segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Auto-retrato

QUEM SOU?

Sou o gênio do mal, o gene do mel, o genérico do fel, o sinônimo do espinho, o antônimo da rosa, o autônimo do delito, o anônimo feliz, o autônomo infiel, o fiel escudeiro, o novel escudável, o navio à deriva, o derivado do átomo, a tonalidade dos sons, a sonoridade do silêncio, a silepse da palavra, a palavra empenhada, o empenho infrutífero, o fruto adstringente, o luxo execrável, o luto aceitável, o lupo incurável, a cura divina, o cura grotesco, a curra maldita, o bendito-louvado-seja. Não sou o que querem, não quero o que pensam, não penso o que sou. Não compensa compendiar compenetrações difusas, incutir penetrações profundas, aprofundar-se em comiserações inúteis, utilizar-se de argumentos fúteis, futicar os fatos, abortar o feto, fatorar o número, faturar a conta, fraturar o fêmur, fustigar a fêmea, femençar o pão, semear o chão, evitar o não, não dizer que sim, não fingir que sabe, saber o possível, entender o passível, saldar o passivo, negar o passado, passar por cima, encimar os valores, valorar os sabores, saborear as conquistas, conquistar o perdão, perdoar aqueles que nos tem ofendido, fender-se em sentimentos nobres, defender com argumentos pobres, povoar de pensamentos ignóbeis, ignorar a dor da saudade. Hei você aí, por acaso sabe onde fica a porta de saída pra lugar nenhum?

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