quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Ocorrências

BABELIZANDO O BOLO

Um novo dia acorda, a corda no pescoço arrocha, a trocha não leva a lugar nenhum, a tocha está apagada, o tacho está vazio, a vasilha está vazando, o vizinho está dormindo, o dormitório está deserto, o desertor não se entregou, a entrega não chegou, a chegança já partiu, a partilha é parcial, o parceiro não é fiel, os fieis não vão à missa, as miçangas não ataviam, o atavismo já não regride, o ativismo não recrudesce, o recruta desobedece, a desobediência é suportável, o suporte não sustenta, o sustento não provém, a prova não reprova, o reprovado está remido, o remisso está com pressa, o preço foi ajustado, o reajuste não está previsto, a previsão é de chuva e trovoada, o trovador enfia a viola no saco, o sacolejo ordena a carga, o cargo é inferior, o superior está superado, o superávit é superável, os separados se juntaram, a junta foi derrubada, a janta está requentada, o requinte não refina, o refile não apara, as aparas não reciclam, o recinto não comporta, as comportas estão abertas, as compotas azedaram, o azeite não temperou o prato, a derrama não isentou o pobre, o derrame paralisou a face, o facínora continua solto, o salto perdeu a distância, o distante está ainda mais longe, o longevo não sabe a idade, a edacidade não mata a fome, a fama não faz a cama, a coma não faz sombra, o coma não assombra, a assombração não intimida, a intimidade não é privada, a privação é permitida, a permissão é vedada, a vedete envelheceu, o envilecimento prosperou, a prosperidade caiu e subiu a cotação do dólar. Dolente dobrou o sino. Sinal de que a noite vai acordar.

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