domingo, 20 de dezembro de 2009

Mutilação do Parque dos Poderes

Quando André Puccinelli era prefeito de Campo Grande teve que interromper o Complexo Bandeira, uma de suas obras mais importantes, porque esbarrou na intransigência de Universidade Federal de Mato Grosso do Sul que, com o apoio da sociedade, não permitia invasão de sua área de preservação. E a dra. Célia Maria era uma das militantes mais ativas do movimento. Resultado: a obra seria retomada somente na administração do Nelsinho que teve que encarece-la, contornando o território da UFMS. Preservar é palavra de ordem na universidade federal, mas somente às suas reservas. Pelo menos é o que ficou bem claro na nítida intenção da ativista Célia Maria, atual reitora, que pretende conservar sua flora, detonando a mais importante reserva de preservação permanente da capital: o Parque dos Poderes. Ela está querendo 20.000 metros quadrados ao lado da Assembléia Legislativa para instalar uma entidade que nada tem a ver com a administração pública, objetivo do local: uma faculdade de Direito. E sabe a quem a reitora encaminhou o seu pedido? Ao governador André Puccinelli, exatamente a pessoa que teve o seu projeto predatório defenestrado pela universidade, quando este era prefeito. Não se sabe se para confirmar sua reputação de repulsa as sedições organizadas contra atos imediatistas ou se para dizer NÃO com formal delicadeza, o governador, ao apagar das luzes da sessão legislativa de 2009, encaminhou à Assembléia Legislativa projeto de lei de cessão da área solicitada pela magnífica reitora. A mensagem do governador, como era de se esperar, caiu como uma bomba no plenário. Indignação entre os líderes de oposição e situação e entre os parlamentares de todos os partidos, ainda não refeitos do trauma de dois projetos igualmente polêmicos: o do Zoneamento Econômico, que incorpora áreas da bacia do Paraguai ao plantio de cana de açucar e o da pesca predatória que autoriza o uso de anzol de galho, joão-bobo, redes e tarrafas nos rios do Mato Grosso do Sul. O projeto ficou para o ano que vem, juntamente com o da pesca profissional que não conseguiu escapar de uma manobra obstrucionista do deputado Paulo Duarte do PT. Não se sabe quais as verdadeiras intenções do governador quanto ao pleito da universidade, mas haverá tempo suficiente às organizações ambientais planejarem uma reação determinante, através de mobilização para respaldar a disposição atual dos deputados em não permitir a aprovação do projeto de mutilação do pulmão de Campo Grande. A UFMS que construa sua faculdade de Direito e outras a que tem direito, em seu próprio espaço territorial. E deixe o Parque dos Poderes em paz.

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