sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Resistência

FUGA

É dever esconder do ano novo o velho pessimismo. Eu disfarço o derrotismo, derroto o cansaço, canso as manias, amaneiro a vilania, pondero a tirania, tiro de letra a porfia, por fim reconheço o erro, acerto na quantidade, quantifico a qualidade, qualifico os resultados e pode até não resultar. Resoluto recomeço, recomponho o começo, reponho o meio até o fim, para, finalmente, descascar em paz o meu ananás, saborear a sós os meus manás, mamar na vaca, afiar a faca, focar no futuro e ficar esperto que o mar está agitado. Eu não me queixo, me deixo, relaxo que nem gato, relincho como o cavalo, voo como um pardal, perdôo como o cardeal, passo como um trator, trato como um tutor, trago na ponta de língua, estrago no fuzuê, entrego na bandeja, intrigo no bordejo, bodejo na parada, parto mesmo sem norte, norteio sem bússola, sorteio e não pago o prêmio, espremo e não tiro o sumo, sumo depois apareço, apresso o passo o quanto posso, saio do fundo do poço, ouço a voz da razão, nado no raso, rezo o terço, prezo o riso, prego a peça, peço a palavra, despeço o penetra, dispenso o louvor, penso grande, pinço o grão, pinto o sete, planto bananeira, banalizo o banho, marginalizo o bando, maximizo a banda, limpo a bunda, perco o bonde, cerco o bode, calco a pua, calço o peito, peito o eito, aceito o desafio, acendo o pavio, acesso a página, seco a fonte, saco o cheque, checo o óleo, olho a ilha, molho a goela, malho o Judas, melo a jogada, jogo a toalha, tolho a liberdade, talho o terno, falho no termo e começo a cismar. Depois dos cinqüenta não dá pra facilitar.

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