sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Mãos ao alto!

Do meu primeiro sete de Setembro não me lembro. Minha primeira comunhão está dependurada em minha primeira foto branca e preta, amarelada pela impiedade de seis décadas ininterruptas, abruptas e cruéis. Minha primeira professora foi dona Rosa, que tratou minhas feridas com água oxigenada, sem saber que elas jamais seriam curadas. Meu primeiro livro foi um gibi do tio patinhas. Lia como se tivesse ouvindo a voz rouca do Pato Donald e não consegui passar desta literatura ingênua. Meu primeiro medo foi um eclipse do sol com a lua. De repente tudo era noite. Uma escuridão às primeiras horas da tarde aos poucos dava lugar ao mesmo dia interrompido pelo inexplicável intervalo de trevas. Meu primeiro voto desperdicei no Jânio Quadros. Para me redimir do pecado da vassourinha, fui fundo no caçador de marajás. Desgraça pouca é bobagem. Gripe suína é voragem, a sorte é sacanagem, a morte é viagem. Não sou o Maribondo mas dou minhas ferroadas. Não sou o Mercadante mas dou minhas revogadas. Da próxima vez quero nascer ferramenteiro para não perder o dedo e ganhar a eleição. Não acredito em pesquisas quando não apareço nelas. Lugar de feijão é na panela. Juiza poderá proibir torcida de xingar a mãe do árbitro. É permitido proibir. É proibido permitir. A sociedade é permissiva. A permissividade é promissora. Não sou o Barone mas dou minhas filosofadas. Não sou o Armandinho mas dou minhas tuitadas. Não sou o Catanante mas dou minhas pesquisadas. Da próxima vez quero nascer em Corumbá para não ter que vir de tão longe para Campo Grande. O assaltante voltava para casa sossegado, depois de um dia de trabalho bem sucedido, quando foi surpreendido pelo sonoro:
É um assalto!

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