sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Réquiem para um poeta que não morreu

Dá-lhe Délio!

O sol fechou os olhos e foi dormir seu sono, acalentar seu sonho, sonhar sua vida eterna, eternizar seu som, somar as sumidades, sumir da realidade, realegrar a platéia, plantar a colheita, coletar os dados, dedilhar o pinho, apinhar memórias, memorar o sucesso, suceder o suscetível, sustentar o sustenido, sustar o susto, assustar o assunto, assuntar os assomos, assomar às sombras, sobrar a sanha, assanhar a sede, sediar a copa, compilar o cômputo, computar as putas, putear os patos, patinar no pátio, patuá na bolsa, no bolso o maço, no moço a massa, na missa a miçanga, na micção as toxinas, na missão as doutrinas, na moção o pesar, no pesadelo o temor, no tremor o arrepio, na arrepia o bailado, no bailéu o falatório, no oratório a prece, na pressa a perfeição, na perfeitação o brilho, no embrulho o embaraço, no baraço o castigo, no perigo a razão, na ração o sustento, no tento a derrota, no vento o destino, no desatino o caminho, no carinho o deleite, no leite o apetite, no palpite o engano, no esgano a saída, na partida a chegada, na estrada o retorno, no returno as finais, nos fanais o seguro, no escuro os sentidos, no sentimento a traição, na tração o movimento, no momento o improviso, no imprevisto a suspeição, na suspensão a disciplina, na disciplina o saber, no sabor o bom gosto, no desgosto o desgaste, no desbaste o apuro, no puro a beleza, da certeza a dúvida, da dádiva a divindade, da vontade o querer, na querência o coração, na caução o fio de bigode, do pagode a poeira. O sol se pôs, mas sua música vai ficar dançando o rasqueado e o chamamé até a lua raiar.

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