quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Crítica e auto crítica

PENA DE MIM

Eu vou pra balada, embolado no bolo, embotando o mau humor, encarando o dissabor de mais uma noite insone, consumindo um saboroso som sem nome, sem eira nem beira, viciado em coceira, virado da breca. Eu sou da paz. Eu não sou mais aquele incendiário verbal do outro carnaval. Estou muito mais pra metamorfose ambulante. Sou um pseudo-crítico em plena fase de auto crítica. Afinal, o que foi que eu já fiz? O que estou fazendo? O que ainda posso fazer? Já pensei até em recolher-me definitivamente ao anonimato de onde nunca consegui sair. Não seria uma forma de escapar deste merencório olvido? Ser visto e ouvido? Lembrado e copiado? Afinal, que fim teria levado? Perdido ou achado, cassado e caçado, cansado e franzido, trazido à realidade virtual. Ser ou não ser, ver ou não ver, fingir que não vê, fugir do dever, pagar o que deve, apagar o que escreve, escrever e assinar em baixo. Sabe o que eu acho? Não acho palavras pra sentir o que digo. Se sigo não sei se para trás. Se volto não sei se pra frente. Sou uma cruz na encruzilhada, uma curva no atalho, um ruído no silêncio, um passarinho solto na gaiola, um trilho sem bitola, um bobo alegre, um diabo-que-o-carregue. O que fiz não dá saudade, o que faço é um fiasco, o futuro é opaco, o pouco que me resta não presta nem pra verbete, que dirá pra substantivo. Logo eu que fui tão objetivo, cativo do adjetivo e cultivador de catilinárias. Veja só onde eu fui parar. Na vala comum das frases feitas, na estreiteza do saber, nas trevas da idiossincrasia, no núcleo da estrebaria, no raio-que-me-partas. Fui.


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