sábado, 13 de outubro de 2007

CAPÍTULO I

DE VOLTA

O mundo é uma novela. Uma novela é um novelo, na vala da paixão, no vale de lágrimas, na vila imaginária, da imagem milagrosa, do milagre suspeito, suspensos os padrões, padronizados os refrões, refreadas as paixões, rareados os limites, limitadas as convenções, convertidos os ateus, invertida a moral, moralizado o bacanal, o bacana desmoralizado e todos felizes dez anos depois no último capítulo. O fim da novela é sempre o começo de outra. Começa na segunda termina na sexta. Sábado repete o final. Domingo a tv capitula. Não tem capítulo nem recapitulação. No lugar da outra ficção tem o Gugu e o Faustão. Bom mesmo era o Show do Milhão. Afinal, a televisão é apenas um eletrodoméstico como qualquer outro ou é a maior invenção do planeta? O Gutemberg inventou a roda. O Lula inventou o avião. Teria sido o Roberto Marinho o inventor da televisão? Há quem jure que foi o Edir Macedo. Mais cedo ou mais tarde, a quebra do sigilo fiscal, bancário e moral há de indiciar o vilão da novela, acender uma vela no rastro do delito, deletar os arquivos, deleitar os carecidos, encarecer o retorno, encarar o embaraço, desembaraçar os braços, abraçar o princípio, abrandar o precipício, precipitar o sorriso. Que seria do pranto certo não fosse o riso aberto, fechado às aflições, recoberto de emoções e movido a pretensão? Por que o mundo é assim tão chato? Seria a forma achatada da terra, a guerra e seus heróis, a guelra do peixe-boi, o boi bandido, o boss banido, o pós pago, os prós impagáveis, os pré-datados, os bem dotados, os mais notados, a nota vermelha? Não coloco a mão fogo, não arrisco a fé no jogo, não rogo nem renego, paro pra manter a calma, rezo pra salvar a alma, faço tudo pelas palmas ao galã de duas caras. Você anda assistindo muita televisão ultimamente.

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