segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Não ser

VIVER POR VIVER

A rotina é a rota do enfado. A retina é o guarda-sol dos nossos olhos. A rutina é um santo remédio para o coração, cara e coragem, viagem de volta, voltado para o mal. Bem-aventurado o que sorri do próprio infortúnio, o que despreza a imprópria fortuna, e afortunadamente, dedica-se ao altruísmo, ao futurismo, ao sem-futuro. A ordem dos fatores não é o caso. O ocaso é o melhor refúgio, o acaso o maior momento, o memento a pior leitura, o leito o grande vagar, devagar voga vacância, vocação vige sabença, sabedor conhece o rumo, rumores concebem os fatos, feitos pré-concebidos, fitos desviados, desvãos entulhados, atalhos negados, negaceio enviesado, regateio fracassado, fracasso reconhecido, reconhecimento tardio, antes nunca do que tarde demais. Nunca é muito cedo pra chegar, sempre há um enredo novo pra ensaiar, uma porta pra sair, uma saída pra escapar, uma escapatória para justificar, uma justiça para tardar, uma tarde antes do escurecer. É claro que falo sério. Seria sábio não saber o que aprendi, apreender o que soltei, sortear as vestimentas, investir na bolsa, atravessar na balsa, embalsamar o corpo, emborcar o copo, corporificar a imagem, imaginar coisas, coisificar a verdade, ver de longe o próximo chegar mais perto, o esperto perder a pose, a posse reintegrada, a íntegra conhecida, o conhecido ignorado, a ignomínia perdoada, o perdulário contido, a contrição evocada, evocação invocada, inovação descartada, descartes equivocados, equívocos evitáveis, evisceração vital, vitrais partidos, repartições parciais, imparciais decisões, decisiva concessão, concepção correta, incorreção desfeita, desfaçatez refeita, refeição indigesta. Não tenho mais palavras para jogar. Passo.

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