segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Manual de cultural inútil

RÓTULOS ROTOS

A embalagem já não retém o prazo de validade, os ratos retomam o ritual da roedura, os retos reclamam contra a corrupção, os ricos não arriscam nas aplicações, as explicações não convencem, as convenções não se cumprem, os comprimentos não correspondem, aos cumprimentos não respondem, os responsáveis não dão conta, as contas não batem, os abatimentos não satisfazem, as insatisfações se generalizam, os genéricos estão mais caros, os claros não esclarecem, o clero não controla, o cloro não purifica, os puros também pecam, o pouco também satisfaz, o louco também se compraz, o rouco também grita, a gritaria é geral, a pontaria é fatal, a putaria é normal, a alegoria é virtual, a virtude é natural, a natureza é mortal, a mortalha está na moda, o molde perdeu a forma, a forma perdeu o pé, o pealo perdeu o potro, o pote vazou a água, o aguaçal desabrigou, o manual desobrigou, desodorizou o creme, o crime prescreveu, a crise recrudesceu, a crase permaneceu, desvaneceu a virtude, ver tudo virou mania, tubo virou manilha, família já não é tudo, tudo ou nada quanto faz, faz-de-conta é pra valer, vale-tudo é relativo, o pecado é permissivo, o recado é taxativo, a taxação é proibitiva, o proibido é desafio, o ruído é desafino, o prurido é desabafo, o indivíduo é desabrido, o desabrigo é prisão, a pressão é regulada, a opressão é recomendada, a depressão é nivelada, a novela é real, a realidade é cruel, a crueldade é poder, pode menos pede mais, pés demais pra pouco chão, poucos são para a tarefa, nenhum são para cobaia, muitas mãos para pegar, muito fogo pra apagar, jogo para perder, jugo pra submeter, refugo para descartar, descarte pra reciclar, desastre para evitar. O sapato era grande e não coube no pé da Cinderela.

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