sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Manual de cultura inútil

Criatura e criadores

Neste início de ano, por simples curiosidade, decidi, improvisadamente, fazer um balanço das primeiras invenções da humanidade. São obras inacessíveis aos seres viventes e até hoje inigualadas por suas peculiaridades. Invenções atribuídas a Deus, nosso maior criador e ao diabo, seu primeiro desafiador. A primeira grande invenção foi o Paraíso, a mais almejada criação de Deus e a segunda, o inferno, atribuída ao diabo. Em seguida, Deus gerou a vida, o demônio ideou a morte, Deus a sorte o diabo o jogo de azar. Para produzir o mel, primeiro adoçante natural, o Pai imaginou a abelha. Para contrapor a criatividade divina, lúcifer liberou o terrível marimbondo. Como predador natural das pragas, inventadas pelo diabo, Deus criou a vespa. O diabo, numa demonstração de força que subsistiria a todas as eras, formulou a barata. Para matar a fome do mundo Deus imaginou a mandioca, para devorar a planta satã esculpiu a lagarta, que o Criador transformou em inefável borboleta. Na corrida, o Senhor fez surgir os trigais, satanás, cruel e sagaz, despejou na lavoura uma nuvem de gafanhotos. Para predar os insetos dos diabos o Pai inventou o sapo e a cobra. Medonho, o demônio retrucou com a tentadora serpente, que haveria de transformar o Éden numa verdadeira zona. Mas o Criador não desiste e concebe a saúde. Caim, com mordaz inventividade, inocula o vírus da AIDS. Deus soprou o vento para rodar o moinho e o diabo, endiabrado, bolou o redemoinho. Por fim, o diabo fez o homem e arrependeu-se, e Deus, em sua infinita bondade, o assumiu.

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