sábado, 3 de novembro de 2007

Complexo

FIM DE LINHA

Se você tem uma saída para o beco, uma beca para a festa, um bico para piar, uma boca pra beijar, um bocó para enganar, uma cumbuca pra meter a mão, uma mãozinha pra dar, um dedo para apontar, um dado para arriscar, um risco para correr, um corrimão para amparar, uma arma para disparar, um disparate a cometer, um boato a comentar, uma comenda a preencher, um preço a pechinchar, uma pechincha a dispensar, uma despensa a prover, uma prova a superar, uma super ação a mostrar, uma pequena mostra do que é capaz de fazer sem saber, faça-o na calada da noite. A noite é uma criança que vê tudo às escuras, tudo que não mata cura, mesmo a mezinha mais cara ou a lua mais clara, a velhinha mais preclara, vale a pena a escuridão. Que seria da luz ao final do túnel não fosse a escuridão? Se você tem um atalho seguro para a próxima curva, tome-o como se tivesse sorvendo um bom vinho. Hoje os atalhos andam tão falhos, com tantas folhas em branco, que para ser franco, preferível é o caminho pisado, o peso pesado, o piso encerado, a pose ensaiada, o passo apressado, o preço ajustado, o apreço notado, o aprisco amparado, o amparo legal, o clorofórmio fecal, o sigilo fiscal, o singelo amor filial, a matriz de todos os matizes, a matança de todos os pássaros, os passos de todas as pernas, o esquivar-se de todas as pernadas, a penada do juiz, o giz dos riscos, o risco de pecar, a picada da cobra, a chifrada da cabra, a quebra da safra, a queda da bolsa, a bolsa ou a vida. E daí, encontrou a saída?

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