quinta-feira, 12 de julho de 2007

Crônica da idade avançada

EU E MEU CÃOZINHO ANGORÁ

Tem dias que a gente anoitece com o peito sangrando, amanhece com pinto pingando, embravece com o galo cantando, se embevece com os gatos trepando, endoidece por falta de uma dor, uma simples dor de dentes que seja, um copo de cerveja, um cacho de cereja, um cocho de cevada ou mesmo um argueiro no olho da cara. A vida é um barato. A morte de uma barata, a sorte numa carta, uma única cartada, uma túnica surrada, uma surra bem dada, um dado e seus números, inúmeros, impúberes, impolutos, resolutos, absolutamente putos. O homem é um animal irracional. O instinto é a inteligência do animal. O homem pensa porque precisa. O animal é feliz porque pensa sem precisar. O cão guia o cego, salva o menino. O asno silencia às asneiras de seu dono. A anta antevê o caçador. O gatuno não é necessariamente um gato. O sereno da madrugada molha a estátua do herói na praça, os pombos cagam na sua cabeça, a rotina é rota, o guloso arrota, a esquina é reta, a retina é torta, a resina entorta, Inês é morta. Vira e mexe a gente passa pela mesma porta, prova da mesma torta, entorta a mesma barra, esbarra no mesmo barro, berra no mesmo ponto, aponta na direção errada, passa por baixo da escada, escala as ladeiras horizontais, desce a planície, planeja o pecado, é picado, pescado, pesquisado e lugar comum não consegue superar o macaco e muito menos o basset que peitou o pitbul. Eu não sou digno de latir para o meu pequinês.

Um comentário:

Anônimo disse...

Obrigado por intiresnuyu iformatsiyu