sexta-feira, 27 de julho de 2007

Consciência rara

DE PASSO EM PAÇO

Eu ando trocando passo por paço. Poderia até me defender justificando que com os anos que passam, meus passos curtos de sexagenário e até mesmo o longo tempo que não passo pelo Paço, impedem outras passadas, mas não posso. Peço apenas para não parar de pensar. Herrar é umano. Só não erra quem já era. Priscas eras. Há quem não erre a porta do erário, quem não chegue no horário, quem não passe do sumário, quem não passe por otário, quem não finde no ossário. Esta vida é um rosário de contas mal cantadas, de estradas bifurcadas, bifurcações convergentes, gente de todas as raças, roças de todas as plantas, planta de todas as casas, casas derrubadas pelo furor dos furacões. O homem troca, a natureza dá o troco. Cada árvore queimada é um quilômetro a mais no pé do vento. Cada ave abatida é um metro de areia no leito do rio. O rio Taquari está morrendo, os guavirais já não florescem mais, a paz do campo já não resiste ao ronco do trator. Pelo amor de Deus me deixa dormir que esta noite não consegui pregar o olho com uma maldita muriçoca rosnando no meu sono.

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