sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Paz e amor

TUDO BEM
Quanto mais rezo mais assombração me aparece. Minha prece parece perecer perante o preito das almas penadas, da pipa empinada, da popa aviltada, da polpa mofada, do quase nada, de tudo um pouco, lúcido e louco, maluco de tudo, atirando pedras, exaltando perdas, perdendo prazos, rogando praga, despregando prego, pregando o caos, causando transtorno, tornando difícil, facilitando fugas, fugindo da briga, fingindo inocência, fintando a moral, pintando os cabelos, falando pelos cotovelos, ralando a bunda na ponta da faca, no chifre da vaca, na lama da laca, na lona da maca, na palma da taca, no toco da tora, no juro de mora, nas juras de amor. Quem ama não perdoa, quem perdoa perde, quem perde acha, quem pede não pode, quem pode pode quem não pode se sacode. É assim que tem que ser, é no fim que cessará, é por mim que chorarás, é em chororô que dá o que se deu sem querer dar. Eu amo a flor amarela do pé de ipê, o afago do vento a bater, o fragor da panela a ferver, o fervor da crença a crescer, o frevo rasgado na rua, o favo de mel a escorrer, o favor do céu a ceder, o clamor do réu a se arrepender, a sombra do chapéu que protege, a ponta dos nós, o caroço da noz, o esganiçar da voz, o parecer do juiz, o juizo de valor, o padecer no paraíso, o incandescer da luz, a simbologia da cruz, a depuração do pus, a covardia do capuz, a ousadia do capaz, a serventia das capas, o sabor salgado das carpas, a sombra fria das copas, o conteúdo dos copos, o calor dos corpos, a fria letra da lei. Eu não entendo o que estou falando, não creio no que estou vendo, não gosto do que estou comendo, não gasto o que estou pagando, não pego o que estou querendo, não quero isso ou aquilo, não compro a quilo, não vendo no atacado, se atacado não reajo, se passado não relembro, se lembrado me comovo, se comprovo silencio. Por favor, que horas são?

Um comentário:

Anônimo disse...

bom comeco