz continua vazio.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Aplicáveis

MANDANDO E CADUCANDO
As nuvens dançam no céu, ora gente ora animal, ora animadas ora sombrias, ora sombras ora escombros, escambras e estáveis, estazadas ou agitadas, ajeitadas ou malvestidas, malquistas e aclamadas, acamadas e ilesas, ilegíveis e decifráveis, nem infláveis nem vazáveis, vazias e replenas, replicadas e incontestes, incontáveis e limitadas, limítrofes ou imensuráveis, imemoriais e relembráveis, relentadas ou enxutas, enxurdadas e asseadas, assecladas ou aquosas, aquisitivas e indisponíveis, nem indispostas nem arrojadas, nem ajoujadas nem desobedientes, ora desobrigadas ora submissas, subnutridas ou saciadas, antes sacíferas depois femínias, fementidas e inocentes, inóquas ou implacáveis, ora implantadas ora extraídas, hoje estrábicas amanhã visionárias, antes vislumbráveis depois deslumbradas, deslustradas e instruídas, destruídas ou reavidas, ora redimidas ora apenadas, agora depenadas outrora reparadas, antes repartidas depois adicionadas, aditivadas ou comuns, comungadas e anatematizadas, ora analfabetas ora eruditas, eruptivas e desativadas, desatinadas ou lúcidas, ludibriáveis e despertas, despicadas hoje amanhã reatadas, reativadas e inativas, inaudíveis ou retumbantes, retrusas agora outrora na berlinda, berloques às vezes outras nudezas, miudezas e por atacado, atacoadas ou perfeitas, ora perfiladas ora dispersas, hoje depressa amanhã devagar, divagantes ou pragmáticas, praguejadas e benditas, bendizentes antes depois malditosas, maldotadas de dia à noite formosas, famosas ou fechadas, fichadas e anônimas, anonadadas ou reedificadas, recontadas às vezes sempre totais, totalitárias e democráticas, démodés e atuais. Meu Deus, elas tomaram conta do mundo.

sábado, 1 de março de 2008

Dormência

TUMBA RETUMBANTE

Os mortos vivem, os vivos morrem, os ativos não correm, os nativos concorrem, os concorrentes perdem, os perdedores perdoam, os perdoados reincidem, os reincidentes resistem, a resistência se rende, a redenção não salva, o salvador não tem pressa, apressado come cru, a crueldade é inevitável, a saudade é salutar, a saúde é dispensável, a despensa está vazia, o vasilhame está repleto, o replay é mais completo, o complemento é importuno, o infortúnio é inerente, o inerme é defensável, o defensivo é inofensivo, o ofensivo é perdoável, o perdurável é prematuro, o pragmático é visionário, a visionice é existente, a existência é aterna, a eternidade é finita, o infinito é retraído, o retrato é retocado, o retoque não esconde, o escondido é descoberto, a descoberta é um plágio, o acobertado está exposto, a exposição dissimula, a súmula não assimila, a assimetria assemelha, as semelhanças não são mera coincidência, a coindicação é simples ingerência, a ingestão é pura gulodice, as guloseimas não engordam, o engodo não belisca, o obelisco não simboliza, a simbiose não procria, a procastinação não atrasa, o atraso é atração, a traição é natural, a natureza é cinza, o cinzel não esculpe, a culpa não penaliza, as penas sequer abanam, o abono mal gratifica, a gratidão é fictícia, o ficto é probatório, a probidade é lenda, a lêndea é inaderente, o inadequável incorpora, o incorpóreo é palpável, o palpitante é insípido, o insipiente é um sábio, o sabe-tudo ignora, a ignomínia não ofende, à oferenda suspeite, o suspense não agita, a agitação não conflita, a confluência não converge, a conversão não salva, a salva não engorda, o engonço enguiça, o esguicho não tem liquido e a liquidação está liquidada.