quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Contando as horas

O DIA SEGUINTE

Nada como um dia atrás do outro. Outro sol, outro amigo, uma página virada. Virada-da-breca, freada no tempo, cansada do trampo, viciada no craque. Craque na bola, de fraque e cartola, de cartas na manga, de mortes à mingua, de mingau e canjica, dos que vão e os que ficam, da certeza de acordar. Acordar, desacordar, de acordo, desacordo, desaforo, dez a zero. Zero à direita, conta refeita, prova dos nove, novidade à vista e a prazo. Prazo aprazado, passo apressado, peito oprimido, leite derramado, leito remido, leilão rematado, barco remado. Remado contra a maré, maré baixa, baixo astral, colesterol alto, altos e baixos, soltos e afixados, presos e libertados, acesos e apagados, acendido pelo calor das críticas, ressentido com o clamor das massas. Como recomendaria o mestre Elias Galvão: não confunda opinião pública com opinião publicada. Publicada e assinada, lida, vista e ouvida, replicada e treplicada, multiplicada por dois, dois e dois são três, regra de quatro, diabo a cinco, a três por seis, vocês sabem do que estou falando. Falando alto de altos e baixos, de muitos e poucos, mamutes e porcos, cobras e lagartos, fartos e ávidos, havidos, aviados, acidentados, acirrados e acérrimos. Acérrimos e doces como se fossem o gosto amargo que dá gosto ao chocolate, a tesoura cortante do alfaiate, o preço gritante do alface, a face oculta da verdade, a periferia da cidade. A cidade fantasma, os fantasmas do erário, o horário de acordar. Bom dia.

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