sábado, 5 de janeiro de 2008

Dependências

SEMEANDO SONHOS

Se não conseguimos nos livrar de nossos pesadelos, procuremos amanhar nossos sonhos. O homem moderno não tem tempo para devaneios. A poesia está cada vez mais distante do dia-a-dia, a algumas estrofes da demência e a poucos versos da exclusão intelectual. Estamos ocupados com nossas máquinas, maquinações, maquiagens e maquetes, absorto nas estatísticas, estatuído nos decretos, decrescido nos juros, jurado de morte, mortificado pelo stress, estreante ou veterano, vertebrado ou sem coluna, colunável ou trivial, tribal e globalizado, glosado e emendado, arremedado e remendado, remidos e condenados, perdidos e achados, achatados e redondos, arredondado ou fracionado, friccionado ou acendido, cedido e retomado, retorcido e alinhado, alinhavado e costurado, construindo ou demolido, démodé ou futurado, à vista e faturado, fraturado ou restaurado, restrito e ampliado, escrito e improvisado, previsto e acidental, ocidental ou sulista, solista e conjunto, conjectura e conjunção, convencionado e inopinado, convencido ou indeciso, convertido ou indiferente, indigente e incluído, exclusivo ou liberado, liderado ou condutor, condizente e dissonante, sonante e sombrio, sombreado e evidente, vidente e vulgar, devagar e depressa, depressivo e salutar, seletivo ou genérico, general ou recruta, o curta e o longa, longe ou perto, desperto e dormente, lento ou esperto, certo e errado, irado ou sereno, solene e simplório, simplificado ou complexo, com pressa e devagar, divagando ou ajustando, ajudando e atrapalhando, atrapalhado ou programado, progressivo ou decadente, decampado e exposto, disposto ou entediante, entendido e estranhado, entranhado e eviscerado, evitado ou predileto, preditivo e inesperado, inesculpável e relevado. Nem todo sonho é um pesadelo.

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