quarta-feira, 9 de abril de 2008

Recompensas

VASCULHANDO O VÁCUO

O mundo está mesmo às avessas, a pressa é amiga da perfeição, a preterição indica preferência, a reverência é deboche, o fantoche manipula os fios, o frio aquece o cobertor, o protetor busca amparo, o caro é o grande barato, o prato vazio alimenta, a pimenta não arde, a tarde não cai, o pai obedece ao filho, o trilho corre sobre o vagão, o pão não mata a fome, o nome impõe respeito, o preito é de ingratidão, a canção fala de amor, a flor está desabrochando, o mando é da maioria, a alegria é de funeral, o carnaval é sem serpentina, a margarina é animal, o vegetal é carne e osso, o poço está seco, o beco tem saídas, as idas são sem volta, as portas estão fechadas, as fachadas são sombrias, as folias são sem reis, três mais três são sete, valete é maior que ás, capataz virou patrão, poltrão ficou valente, volante desgovernado, modelado grotesco, picaresco dedicado, delicado embruteceu, ateu acreditou, creditou o agiota, idiota ficou rico, maçarico perde a chama, lama limpa, grimpa abaixa, graxa não lubrifica, frutifica a adversidade, a diversidade é semelhante, a semente é estéril, o stereo é monofônico, o harmônico desafina, o sovina abriu a mão, o ladrão mudou de vida, a ferida não cicatriza, a camisa já não sua, a lua não inspira, a ira não enfurece, enrijece o maleável, ponderável não reflete, marinete não circula, a firula é convincente, o convergente discorda, a corda não enforca, a orca não preda, a pedra amoleceu, cedeu o rigor da lei, o rei reviu a coroa, a canoa desvirou, desvairou o moderado, o planejado não deu certo, o deserto submergiu, sucumbiu a ciência, a anuência desvaleu, faleceu o imortal, o jornal desmentiu, retorquiu o omisso, o compromisso falhou, falou o mudo, tudo é nada, fada é bruxa. Pensando bem, está bem melhor assim de cabeça pra baixo.

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